“Rebellion”​ ​e​ ​as​ ​mulheres​ ​na​ ​revolução

“Rebellion”​ ​e​ ​as​ ​mulheres​ ​na​ ​revolução

Dirigida por Colin Teevan, Rebellion é uma minissérie da Netflix com apenas cinco episódios que foi lançada este ano. A minissérie destaca-se devido à narrativa da história de uma revolução ocorrer a partir do ponto de vista das mulheres, não tão comum nas obras, pois estamos acostumadas a conhecer relatos sobre guerras, revoluções e acontecimentos históricos apenas sob o ponto de vista dos homens.

O contexto histórico

A série se passa no período da Primeira Guerra Mundial, em 1916 especificamente, durante a Revolta da Páscoa, revolução pela independência da Irlanda do domínio britânico. Em 2016, completou 100 anos da sangrenta rebelião.

A revolta aconteceu durante a semana santa, entre os dias 24 e 30 de abril de 1916, e foi organizado pela Irmandade Republicana Irlandesa. Boa parte das ações se centraram em Dublin. Após seis dias de combate a revolta foi controlada, seus líderes e membros foram presos, condenados e executados.

Nas eleições de 1918 (última realizada para o parlamento britânico na Irlanda) muitos republicanos ganharam cadeiras no parlamento em Westminster, porém, em 1919, os membros dos Sinn Fein (movimento político dos mais antigos da Irlanda e que lutou na Revolta da Páscoa) que não morreram na revolta ou que não foram presos, convocaram o Primeiro Dáil (um congresso) e não assumiram seus assentos no Parlamento do Reino Unido. Se reuniram em Dublin, e neste mesmo dia deu-se início à Guerra da Independência da Irlanda, que durou de 1919 à 1921.

Sobre a série

A série é protagonizada por três mulheres: Elizabeth Butler (Charlie Murphy), May (Sarah Greene) e Frances O’Flaherty (Ruth Bradley). Cada uma delas tem vidas totalmente distintas e a revolução as afeta de formas diferentes.

Elizabeth é de uma família de burgueses que estão mais preocupados com sua posição na sociedade e em um bom casamento para Elizabeth, mas Liz, estudante de medicina, não tem interesse em se casar com Stephen (Paul Reid), que é do exército britânico, e sim em trabalhar e lutar no movimento pela república, mas tudo isso, claro, é feito clandestinamente, sua família nem desconfia. Liz nem sequer ama Stephen, ela na verdade se apaixonou por Jimmy Mahon (Brian Gleeson) que também participa do movimento pela república. Liz quer fazer a diferença, lutar pelos direitos civis das mulheres e pela independência de seu país e não somente casar e ter filhos.

May é uma jovem secretária do Castelo de Dublin e mantém uma relação com Charles Hammond (Tom Turner), que é inglês e casado, ou seja, May é sua amante, mas ela fantasia que Charles um dia abandonará sua esposa para ficar definitivamente com ela.

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Frances é professora, mas ajuda estudantes a fabricar bombas incendiárias caseiras e luta na revolução, mas ela ainda não é vista como os outros soldados pelo simples fato de ser mulher, pois eles acreditam que ela tem de ser protegida e não colocada para lutar como soldado da rebelião.

A história toda da série é contada sob o ponto de vista feminino, não somente através das três protagonistas, mas também por outras mulheres como:

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Peggy Mahon (Lydia McGuinness), seu marido é um soldado do Exército Britânico e seu cunhado é do movimento pela república, e ela mora no subúrbio com seus quatro filhos;

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Minnie Mahon (Jordanne Jones), filha de Peggy e que trabalha como lavadeira e prostituta sem sua família saber;

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Ingrid Webster (Sophie Robinson), que chega na Irlanda atrás de seu noivo no exato dia que a revolução inicia.

Rebellion Season 1
Dolly Butler (Michelle Failey), mãe de Elizabeth e Harry (Michael Ford-FitzGerald).

A minissérie apresentar a história sob o ponto de vista das mulheres é dos grandes atrativos e acertos, já que ainda não é tão comum obras que deem esse espaço e protagonismo para elas. Na série, vemos o tratamento hostil que elas recebem e que persistem até hoje, embora tenham havido melhorias.

Alguns pontos apresentados ainda são presentes nos dias atuais, como por exemplo: a mulher que é vista como frágil e que “precisa” ser protegida; a expectativa de que a mulher se satisfaça apenas com a vida de esposa, e por aí vai. As personagens mostradas na série não são frágeis, muito pelo contrário, cada uma busca força onde pode, já que cada uma delas vive em um contexto distinto, têm diferentes histórias e classes sociais, mas lutam todos os dias por seus objetivos, e isso as torna iguais.

Escrito por:

Formada em Rádio e TV, maratonista e viciada em séries, eterna amante de um bom filme, escreve desde quando só conseguia usar desenhos para contar suas histórias, apaixonada por “Titanic” e uma quase bailarina que aprendeu muita coreografia em clipe da MTV. Sonha em morar no Canadá, escrever um livro, ter filhos, ser doula e conseguir colocar suas séries em dia.
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