[EVENTO] Ladies Rock Camp aceita voluntárias!

[EVENTO] Ladies Rock Camp aceita voluntárias!

No início dos anos 2000, pioneiras do movimento riot grrrl dos Estados Unidos criaram o Girls Rock Camp. O projeto funciona como um acampamento de férias que tem o objetivo de trabalhar a musicalidade, a autoestima e o senso de pertencimento de jovens garotas. A iniciativa acabou se espalhando por outros cantos do mundo, e deu origem ao Ladies Rock Camp, que possui a mesma proposta, mas é voltado para adultas. Como nenhuma experiência musical prévia é necessária, podem participar tanto mulheres que já sabem tocar algum instrumento quanto as que nunca encostaram em um.

No Brasil, a diretora e coordenadora dos camps é a socióloga, educadora e guitarrista Flávia Biggs, que toca e canta no power trio The Biggs desde a década de 90 – e a banda, inclusive, está entre as precursoras do riot grrrl brasileiro. O envolvimento de Flávia com a música independente começou ainda na adolescência e, desde então, não parou mais.

Porém, por conta do machismo recorrente mesmo em espaços alternativos, que teoricamente deveriam abarcar relações mais conscientes e politizadas entre as pessoas, ela entrou de cabeça no movimento riot grrrl:

“Em relação a questão específica das mulheres, a cena infelizmente era machista e ainda é, assim como a sociedade. A cena é uma micro sociedade que supostamente deveria ser libertária e de contracultura, mas acaba por reproduzir padrões de comportamento do mundo lá fora. […] O riot grrrl veio exatamente como resposta a esse machismo que insiste em estar presente”.

O contato inicial de Flávia com o Girls Rock Camp aconteceu em 2003, quando embarcou em uma turnê norte-americana no período em que foi parte do Dominatrix. Uma garota de uma das bandas que também estava participando da turnê era voluntária do Rock and Roll Camp for Girls, em Oregon – o primeiro acampamento de todos. “Fiquei chocada e encantada, a ideia do camp tinha tudo a ver com as coisas que mais amo na minha vida, que são o rock e as lutas sociais, feminismo e música”, conta. Entre suas bandas preferidas, aliás, estão L7, Babes in Toyland, Bikini Kill, Sleater-Kinney e Savages.

A empolgação foi tanta, que ela voltou para os Estados Unidos para voluntariar em alguns acampamentos. Em 2013, finalmente conseguiu se organizar para trazer o projeto para o Brasil, e os camps acontecem em Sorocaba (SP), cidade em que Flávia reside.  “A recepção tem sido fantástica e a cada ano a procura aumenta”, comemora.

O projeto acontece por meio da organização comunitária da sociedade civil, sem fins lucrativos, e baseado no trabalho voluntário e doações. Porém, antes disso, já inspirada pelos camps norte-americanos, ela organizava oficinas de guitarra para meninas. O intuito era passar noções básicas de cifras, pedais e amplificadores, entre outras atividades, bem como colaborar com o empoderamento feminino por meio da música.

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Este ano, o Ladies Rock Camp acontece de 9 a 15 de julho!

Embora não tenham mais vagas para campistas, estão abertas até hoje, 19 de maio, inscrições para voluntariado. Quem quiser ser instrutora de instrumentos musicais, ministrar oficinas de zines ou stencil, ser produtora, técnica de som, fazer registros em vídeo e fotografia, cuidar das mídias sociais do evento, entre outras funções, pode se inscrever aqui. Já a previsão de abertura para inscrições no Girls Rock Camp é para outubro deste ano, e o evento deve acontecer em janeiro de 2018.

Ladies Rock Camp
Mulherada reunida no Ladies Rock Camp

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Brasiliense, jornalista e especialista em gênero, sexualidade e direitos humanos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Adora internet, bandas de minas, livros, ideias novas, lugares diferentes e comidas deliciosas. É autora do blog Vulva Revolução e colabora em diversos projetos legais por aí.
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