Você já conhece “Miraculous Ladybug”?

Você já conhece “Miraculous Ladybug”?

Logo nos primeiros episódios de Miraculous Ladybug você já sente a vibe “Sailor Moon” da série. Não tem como não lembrar: garotas mágicas, mascotes fofos e vilões bizarros. Mas a série é muito mais que “mais um desenho de garotas mágicas”.

Miraculous Ladybug é uma animação multinacional, formada na parceria dos Estúdios Toei Animation, Zangtoon Animation, SAMG Animation, SK board e De Agostini. Além disso, tem o apoio da Bandai para a confecção de toyarts e brinquedos.

A série teve sua primeira exibição 1 de setembro de 2015, no canal coreano EBS (Education Broadcasting System), e chegou nas terras tupiniquins em 06 de março de 2016. A primeira temporada foi recentemente finalizada e já teve todos os seus 26 episódios exibidos no Brasil pelo canal Gloob (canal por assinatura). Nem precisa dizer que foi sucesso absoluto!

O produtor da série, Jeremy Zang, já avisou que a segunda e a terceira temporada está em produção. A segunda temporada deve ser lançada no final de julho ou início de setembro. 


Começando com os personagens

Primeira coisa que eu gostei da série é a protagonista é uma MESTIÇA!!! Marinette Dupain-Chang é uma franco-chinesa. Seus pais são donos de uma pâtisserie (nada mais francês!). A sua melhor amiga, Alya, aparenta ter a família do oriente médio. O Adrien é o típico menino rico francês. Seu melhor amigo tem descendência indiana. A turma da escola é bem diversificada, tendo asiático, ruivo, loiro, negro, baixo, magros, altos e gordos. Algo bem diferente da maioria do que aparece nos quadrinhos e animações de heróis ocidentais ou mesmo nas mídias asiáticas.

Cada personagem tem um estilo diferente e personalidade própria. Os personagens de apoio não compõe uma massa homogênea, são distintos, cada um com uma história que nos é revelada ao longo da série. São personagens densos, com sonhos e defeitos, o que atualmente é raro nas animações voltadas para o público infanto-juvenil.

E apesar de ser uma série de uma super-heroína, ela se passa boa parte na escola de Marinette, e assim conhecemos a turma dela. A antagonista da história, Chloe, é filha do prefeito e dono de uma rede hoteleira. Rica e mimada, tenta de tudo para atrapalhar a nossa protagonista, mas Marinette não cai no estereótipo da “donzela indefesa”.

Como Ladybug, Marinette encara os vilões com coragem e força. Apesar de Chat Noir ajudá-la, em nenhum momento ele rouba o protagonismo dela. Para se transformar em Ladybug, Marinette usa o poder dos brincos e de seu Kwami Tikki, e o mais legal é que ela não é em nenhum momento indefesa ou desprotegida. Ela é decidida, forte e muito esperta, mesmo passando por momentos de insegurança como qualquer adolescente.

Chat Noir, parceiro de Ladybug na luta contra o mal, é a identidade secreta de Adrien. Como Adrien, ele é contido, mas gentil e esforçado. Ele se transforma em Chat Noir com a ajuda de seu kwami Plagg e do anel que usa para fazer a transformação. Após a transformação, torna-se um rapaz sagaz, agitado e com uma incrível capacidade de ter tiradas sagazes e divertidas sobre as situações dignas de Peter Parker.

Agora vamos ao arqui-inimigo de Ladybug e Chat Noir: Hawk Moth (Le Papillon em francês). O vilão possui o poder de “akumatizar” pessoas com a ajuda de suas mariposas (akuma). Quando uma pessoa é akumatizada ela ganha uma nova aparência e superpoderes, assim como Ladybug e Chat Noir. As pessoas akumatizadas têm feridas em seus corações e por isso podem ser contaminadas pelos akumas e controladas por Hawk Moth. O maior desejo do vilão é conseguir os miraculous de Ladybug e Chat Noir (os brincos e o anel), que se usados pela mesma pessoa, são capazes de realizar qualquer desejo.


Os episódios

Os episódios foram feitos para serem lançados em qualquer ordem, sem que a percepção da história seja perdida. Foi uma decisão da emissora francesa Tfou. Assim, cada país lança os episódios numa ordem diferente. Em alguns blogs fizeram uma lista da ordem que deve ser a cronológica dos episódios.

No episódio Storm Weather, o plano de fundo é Marinette trabalhando como babá, tendo que contrabalançar suas responsabilidades com as de Ladybug e a vontade de acompanhar o ensaio fotográfico de Adrien. Para conseguir conciliar isso tudo, ela tem a ajuda de sua amiga Ayla, que não sabe que ela é a Ladybug. Cada episódio possui uma reflexão como “as vezes precisamos de ajuda” ou “não se deve julgar alguém sem conhecer bem a situação”, entre outros.

A história vai se desenvolvendo através das relações dos personagens. Cada episódio linkado a um personagem e mais uma informação da história. O que gostei bastante durante a história é o amadurecimento da relação entre Ladybug e Chat Noir. Há um respeito mútuo entre os dois poucas vezes vistos em animações ou quadrinhos quando a dupla é um casal. Quando Chat Noir pede para que eles revelem a identidade um para o outro, mas Ladybug pede que o segredo seja mantido, Chat Noir tem a oportunidade de segui-la e descobrir, mas ele respeita a decisão dela e vai embora. É um ato simples, mas quantas vezes não vemos esse tipo de pedido ser desrespeitado? Quanto filmes adolescentes voltados para mulheres ou garotas mostram o rapaz impondo sua vontade sobre a da protagonista?

Em um outro episódio que ocorre em um grande campeonato de videogames em Paris, Marinette é uma das competidoras e acaba vencendo. O episódio mostra que garotas podem ser (e são) excelentes jogadoras, sem aquele preconceito de gênero que “videogame é coisa de menino”. São esses episódios com mensagens sutis e definitivamente feminista que me fizeram amar esta animação.

A animação tem como público-alvo garotas entre 10 a 18 anos, mas tem atraído público bem diversificado, tanto mais novos quanto mais velhos. E tenho que admitir que a série tem uma grande quantidade de Easter eggs para a galera nascida na década de 1990. A série é bem cativante não importa a idade e gênero.

Madukken (golpe usado por Chat Noir para se defender do Evilgamer)

Controvérsia recorrente entre os fãs

Alguns garotos reclamaram que em alguns episódios o Chat Noir não tem utilidade ou quase não aparece. Bem, realmente isso acontece, mas o que deixa a entender é que esse jeito atrapalhado do Chat Noir é uma abertura para situações que podem acontecer na próxima temporada (alguns fãs acreditam que ele será akumatizado, mas por enquanto não passa de especulações ).

Minha opinião é que o foco da história é a Ladybug. A história é voltada para garotas e acho normal que em alguns episódios o Chat Noir não tenha destaque. Quantas animações, séries e quadrinhos voltadas para o público masculino têm suas personagens femininas atrapalhando o protagonista para o desenvolvimento da história, e não vemos os homens reclamando disso? Então acho interessante mostrar que só porque Chat Noir é um garoto, ele não tem que salvar o dia sempre. Mulheres podem (e devem) salvar o dia tanto quanto os homens. São animações como Ladybug que fazem as meninas se tornarem mulheres empoderadas.

Considerações finais

Completamente apaixonada pela Ladybug! É uma heroína que me faz me lembrar de quando eu tinha 14 anos e possuía minhas paixonites atrapalhadas; principalmente em como eu queria ser uma super-heroína. Ela é bem construída e divertida. A série é cativante e faz você torcer pelos personagens. Se você ainda não assistiu, vale a pena!

 

Escrito por:

14 Textos

Formada em museologia, mestranda em Preservação do Patrimônio Cultural. Ilustradora e quadrinista amadora. Amante de animação, quadrinhos, artes e cultura geek. Fã do CLAMP, Arakawa Hiromu e Neil Gailman. Esse aristas influenciaram seu gosto por fantasia e por querer entrar no mundo de quadrinho. Apaixonada por dragões, se possível teria um de estimação. Sonha em conseguir publicar suas história e viver delas.
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