[MÚSICA] Tove Styrke: A outra “Tove” sueca

[MÚSICA] Tove Styrke: A outra “Tove” sueca

A música sueca, há anos (até décadas), está presente nas paradas musicais ao redor do mundo, incluindo no Brasil. São tantos artistas pop que a Suécia produz, entretanto, que muitos – embora bons – não são tão reconhecidos quanto outros, e é aí que se encontra Tove Styrke.

Tove Styrke, nome artístico de Tove Anna Linnéa Östman Styrke, é uma cantora e compositora sueca de 24 anos que, curiosamente, surgiu na cena musical já em 2009, ao participar do Swedish Idol (o American Idol sueco), onde conquistou o 3º lugar. Um ano após o programa, ela lançou seu álbum de estreia, intitulado Tove Styrke, seguindo com ele uma linha bem electropop dançante. Depois de uma pausa de quatro anos, ela lançou seu EP Borderline, seguido por Kiddo em 2015 e alcançando, com ele, um novo aspecto de sua carreira.

 Tove Styrke
Tove Styrke se preparando para a batalha em Borderline

É com seus dois últimos álbuns, contudo, que Tove Styrke consegue se afastar de comparações que possam fazer com sua “xará” mais famosa, Tove Lo. Analisando-as, porém, paralelamente, vemos que Styrke traz em suas músicas um pop que, apesar de ser talvez menos dançante, não perde suas características viciantes (típicas do gênero), tendo a vantagem de tratar de assunto corriqueiros com uma inteligência de rimas e metáforas singular. E é em Kiddo que ela consolida essa característica, também entregando um álbum de um feminismo tão intrínseco e inteligentemente apresentado, que nos faz ver a facilidade e universalidade com que o assunto pode ser tratado.

Em meio a batidas leves, porém poderosas, e melodias que fazem parecer que estamos em um luau na praia, Tove Styrke consegue entregar versos inteligentes e comicamente criativos contra ensinamentos machistas com “Hijack the idea of a girl that obeys” (Desvirtue a ideia de uma garota que obedece, em tradução livre) ou contra as presunções que fazem sobre o gênero que canta: “I know you feel that pop doesn’t really have a clue” (Eu sei que você sente que o pop não sabe de nada, em tradução livre).

Além do mais, com Snaren, Tove Styrke faz um apelo – mais para um puxão de orelha – aos homens que simplesmente não entendem o que é espaço pessoal, assediando mulheres com base em interesses unilaterais.

 Tove Styrke

Com Kiddo vemos o claro amadurecimento de Styrke e uma evidente realização do feminismo, propondo inclusive desmantelar o patriarcado em sua música Borderline, vendo a situação atual como uma guerra fomentada em lavagem cerebral, e em Ain’t Got No… ela brada que simplesmente não tem tempo para ser controlada por quem quer que seja.

Ela ainda consegue arrancar uma crítica social em Brag, descrevendo a superficialidade e mentiras que se apresentam não apenas no mundo das celebridades, mas na própria vida que as pessoas demonstram aos outros, por exemplo, nas redes sociais, apenas apresentando o melhor que possuem, mesmo este sendo falso.

Tove Styrke, portanto, é uma artista que apresenta uma faceta jovem diferente para o cenário musical, fugindo das baladas típicas e sem profundidade de algumas de suas colegas e entregando músicas inteligentes, acessíveis que, mesmo assim, não perdem sua característica “chiclete” tipicamente pop. Tal característica demonstra, portanto, que não é preciso escolher entre uma boa música e uma mensagem – principalmente quando o assunto é pop – e no caso de Tove Styrke, isso se torna óbvio, sendo apenas necessário que se escute.

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