[LITERATURA] Mulheres autoras de sci-fi 3: Margaret Cavendish

BK13636_HRO meu primeiro encontro com essa mulher aqui se deu através dos quadrinhos. Explico: Alan Moore, autor consagrado, faz uma referência a um certo universo paralelo que me deixou muito curiosa enquanto eu lia “A Liga Extraordinária”. Como sou a louca das referências, fui atrás e encontrei, lá no século XVII o que dizem ser a primeira e única proto-sci-fi escrita por uma mulher até onde se tem notícia na literatura.

Gosto de dar ênfase a isso porque ouço muita gente falar que as mulheres na literatura de sci-fi são uma coisa recente (sendo que normalmente quem diz isso ignora por exemplo que a Mary Shelley escreveu “Frankenstein” há séculos haha) e para desmentir, eu mostro aqui que estávamos na gênese do estilo como expoentes importantes e influenciadoras de tendências. A-há!

Pois bem, a Duquesa de Newcastle -como Margaret também era conhecida- era uma aristocrata que se metia a fazer tudo o que diziam a ela que era coisa mais direcionada a homens em sua época. Desobedecendo a regra, ela entrincheirou pelo caminho da filosofia, poesia e prosa, sendo uma escritora muito talentosa e mais ainda: foi cientista. Diversos de seus documentos falam sobre a ciência moderna e sobre a filosofia experimental. Ela entrou em embates críticos com grandes filósofos que pensavam a origem do Estado e tudo mais. Audaciosa, ela se negava a assinar o nome dela escondido por trás de um nome masculino, como muitas escritoras eram obrigadas a fazer para conseguirem ser publicadas. cavendish

Em sua ficção “The Blazing World”, ela cria um mundo onde ela mesma é a imperatriz. Ela se coloca no livro como a rainha de um reino além da nossa dimensão, que pode ser acessado pelo Pólo Norte com muitas criaturas fantásticas, submarinos e tecnologias desconhecidas. Além disso, ela chega a discorrer sobre poder, filosofia e gênero em diversas passagens, antes mesmo de haver uma vertente forte de literatura feminista ou espaço para que as mulheres discutissem isso.

Infelizmente eu não achei, dessa vez, um linkzinho com o livro traduzido (temo que não haja tradução), mas vale a indicação, né?

Fica mais essa inspiração pra gente.

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10 Textos

Alguns vinte e poucos anos usados pra fazer Cinema e Ciências Sociais. Comunista e híbrida de humana e bicho-preguiça. No mais, tenho uma Delírio tatuada no braço. Acho que isso já explica muita coisa.
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