[CINEMA] IT: Curiosidades e o que esperar da nova adaptação!

[CINEMA] IT: Curiosidades e o que esperar da nova adaptação!

It, que saiu no Brasil como “A Coisa”, pela Editora Suma de Letras, é um dos maiores livros de Stephen King. Tanto literalmente, com suas mais de mil páginas, quanto em termos de história. Saiba o que esperar da nova adaptação, além de algumas curiosidades (que podem ajudar muito a quem não leu o livro)!

No Brasil, muitas pessoas tiveram seu primeiro contato com IT/A Coisa no começo dos anos 90, através do VHS duplo que compilava a série de tv criada por Tommy Lee Wallace e com o saudoso Tim Curry no papel de Pennywise. Esta produção marcou a vida de muitas pessoas, que mesmo sem saberem que a obra era baseada em um livro de Stephen King, até hoje se lembram bem do VHS de capa branca com um palhaço satânico na capa e, principalmente, do medo. E medo, como veremos, é o leitmotiv de IT. A partir de então, muitos comentavam sobre o filme do palhaço assassino e, se muita gente ainda hoje tem coulrofobia, podemos dizer que este é o principal motivo.

IT

IT: A adaptação de 1990

Alguns torcem o nariz e detestam esta adaptação (que tem nota 6.9 no IMDB e 62% no Rotten Tomatoes), mas uma coisa é fato: ela marcou época e imortalizou Tim Curry na figura do palhaço Pennywise. Tanto que chega a ser difícil imaginar que outro ator tenha o mesmo impacto. Esta versão de IT apresenta alguns problemas, é claro. Afinal, apesar de ter mais de 3 horas de duração, muita coisa fica de fora ou é levemente alterada. No entanto, apesar das críticas e de se tratar de uma produção menor para a tv, indicamos muito, até mesmo para fins de comparação com a nova versão. A série consegue manter o clima de tensão e medo constantes, além de explorar relativamente bem os personagens principais e suas histórias.

Mais de mil páginas… vale a pena ler?

A resposta é: Sim! Muitas pessoas deixam de ler este livro justamente pelo tamanho. Mas, como em todas obras de Stephen King, a escrita fluida e repleta de ganchos faz com que as páginas voem. Cada personagem é abordado com profundidade durante dois momentos de suas vidas: na infância, onde todos têm o primeiro embate com A Coisa, e já adultos, quando eles têm que retornar à cidade de Derry para enfrentar o palhaço, que aparece após 27 anos. E aí vai uma curiosidade: Pennywise é uma força obscura que surge a cada 27 anos, promove mortes e caos pela cidade de Derry e, depois que tem seus objetivos saciados, desaparece. A série antiga é de 1990, ou seja, a nova adaptação de IT surge justamente 27 anos após a primeira…

A narrativa não cronológica acompanha os adultos em seu retorno a Derry – e sua tentativa de se lembrar do que aconteceu quando eram crianças (há uma explicação no livro de por quê eles se esquecem de quase tudo pelo o que passaram, mas não estragaremos a experiência com nenhum spoiler aqui!) e também possui flashbacks que desvendam, aos poucos, a luta das crianças para destruir a Coisa e salvar Derry no passado. A série dos anos 90 teve a mesma estrutura narrativa. No entanto, ao que tudo indica, a adaptação que estreia dia 7 de setembro vai seguir um rumo diferente e terá mais de uma parte. A primeira vai abordar apenas o que aconteceu com as crianças, de maneira totalmente separada do que acontece quando são adultos. Por um lado, este modo de adaptação pode funcionar melhor para uma obra audiovisual. Por outro, isto pode quebrar tensão e o medo que a narrativa do livro constrói. Veremos…

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O que esperar da nova adaptação de IT?

Para quem não é familiarizada com IT, vale uma tentativa de explicar o que esperar: se você gosta de Stand By Me, Goonies e Stranger Things (que tem até um ator na adaptação), então as chances de você adorar IT são enormes!

Em IT, a ideia de um grupo de crianças em uma aventura toma ares sombrios e com contornos pesadíssimos que envolvem violência doméstica, genitora tóxica e até mesmo sexo (mas para entender este polêmico ponto da obra, que não está presente na adaptação antiga e provavelmente também não vai estar na nova, você vai ter que ler o livro até o fim!).

Medo: O Personagem Principal de IT

O palhaço Pennywise é uma criatura sobrenatural que se alimenta do medo, ao mesmo tempo que o provoca. Durante toda a história, o medo do inexplicável, do desconhecido e de uma coisa tão antiga e má quando o próprio mundo permeia toda a jornada dos personagens.

IT é um filme sobre medo, medo este que vai muito além do palhaço. Cada personagem sofre com seus medos particulares, com os problemas de suas vidas, seus traumas e obstáculos. IT, neste sentido, não pode ser reduzida a uma obra de terror, apenas. É algo muito maior do que isso. É sobre diversos tipos de medo e como as pessoas lidam com isso das mais diversas maneiras. É sobre enfrentar o medo e transcendê-lo, tornar-se maior e mais resistente que ele. Neste sentido, se o filme nos fizer sair do cinema com medo de cada canto escuro ao voltar para a casa, então terá cumprido seu papel.

E as personagens femininas?

Há algumas poucas personagens femininas na obra e, das 7 crianças, somente uma é mulher. Beverly, no entanto, por si só já vale o livro. A construção da personagem é magnífica e King mostra, ao longo do livro, seu poder e resiliência. Sua infância difícil provocou traumas que influenciam negativamente toda a sua vida adulta. No entanto, ela resiste e luta como ninguém.

É uma mulher forte que não vive em função de nenhum homem e que enfrenta de rosto erguido os piores medos, sejam eles uma entidade sanguinária sobrenatural ou algo muito pior e mais realista. Este arquétipo de personagem feminina que sofre, sofre, sofre e depois acaba dando uma resposta energética a tudo, já é um clichê nos livros de King (basta lembrarmos de Carrie, que arrebenta com a porra toda e Wendy, de O Iluminado, que tem força para seguir em frente e ter uma vida normal após passar uma temporada no inferno), no entanto, isto não chega a ser um problema de representatividade muito grande, já que, de um modo geral, o detalhamento e a atenção dados à personagem compensam a leitura.

Acompanharemos em IT o inteligente e destemido Michael Hanlon, Richard Tozier – o comediante do grupo, o hipocondríaco Eddie Kaspbrak – que também tem uma mãe superprotetora, Stanley Uris, Beverly Marsh, o gordinho tímido Ben Hanscom e Bill Denbrough, espécie de líder do grupo, em seu primeiro encontro com A Coisa, em uma jornada de autodescoberta, amizade, confiança e medo. Muito medo.

https://www.youtube.com/watch?v=NmQJZULu6ek

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