XX: Antologia de terror dirigida por mulheres estreia na Netflix

XX: Antologia de terror dirigida por mulheres estreia na Netflix

Já parou para pensar que pouquíssimos filmes de terror são protagonizados por mulheres? E que, em alguns deles, elas são apresentadas de forma extremamente sexualizada, estereotipada ou apagada por protagonistas homens? No último dia 22 de junho, estreou na Netflix um filme que reúne quatro curtas de terror, escritos, dirigidos e protagonizados por mulheres: exibido no Festival de Sundance de 2017, XX, de Roxanne Benjamin, Karyn Kusama, St. Vincent, Jovanka Vuckovic e Sofia Carrillo, abre espaço para que se discuta a importância da voz feminina nas obras filmográficas de terror e horror.

1 The Box (A Caixa), Jovanka Vuckovic

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Voltando de metrô com as crianças para casa, Susan (Natalie Brown) vê seu filho perguntar ao misterioso homem sentado ao seu lado o que há dentro da grande caixa vermelha de presente que ele segura. Ao olhar dentro da caixa, coisas estranhas passam a perseguir o menino e os outros membros de sua família.

2 The Birthday Cake (O Bolo de Aniversário), St. Vincent

Preocupada com os preparativos da festa de aniversário da filha, Mary (Melanie Lynskey) precisa fazer o impossível para conseguir lidar com um terrível episódio ocorrido com seu marido, a fim de que a ocasião não seja cancelada.

3 Don’t Fall (Não Caia), Roxanne Benjamin

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Quatro amigos viajam para uma região montanhosa e são surpreendidos por uma aparição maligna ancestral, sedenta por sangue.

4 Her Only Living Son (Seu Único Filho Vivo), Karyn Kusama

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Cora (Christina Kirk) vê o filho Andy (Kyle Allen) se tornar cada vez mais agressivo e perigoso, ao passo que seu aniversário de 18 anos se aproxima. Um evento funesto do seu passado está diretamente ligado ao comportamento do garoto – e retorna para assombrá-la.

5 As animações em stop motion de Sofia Carrillo

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Intercalando cada um dos curtas, a diretora Sofia Carrillo (La Casa Triste, Black Doll) propôs uma animação ambientada em uma casa em ruínas e com muitas bonecas sombrias. Este conto só possui um desfecho tocante e poético ao final da última história da antologia.

Das quatro histórias, as que mais chamam a atenção pela originalidade são The Box e The Birthday Cake. O terror psicológico empregado nos roteiros, que recorre a acontecimentos do cotidiano, assim como em O Papel de Parede Amarelo (Charlotte Perkins Gilman), chocam e causam mais medo e reflexões do que o sangue e os efeitos visuais de Don’t Fall e Her Only Living Son (este último, uma clara homenagem ao filme O Bebê de Rosemary).

Nas histórias dirigidas por Karyn Kusama, St. Vincent e Jovanka Vuckovic, as questões familiares predominam e, mesmo fortes, as protagonistas acabam anulando muito de suas próprias vontades em prol de seus filhos ou maridos (vide Cora, uma mãe dedicada, que muitas vezes inventou desculpas para não sair com Chet, o entregador interpretado por Mike Doyle, pelo fato de os problemas do filho poderem vir a machucá-los). 

A obra passa no Teste de Bechdel e é uma grande inspiração para que diversas mulheres também passem a se aventurar nas narrativas de terror e horror.

 

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117 Textos

Formada em Letras, pós-graduada em Produção Editorial, tradutora, revisora textual e fã incondicional de Neil Gaiman – e, parafraseando o que o próprio autor escreveu em O Oceano no Fim do Caminho, “vive nos livros mais do que em qualquer outro lugar”.
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