[EVENTO] Bate-papo com Paula Hawkins no Rio de Janeiro

[EVENTO] Bate-papo com Paula Hawkins no Rio de Janeiro

No início do mês de Setembro (03/09), a convite da Editora Record, fomos a um encontro com a autora de “A Garota no Trem” e “Em Águas Sombrias“, na Livraria da Travessa do Barra Shopping (Rio de Janeiro), Paula Hawkins. Entre as óbvias perguntas feitas em relação aos livros, ao filme e aos futuros planos literários de Paula, ainda tivemos momentos de descontração e de reflexão em pouco mais de 60 minutos de duração. Confira na íntegra como foi!

Quando perguntada sobre o que achou da adaptação cinematográfica de “A Garota no Trem“, Paula respondeu que gostou do resultado, mas “não tive nenhum envolvimento criativo na produção, eles (os produtores da Universal Pictures) só me avisaram que o elenco tinha sido escolhido [risos] e que eles mudaram a localidade, mas eu gostei bastante do local ter sido alterado para o subúrbio de Nova York, acho que o contraste das casas de cercas brancas com o que acontece dentro das mesmas ficou ótimo. Mas eu pude fazer todas as coisas divertidas, como ir na premiere do filme [risos].”

Paula Hawkins
Paula Hawkins (Reprodução)

“Mas [na adaptação de Em Águas Sombrias] eu vou me envolver mais criativamente, vou ser produtora executiva, seja lá o que isso quer dizer [risos]”

>>  Leia aqui nossa resenha de Em Águas Sombrias

As mulheres de Em Águas Sombrias são vistas como encrenqueiras e por isso têm fins trágicos. Se Rachel estivesse em Beckford ela também teria um fim trágico, por ser uma encrenqueira?

PH: Eu não consigo imaginar Rachel em Beckford ou na história de Em Águas Sombrias, foram processos diferentes de criação, então eu não consigo imaginar… Mas eu não quero pensar que todas teriam um fim trágico [risos], acho que isso seria algo muito triste e eu não desejo isso.

Paula Hawkins

Apesar da visão feminina e feminista em seus livros, suas protagonistas ainda têm os privilégios de raça e classe. Por que só escrever desse ponto de vista?

PH: Acho que, a princípio, o local, apesar de A Garota no Trem se passar no subúrbio de Londres, então poderia ter, definitivamente, mais diversidade aí, mas quanto a Em Águas Sombrias, a cidade é no interior da Inglaterra e por isso muito branca, então por questões de fidelidade ao local seria difícil ter mais diversidade aí.

Mas acredito que o grande problema pra mim seria a autenticidade pelo fato de eu, uma mulher branca, estar escrevendo sobre mulheres de outras etnias; eu sou a favor de uma maior diversidade nos livros, devemos ter mais autores diversos, mas fico um pouco receosa de escrever desse ponto de vista, mas [eu] acho que se eu fui capaz de ver pelo ponto de vista de um assassino, eu posso ver pelo ponto de vista dessas pessoas.

Quando perguntada sobre o processo de escrita dos livros, Paula disse o seguinte:

PH: Eu começo sempre sabendo o fim, eu sei aonde eu quero chegar, mas não sei os detalhes e vou construindo a história de um jeito que vá me levar até esse fim que eu escolhi.

Sobre a inspiração para Em Águas Sombrias:

PH: Eu comecei a pesquisar sobre essas mulheres que eram perseguidas antigamente por serem vistas como bruxas e o que me chocou mais foram os métodos usados para se provar se alguém era bruxa ou não: eles amarravam a pessoa e a jogavam na água, se ela afundasse, era inocente, mas se boiasse, era uma bruxa, isso foi uma inspiração para a construção da história (…) eu, como feminista, achei isso muito tocante e quis mostrar como essa noção [de mulheres loucas e consequentemente, bruxas] permanece, infelizmente, até hoje.

Paula Hawkins

Ao fim do encontro, em um momento mais descontraído, Paula ainda nos revelou que é Team Lannister (what?) e que seus personagens favoritos da maioria das histórias são os vilões, mas nada de spoiler: ela só vai ver a final de Game of Thrones quando voltar à Londres!


Em Águas SombriasEm Águas Sombrias

Autora: Paula Hawkins

Editora Record

364 páginas

Onde comprar: Amazon

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