Histórias de Robôs – Vol.1 (resenha)

Histórias de Robôs – Vol.1 (resenha)

 

“Histórias de Robôs” é o meu segundo encontro com Asimov. Já li “O Fim da Eternidade” – que se tornou um dos meus livros prediletos. Voltar a ler ficção científica e mais, voltar a ler Asimov, era mais do que necessário para mim depois de um longo período de “vacas magras” pelo qual passei no tocante à leitura prazerosa – não que estudar Direito não o seja, mas esta não é a questão.

Comprei a coleção “Histórias de Robôs” há um bom tempo. Assim que soube de sua existência fiquei obcecada em conseguir os três volumes que na época estavam esgotados em várias livrarias e depois de muita procura, finalmente consegui comprá-los. Porém, como muitos outros livros que comprei por puro “olho grande”, eles ficaram lá na minha estante por um bom tempo até que, aqui estamos nós.

A coleção “Histórias de Robôs” é uma antologia de contos e novelas de ficção científica cuidadosamente selecionados por ninguém menos que Isaac Asimov e lançada aqui no Brasil pela L&PM Pocket.

Algo bem interessante que a coleção traz – e que não é uma característica forte da editora, ao menos não nos livros do Lovecraft – é que antes de cada conto/novela, há um contexto histórico com notas MUITO interessantes, citando, inclusive, se o conto deu origem a algum filme. Essa característica da coleção a torna mais atrativa por dois motivos: o primeiro é que, quem gosta de ficção científica vai adorar saber essas “curiosidades” e o segundo é que quem ainda está engatinhando nesse gênero ou que quer começar, pode achar ali um bom guia para este universo tão fascinante.

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Para facilitar a compreensão, vou colocar o sumário aqui:

Prefácio: Os robôs, os computadores e o medo – Isaac Asimov

1.Antes da Era Eletrônica: Um robô do século 19

O Feitiço e o feiticeiro – Ambrose Bierce

2.As primeiras Histórias de Robôs

A máquina perdida – John Wyndham

Rex – Herl vicent

Robbie – Isaac Asimov

3.Os Mitos da Criação

Adeus ao mestre – Harry Bates

4.A Evolução da Inteligência

A volta do robô – Robert Moore Williams

Mesmo que os sonhadores morram – Lester Del Rey

Satisfação – A.E. Van Vogt


Sobre o prefácio, vou me limitar a dizer que as questões levantadas por Asimov sobre a “tecnofobia” e o avanço tecnológico são magníficas, como é de se esperar de algo vindo dele. E é só isso que consigo dizer sem soltar spoiler ou pensar em discussões mais aprofundadas e sociológicas sobre o tema. Juro que assim que lerem conseguirão me entender, ou não.

Quando pensei neste post, quis escrevê-lo nos mesmos moldes do “Desfile da Extinção”, falando um pouco sobre a minha impressão de cada conto, mas a falta de tempo foi a grande vilã dessa vez e isso não foi possível.

Diante disso, vou me limitar a tecer breves comentários sobre alguns contos que acabaram, na minha opinião, se destacando mais que os outros.

O capítulo “As primeiras Histórias de Robôs” contém aquele tipo de história no qual os robôs, de certa forma, se assemelham aos humanos. À exceção do conto do Herl Vicent, os robôs são de certa forma “inofensivos” e acho que nem preciso explicar porque o Asimov – o criador das 3 Leis da Robótica, se enquadra aqui. “A máquina perdida” e “Rex” chamam a atenção porque quanto mais os seus robôs possuem características que classificamos como humanas, mais estes estão passíveis de possuir os nossos “defeitos” e este é um ponto marcante em ambos os contos.

“Adeus ao mestre” foi um conto que me envolveu demais na leitura por conta do seu tom de suspense e mistério. No final, seu desfecho me fez pensar muito naquela frase do Carl Sagan: “O que é mais assustador? A ideia de extraterrestres em mundos estranhos, ou a ideia de que, em todo este imenso universo, nós estamos sozinhos?”. Não no sentido literal da mesma, claro, já que no conto somos visitados por uma raça extraterrestre, mas no fato de que, nada sabemos sobre a história do Universo e em contrapartida podem haver seres que, talvez, saibam muito sobre nós (e nos desprezam, provavelmente).

“A volta do robô” e “mesmo que os sonhadores morram” são dois contos que se entrelaçam. Isto porque, o segundo foi escrito como forma de “pré-continuação” do primeiro. Ocorre que Lester Del Rey, depois de ler o conto do Williams, ficou fascinado pelo mesmo e achou que o autor deveria escrever sobre os eventos anteriores ao conto e recebeu como resposta de Robert Moore Williams que ele mesmo deveria escrever, e foi o que aconteceu. Só para não ficar algo super abstrato, no conto do Williams, temos uma civilização só de robôs tentando encontrar as suas origens pelo Universo. Isso mesmo, uma civilização de robôs. E se sua tecnofobia atacou, eu aconselho a ler os contos e entender o contexto fantástico de ambos.

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Se vale de estímulo, posso dizer que esses dois contos me fizeram lembrar muito de “Battlestar Galactica”. E digo mais, pra mim, alguém se inspirou fortemente neles pra fazer a série. Qualquer outra hipótese é inaceitável, pois há alguns detalhes que são muito verossímeis entre a série e o conto. Claro que no plano maior, as histórias são diferentes, mas acho que alguém neste vasto planeta azul deve concordar com a minha teoria.

Em suma, o volume I dessa coleção me agradou muito e em breve vou devorar o vol II e tecer mais teorias, é claro.


Texto originalmente postado aqui.

Escrito por:

51 Textos

Feminista e membra da União de Mulheres de São Paulo, onde é coordenadora adjunta do Curso de Promotoras Legais Populares, projeto voltado para a educação popular e feminista em direitos. É viciada em Lego, apaixonada por ficção científica/terror/horror, apocalipse zumbi e possui sérios problemas em procrastinar vendo gif’s e não lembrar o nome das pessoas. No mundo real é advogada.
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