Mangakás Brasileiras: listinha com artistas independentes!

Mangakás Brasileiras: listinha com artistas independentes!

Ser quadrinista no Brasil é uma tarefa dura: editoras às vezes estão pouco interessadas no material, a população tem o hábito de achar que o que é daqui é ruim (com exceção das revistas da MSP) e fazer o material por conta e em boa qualidade sai mais caro do que o que muitos recebem em meses de trabalho. E ser mulher às vezes é pior ainda, afinal, o meio nerd frequentemente exige a carteirinha nerd/gamer das garotas. Por isso preparamos uma listinha com algumas mangakás brasileiras e estúdios que merecem reconhecimento por seu incrível trabalho!

Elas não são poucas e nem fracas e estão na batalha diária para produzir seus materiais de forma independente ou por plataformas como Tapastic ou Social Comics. Para o especial do Dia Internacional das Mulheres convidamos o público a conhecer duas obras e suas autoras, além de sugerir uma rápida olhada no trabalho de outras mulheres poderosas da indústria dos quadrinhos (seja por editoras, seja por meios “faça você mesmo”).

Fórmula do Sucesso

Mangakás Brasileiras Yummi Moony
Yumi Moony e os volumes de Sigma Pi, para matéria do G1

Alguma vez você deve ter rogado altas pragas no professor de química, aquela matéria toda cheia de formulas estranhas que você tentava aprender e nada entrava na sua cabeça, senão o H2O da água. Seria tão bom se tivesse algum quadrinho que, enquanto entretém , transmitisse lições interessantes e preciosas da matéria… Se você ainda está nessa fase terrível, se descabelando e adora um shoujo mangá, por que não dá uma chance a Sigma Pi, da autora de São Carlos Yumi Moony? E mesmo que não esteja, curiosidades químicas sempre são bem vindas!

Mangakás Brasileiras sigma pi
Página do capítulo 1

O mangá se ambienta em um colégio interno, com clubes iguais aos clubes de escolas japonesas. Os alunos obrigatoriamente devem estar em algum clube e nossa heroína, Bianca, acaba por cair de paraquedas no clube de química. Portanto, cada capítulo traz uma curiosidade sobre o universo da química. Como todo bom shoujo açucarado, Bianca acaba rodeada por belos rapazes, cada um com suas características, tendo o gentil (Benjamim), o ríspido (Henrique), o divertido (Colombo) e o protetor (Nestor).

Mangakás Brasileiras Sigma Pi
Volumes de Sigma Pi, foto do G1

Sinopse Oficial:

“Sigma Pi conta a história de Branca, uma garota recém transferida para um colégio interno tradicional da cidade. Porém, tem um detalhe: neste colégio todos os alunos são obrigados a frequentar um clube como parte de suas atividades extracurriculares, e a nossa protagonista acaba indo parar num clube de química, o Sigma Pi!

A partir daí, Branca começa a frequentar um laboratório de química e a aprender diversos experimentos, e ao mesmo tempo, convivendo com os demais membros do clube: o líder, Henrique, que parece não se simpatizar muito com ela; Benjamin, um garoto gentil e educado que sempre a ajuda (e parece nutrir algo a mais por Branca) e Colombo, o palhaço do clube, que vive cantando as garotas do colégio.

O mangá, além da trama principal, também mostra conceitos de química aplicados de uma forma divertida e mais lúdica, além de conciliar a química com o cotidiano, e mostrar que a química está em todo lugar!”

Mangakás Brasileiras Sigma Pi
(esq p. dir) Henrique, Bianca, Benjamin e Colombo

A autora é, além e uma talentosa artista, formada em química (Bacharelado e Mestrado) e atualmente cursa o doutorado, dando ainda mais embasamento à parte Mundo de Beakman do mangá. Seu autorretrato é de um polvo rosa (que muitas vezes fica sendo um easter egg nos volumes). Uma coisa interessante de se observar ao pegar os volumes desde o começo é ver como o traço e arte final foram evoluindo sem perder seu carisma. Há uma forte influência de grandes mangakás do gênero, como Arina Tanemura e CLAMP.

Sigma Pi, Leitura Online e Venda: http://www.sigmapi-project.com/

Sci-Fi e Romance… À moda da casa

O gênero Sci-fi foi iniciado pelas mãos de Mary Shelley há quase 200 anos, com Frankstein. De lá pra cá, pouco a pouco muitos homens se apossaram e até mesmo tiraram de circulação muitas autoras, mas hoje o cenário é diferente. Meninas são fãs e escrevem o gênero, como é o caso de Kari Esteves. S.P.Y Project não deixa nada a desejar aos fãs do gênero. A obra em si tem muitos anos e foi passando por diversas reformulações e atualmente se encontra em ativa produção, seguindo a evolução da artista ao longo anos como desenhista e roteirista. A obra também recebe bastante influência de RPGs.

Mangakás Brasileiras S.P.Y. Project
Karen Williams e Ricardo Watanabe, protagonistas de S.P.Y. Project

Nessa obra futurista, os heróis são Karen e Ricardo, que foram “combinados” (em resumo, casados) e devem completar uma missão. O problema é que cada um já tem um amor e não se suportam, mas a única forma de terem alguma chance de escaparem desse laço é terminarem logo o serviço. O problema é que uma trama maquiavélica está a espreita dos dois. Será que eles vão conseguir completar a missão e conseguir ficar com quem amam ou vão cair na armadilha da própria combinação? A arte recebe bastante influência tanto dos traços típicos do shonen como do shoujo: os corpos são bem definidos, mas sem apelação.

A autora Kari Esteves é de Boituva e é formada em artes, área em que atua como professora. Além de frequentemente deixar seus seguidores passando vontade com os quitutes que faz. 

Mangakás Brasileiras S.P.Y. Project
Será que a parceria vai render algo mais?

Sinopse Oficial:

“A essência do Ser Humano está se perdendo, e nós somos os culpados por isso. O fim é apenas uma questão de tempo. Guerras nucleares, poluição, o uso indevido dos recursos naturais de nosso planeta causariam uma provável extinção da Humanidade… Várias alternativas foram colocadas em prática para que os humanos não caíssem fadados ao que eles mesmos haviam causado. Porém, teríamos que pagar pelos erros cometidos contra nosso lar… E pagamos. O tempo passou desde então e as mudanças aconteceram, como previsto.

Estamos no ano 3216(século XXXIII). A Terra ainda não está em condições de receber vida humana como antes. Apenas pessoas com DNA suficientemente resistente poderiam viver e gerar uma nova raça humana para viver no planeta. Por isso, outros planetas foram colonizados, e agora a Terra está sendo restaurada pela misteriosa figura do Monopolizador, um governo totalitário que comanda o planeta.

Os humanos orgânicos, como passaram a ser chamados todos aqueles que eram gerados naturalmente, se tornaram raros entre os habitantes do planeta. Os sintéticos começaram a ser gerados em massa, e entre os humanos orgânicos passou a existir grupos revolucionários que querem dizimar o que o próprio ser humano criou. Foi pensando em deter quaisquer possibilidades de uma nova guerra que o Monopolizador criou o Projeto Espião.

É nesse mundo onde a tecnologia e a genética são assuntos corriqueiros, que Karen Williams vivia com seus pais. Ela seria uma garota normal, se o fato de ser 100% orgânica não a tornasse uma pessoa extremamente rara, especial. Seus pais, Ivan e Norma Williams, agentes a serviço da S.P.Y, e conhecidos como os melhores diplomatas do planeta, a tiveram e a criaram separada do mundo sintético que se desenvolveu. Ela viveu longe do contato com outras pessoas, fisicamente.

Mas tinha seus contatos na Rede, o que não a deixava se sentir tão só. Quando o Monopolizador ordenou que o casal fosse a uma missão da Cúpula em Nêmesis, uma colônia da Terra em outra galáxia, eles concluíram que era o momento de entregar a sua jovem filha uma missão importante. A missão que ela só poderá cumprir junto de seu tutor, Ricardo Ryu Watanabe, um jovem oficial cheio de mistérios a serem revelados durante a trama.”

Mangakás Brasileiras S.P.Y. Project
Capa do volume 1

Leitura Online: Social Comics
Volumes Físicos: S.P.Y. https://www.facebook.com/spyidcode/?ref=ts&fref=ts

Qualidade dos volumes, avaliação, contato com o leitor e vendas:

Ambas as obras são de miolo off-set e encadernação caseira com grampos. O acabamento para um trabalho 90% caseiro é muito bom. Sigma Pi tem capa de um papel mais grosso, é colorida e refilada. O miolo da parte de explicações de química é colorido, deixando para a obra em geral a tradicional arte preto e branco. Já S.P.Y. Project tem capa em couché colorido e miolo preto e branco, também refilado.

Desde o contato (que é direto com as autoras), pagamento e envio, todas dão bastante atenção e são extremamente gentis. O pagamento em geral é por depósito bancário; basta enviar o comprovante. Nos pacotes com vários volumes, em geral vem alguns agrados como postais, goodies e artes. Ambos com tratamento ao envio por parte do remetente muito cuidadosos, bem embrulhados e embalados.

Algumas outras autoras com publicações independentes:

Studio Seasons

Formado por Montserrat, Simone Beatriz e Sylvia Feer, costumeiramente chamado de “CLAMP Brasileiro”, pela coincidência com o grupo japonês em ser formado por mulheres. Com roteiro e artes primorosas, talvez sejam as mulheres quadrinistas mais famosas do país. Suas obras vão desde shoujo ao shonen, incluindo a adaptação para mangá da obra de Machado de Assis, Helena. Além disso são umas fofas e super atenciosas! São parceiras da NewPop na maioria das obras. O estúdio possui algumas obras independentes disponíveis para venda.
Loja: http://www.loja.studioseasons.com.br/

Futago Estúdio

Formado pelas gêmeas Soni e Shirubana, suas obras contém elementos de boys love. O traço de ambas se assemelham bastante. Não costumam estar sempre em foco na mídia, mas suas obras são muito divertidas. O Príncipe do Best Seller, de Soni, possui um divertidíssimo áudio drama e existe o desejo de transformar Vitral, de Shirubana, em anime. Na loja virtual é possível adquirir algumas de suas publicações independentes.
Loja: http://www.futagoestudio.com.br/loja/futago.html

Studio PBR

Encabeçado por Mariana Petróvna, o estúdio, além de produzir Ëruve (um mangá de fantasia medieval) também dá aulas! A Mariana é super talentosa e dedicada, com um senso de humor digno! Ëruve foi feito com ajuda no Cartase e logo estará à venda para o público em geral!
Site: https://studiopbr.wordpress.com/

A sugestão é que não somente conheçam o trabalho dessas meninas, mas procurem adquirir o material ou comprar comissions com elas (muitas frequentemente abrem ao longo do ano ou esporadicamente). Ajudem a valorizar não apenas o trabalho nacional, como o trabalho de garotas incríveis e talentosas! Não vão se arrepender.

Ação Nerd Feminista Lizzo

Nesta semana da mulher, de 1º a 8 de março, portais nerds feministas se juntaram em uma ação coletiva – Ação Nerd Feminista – para discutir temas pertinentes à data e à cultura pop, trazendo análises, resenhas, entrevistas e críticas que tragam novas e instigantes reflexões e visões. São eles: Collant Sem Decote, Delirium Nerd, Ideias em Roxo, Momentum Saga, Nó de Oito, Preta, Nerd & Burning Hell, Prosa Livre,  Psicologia&CulturaPop, Séries por Elas. #WeCanNerdIt

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