“A Bruxa” e as dicas de como não se comportar no cinema

“A Bruxa” e as dicas de como não se comportar no cinema

 

Eu já tinha lido recomendações para evitar ir ao cinema assistir o tão esperado A Bruxa, mas a expectativa foi tão alta que eu ignorei todas elas. E isso me fez sair da sessão um pouco revoltada.

*NÃO CONTÉM SPOILER*

O problema não foi o filme. Definitivamente. O problema foram as pessoas ao meu redor. Havia meses que eu não pegava uma sala de cinema lotada, e nem sabia mais qual era essa sensação. Mas o que aconteceu foi o mesmo que em tantas outras sessões de filme de terror/horror que fui.

Não sei se por falta de afinidade ao gênero, ou por uma mera tentativa de espantar o incômodo causado, mas muitos espectadores simplesmente não paravam de falar. Eram comentários desnecessários, piadinhas, e risadas. Muitas risadas. E até agora eu não entendo o motivo, porque não há nada de engraçado. Nem mesmo para alívio cômico.

E isso me leva ao seguinte aviso: se é fã de filmes recheado de jumpscare, com tudo muito bem explicadinho por um personagem “profissional” em entidades malignas, esse provavelmente não é um filme que vá te agradar. E se mesmo assim, você for ao cinema assistir, POR FAVOR, não atrapalhe a sessão das outras pessoas!

Mas vamos ao que realmente interessa: o filme. Dirigido por Robert Eggers, A Bruxa ambientaliza-se na Nova Inglaterra em 1630, e conta a história de uma família cristã composta por um casal e seus cinco filhos após a expulsão da vila em que moravam.

Eles se instalam à beira de uma floresta, em um ambiente deserto que não parece ajudar. A colheita vai mal, e o clima fica ainda pior quando Samuel – o filho recém nascido – some em um piscar de olhos.

A partir de então vamos sendo guiados por uma crescente tensão que cerca a família, em uma atmosfera rodeada de desconfiança e hostilidade.

Os personagens e suas características retratam muito bem o contexto em que estão inseridos, principalmente no quesito religiosidade. As atuações chamam a atenção, e Harvey Scrimshaw (que interpreta o jovem Caleb) me parece ter uma carreira promissora. E vale ainda ressaltar que não são só pessoas que vive esse elenco. O bode Black Phillip, o coelho, e principalmente a floresta nos envolvem tanto quanto os personagens, ou ainda mais.

Um fator que me agradou e muito, foi o fato das cenas não serem feitas para assustar. Elas chocam com toda crueza, ao ponto de te fazer ficar pensando sobre mesmo um bom tempo depois de assisti-las.

Posso dizer que grande parte do sobrenatural do filme está em cenas “mudas”. É tudo muito exposto, e poucas coisas são explicadas de maneira dialogada. E o que cobre essa ausência de falas, é uma trilha sonora extremamente angustiante. Mas apesar de perturbadora, e que crie um certo receio do que está por vir, você simplesmente não consegue parar de prestar atenção.

Na cena final ainda tive uma reflexãozinha inevitável sobre o absurdo que eram as acusações de bruxaria em meados do século XVII. Por mais que este não tenha sido aparentemente um objetivo do filme, foi difícil não pensar quando um dos personagens cita o que define uma bruxa (não vou dizer quem, pra quem e quais as palavras para não dar spoiler).

Eu mentiria se dissesse que A Bruxa correspondeu as minhas expectativas. Porque eu definitivamente não achava que fosse tudo isso, e estava até com medo de me decepcionar. O filme me surpreendeu de uma forma muito positiva e aguardo ansiosamente outras produções que consigam seguir o mesmo caminho e causem as mesmas sensações.

Se você, assim como eu, estava de saco cheio dessas produções de terror que mais pareciam comédia, este é um filme que te encherá de esperanças para o gênero. Mas se você é do tipo que exalta os “Atividades Paranormais” da vida, há outros filmes em cartaz para conferir.

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No link a seguir, 17 características que poderiam te indiciar como praticante de bruxaria.

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“O senhor não imagina bem que eterna variação de gênio é aquela moça. Há dias em que se levanta meiga e alegre, outros em que toda ela é irritação e melancolia.” (Ressurreição, Machado de Assis). 20 anos, estudante de Engenharia e que prefere passar o dia vendo filmes do que com a maioria das pessoas.
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