Star Wars – Estrelas Perdidas, de Claudia Gray

Star Wars – Estrelas Perdidas, de Claudia Gray

Das dezenas de livros lançados no último ano sobre Star Wars, apenas dois foram escritos por mulheres: “A Princesa, o Cafajeste e o Garoto da Fazenda”, pela jovem Alexandra Bracken e Estelas Perdidas, por Claudia Gray – pseudônimo de Amy Vincent, autora de diversas séries de livros (Evernight, Spellcaster, Firebird) de ficção juvenil. Ambos saíram por aqui pelo Editora Seguinte.

Antes de qualquer crítica, é preciso ter em mente o seguinte: Claudia Gray escreve ficção juvenil e Seguinte é “o selo jovem da Companhia das Letras”. Portanto, não devemos exigir do livro certa profundidade ou características presentes em obras voltadas para o público adulto. É preciso analisar a obra dentro de seu contexto. Estrelas Perdidas faz parte de uma série de livros juvenis lançados pela editora, que contam as histórias dos filmes de Star Wars sob diferentes pontos de vista. Vamos às informações:

“UM LIVRO INDISPENSÁVEL PARA TODOS OS FÃS DE STAR WARS – E PARA TODOS OS APRECIADORES DE UMA BOA HISTÓRIA

Cinena Ree e Thane Kyrell se conheceram na infância e cresceram com o mesmo sonho: pilotar as naves do Império, cujo poder sobre a galáxia aumentava a cada dia. Durante a adolescência, sua amizade se transforma em algo mais, porém suas diferenças políticas afastam seus caminhos: Thane se junta à Aliança Rebelde e Ciena permanece leal ao Imperador. Agora em lados opostos na guerra, será que eles vão conseguir ficar juntos?

Através dos pontos de vista de Ciena e Thane, você acompanhará os principais acontecimentos desde o surgimento da Rebelião até a queda do Império – com as batalhas de Yavin, Hoth e Endor – de um jeito absolutamente original e envolvente. O livro relata, ainda, eventos inéditos que se passam depois do episódio VI, O Retorno de Jedi, e traz pistas sobre o episódio VII, O Despertar da Força.”

Acompanhamos os protagonistas desde quando se conhecem, ainda crianças, até muitos anos depois, quando ocorre a queda do Império enquanto cada um lutava de um lado na guerra. O ponto alto do livro é a narração de todos os eventos da trilogia clássica sobre outros pontos de vista: de um rebelde (Thane) e de uma Oficial do Império (Ciena).

Algo interessante no livro de Claudia Gray é a maior presença de mulheres, tanto na Aliança Rebelde quanto no Império, coisa que não vemos tanto nos filmes anteriores e que o novo, “O Despertar da Força”, tratou de arrumar. Luke Skywalker é mencionado uma ou duas vezes, mas a atenção maior é para Leia Organa.

Thane, filho de pais ricos, mas sem afeto, vê no Império uma chance de ser bem-sucedido e se distanciar da família abusiva. Já Ciena, filha de trabalhadores pobres, enxerga no Império algo magnífico e puro, pelo qual vale a pena servir e lutar, se necessário, até a morte. Acompanhamos os dois em seus treinamentos até a formatura e sua designação. Com o tempo, Thane vê as atrocidades cometidas em nome do Império e se torna um rebelde, mas Ciena se recusa a acreditar, mesmo depois de presenciar a Estrela da Morte varrer Alderaan do mapa. E assim o livro segue, mostrando conflito entre o Império e a Aliança Rebelde como pano de fundo para o conflito entre Thane e Ciena.

Vamos falar um pouco sobre Ciena: a garota é exímia pilota e cumpre todas as ordens de seus superiores com louvor. Devido ao seu senso de honra extremo, ela nunca ousa questionar o Império, mesmo quando sente a maldade emanada de Palpatine e Vader ou vê a destruição causada pela galáxia. Desertar nunca é uma opção, por mais que ela se sinta incomodada. O livro equilibra esse conflito com seu amor por Thane. Como amar um Rebelde? Se os dois se encontrarem em uma batalha, ela deverá mata-lo. Mas como fazer isso? Como escolher entre seu amor por um homem e seu dever com o Império?

É aí que o livro dá umas derrapadas: alguns clichês romanescos são tão pueris que chegam a ser engraçados. No entanto, é necessário nessa hora lembrar o público alvo da obra. Assim, é algo aceitável. Porém, em nenhum momento nossa protagonista decide largar tudo para correr para os braços do homem que ama. Por mais que o Império fosse errado, ela continua ali porque quer e acha que é seu dever, dá mais importância ao seu trabalho e vida do que a um relacionamento amoroso.

As outras mulheres retratadas no livro nunca são apenas enfeites ou adotam clichês de gênero: são capitãs de naves, oficiais do Império e pilotas da Aliança Rebelde, só para citar algumas. A escrita de Claudia Gray é fluida e concisa. As 450 páginas passam rapidamente e os capítulos curtos, 28 ao total, facilitam a leitura. Temos batalhas espaciais, momentos de tensão muito bem elaborados e um final épico, cinematográfico.

O livro leva um selo na capa: “Jornada para Star Wars, O Despertar Da Força” e também promete dicas sobre o rumo do novo filme na contracapa. Porém, não é bem o que acontece. A única “dica” é que, no fim, o Império – mesmo derrotado – ainda tenta se restabelecer. Mas isso não é lá uma grande revelação. A ligação com O Despertar da Força foi mais um caça-níquel mesmo.

Conclusão

É um livro que deve agradar (muito) adolescentes. Um ótimo modo de adentrar no mundo da literatura e de Star Wars. Apesar de ter como fio condutor um relacionamento amoroso e ter certos momentos constrangedoramente melosos, é uma boa leitura e deve também agradar, afinal, quem já passou da fase juvenil.

Sobre ficção científica além dos clássicos e ficção científica juvenil, indico esse ótimo texto da escritora Lady Sybylla, que você pode ler acessando esse link.

Claudia Gray promete um novo romance de Star Wars para 2016.


Estrelas Perdidas

Ano: 2015

Editora Seguinte

Páginas: 450

Onde comprar: Amazon

Escrito por:

260 Textos

Fundadora e editora do Delirium Nerd. Apaixonada por gatos, cinema do oriente médio, quadrinhos e animações japonesas.
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