[CINEMA] Ghost in the Shell: 5 Diferenças entre o filme e o mangá

[CINEMA] Ghost in the Shell: 5 Diferenças entre o filme e o mangá

O filme Ghost in the Shell (traduzido por aqui como A Vigilante do Amanhã), lançado em 30 de Março, passou totalmente despercebido. E não só no Brasil. Nos 3 principais sites de crítica de cinema/pontuação de filmes, ele recebeu notas medianas. No IMDB, tem nota de 6,7/10, no Rotten Tomatoes a nota é 5.6/10 e no Metacritics ficou com 52/100. Pior ainda: pelos dados fornecidos no Box Office Mojo, o longa teve custo de 110 milhões de dólares e arrecadou “apenas” 169 milhões, ou seja “pouco” mais do que custou – tendo em vista os padrões hollywoodianos de lucro, onde Mulher-Maravilha, por exemplo, que teve custo de 149 milhões, arrecadou 228 apenas na primeira semana de exibição. Mas o que pode explicar este fracasso de uma adaptação de uma obra tão querida e conhecida, tanto pelo mangá quanto pelo clássico anime? Selecionamos 5 pontos abaixo que podem ajudar a explicar isso. Lembramos que a análise foi feita em relação ao mangá, ignorando o anime. Então vamos lá!

1 – Whitewashing

O maior problema do filme. Mesmo antes da estreia, Ghost in the Shell sofreu com uma baita polêmica, onde foi acusado de promover o whitewashing – prática de trocar personagens de outras raças por atores e atrizes brancos. A Paramount chegou a dizer que tal polêmica foi a causa da baixa bilheteria. Sobre o assunto, recomendamos um ótimo texto no site Nó de Oito.

2 – O Humor

O mangá de Shirow Masamune mescla muito bem as cenas de ação com passagens mais leves e bem humoradas, algo comum em obras do gênero. O filme não deixou nenhum espaço para isso. O clima de suspense e seriedade não conseguiu convencer a quase ninguém, e muitos sentiram falta da personalidade da personagem principal e dos alívios cômicos.

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3 – Os Robôs/Fuchikomas

Eles são responsáveis por uma boa parte do humor no mangá. Conhecidos como Fuchikomas, esses tanques de combate, que podem abrigar uma pessoa, além de agir de maneira independente por conta de sua I.A, são uma grande característica da obra. Estão presentes nos momentos de ação e estratégia e tem uma identidade visual bem diferente. No filme eles simplesmente não existem. Aparece apenas um robô, que não se parece em nada com um Fuchikoma, tanto fisicamente quanto em relação à I.A. Ao retirar um elemento desse da adaptação, cortaram algo que ajudou com que a obra se tornasse tão aclamada.

Ghost in the Shell

4 – A História

O mangá não possui uma história apenas. Em cada capítulo, os integrantes da Sessão 9 enfrentam uma missão. Essas missões envolvem diplomatas, políticos, inteligências artificiais, traficantes e tudo o mais. No filme temos apenas um plot, que envolve a Hanka Corporation e algumas falhas de memória que a Major vem sofrendo. Outra diferença é que no mangá somos jogadas em um mundo já altamente tecnológico e funcional. Já no filme, tudo isso ainda está no início, tanto que Motoko foi a primeira a ter o cérebro transplantado para uma máquina. O fato de ter apenas esta história, mais o modo como ela foi contada – de maneira extremamente superficial, simplista e rápida, pode ter contribuído para o fracasso. Ghost in the Shell

5 – Os Detalhes

No mangá os detalhes chegam a ser exaustivos (e se você ler a edição nova da JBC, com dezenas de notas do autor, os detalhes são MUITOS). Isso contribui para que entremos de cabeça na história e saibamos como tudo funciona. Faz parte da imersão. Já no filme, os detalhes de modo geral são ridiculamente escassos. Sabemos que uma adaptação para o cinema possui muitas limitações e que não há como comparar duas mídias tão distintas, mas poderiam ter caprichado mais nessa característica do universo de Ghost in the Shell.

 Ghost in the Shell
Edição da JBC: Notas, notas e mais notas!

BÔNUS:

Atores e atrizes mal aproveitados:

Em um elenco com nomes tão incríveis e diferentes entre si, como Michael Pitt, a grandiosa Juliette Binoche e o veterano e experiente Takeshi Kitano, esperávamos por atuações e personagens à altura. Isso não acontece, no entanto. Michael Pitt, no papel do antagonista, tem poucas falas. Binoche está completamente desperdiçada em um papel secundário e inexpressivo e Kitano, no papel de Aramaki, até tem cenas importantes e bacanas, mas são poucas e seu personagem foi também muito mal aproveitado. Sobrou talento e faltaram oportunidades. Até mesmo no que diz respeito à Scarlett Johanson, há algo estranho. Sua personagem com ar confuso e misterioso e seu drama não convencem. O que é culpa do roteiro, é claro, e não da ótima atriz.

Romance e sexualização:

Sendo um filme nos padrões hollywoodianos, incrivelmente não há nenhum flerte barato, romance ou cena clichê nesse sentido, o que pode ser considerado algo positivo. Em relação à sexualização, Major aparece constantemente em sua armadura, que na verdade é um spandex que deixa suas curvas BEM delineadas. Além disso, há várias cenas de nus parciais. No entanto, lembramos que no mangá isto também acontece – e em certos momentos é ainda pior e mais problemático do que no filme.

The Ghost in the Shell: A Edição do mangá da JBC

Em formato grande, com dustcover e mais de 350 páginas, a nova edição de The Ghost in the Shell pela JBC é magnífica! As dezenas (ou centenas, não contamos) de notas de Shirow Masamune enriquecem muito a leitura, mesmo (e principalmente) para quem já leu anteriormente. Contém também algumas páginas coloridas. É uma daquelas obras que se destacam em qualquer estante!


Ghost in the ShellThe Ghost in the Shell

Autor: Shirow Masamune

352 páginas

JBC

Onde comprar: Amazon

 

Escrito por:

260 Textos

Fundadora e editora do Delirium Nerd. Apaixonada por gatos, cinema do oriente médio, quadrinhos e animações japonesas.
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