[MUSICA] Ekena: “Nó” é renascimento e sororidade em forma de música

[MUSICA] Ekena: “Nó” é renascimento e sororidade em forma de música

Primeiro álbum da cantora Ekena, “Nó” possui o essencial para um trabalho completo: letras que vem de dentro, arranjos gostosos de ouvir e uma voz poderosa. Nas 13 faixas, por vezes autobiográficas, que compõe o disco, ouvimos sobre recomeço, desilusão e o mais importante: resistência. Acompanhe o post para saber os pontos positivos e negativos do trabalho!

No cenário da música autoral desde 2010, Ekena abre o disco com a faixa-título “Nó”, que serve como pedido de desculpas e aviso de recomeço: “Era tanta coisa que eu achava que a gente tinha que desatar todos os nós, sabendo que algumas coisas que eu faço e o outro faz são coisas diferentes, porque somos pessoas diferentes.”, diz a cantora.

Ekena
Capa do álbum “Nó” (Reprodução)

“Por Enquanto” é fruto de uma brincadeira no WhatsApp entre os músicos, onde um começava a história e os outros dois continuavam – é também a música com maior presença dos três: Ekena, Vinicius Lima – com quem divide o vocal – e Rodrigo Bottari. Apresenta toda a delicadeza e cuidado do “começar de novo”.

“Bem Te Vi” e “Juro Juradinho” são outras músicas nas quais o vocal é dividido com Vinicius Lima, também violonista do grupo. Mais uma vez o amor é tema, abordando assuntos como término e medo de novos relacionamentos. Destaque especial para “Juro Juradinho”, cujo arranjo e letra chegam gostoso.

Ekena
Foto: Divulgação

Já “Abismo” entra como uma das músicas mais fortes do álbum por se tratar de uma homenagem à avó de Ekena, já falecida. A composição funciona como uma conversa entre avó e neta e traz um conselho da mais velha: “Se você olhar além da linha e ver que tem mais mar depois do arco-íris, mesmo sem dizer daqui de cima consigo contar a quantos passos eu fico da sua janela! Você devia sair desse abismo (que é você).”.

“Greatest Liar” – que flerta com folk, mas acaba sendo country – e “Agda” – cujos vocais finais enchem os ouvidos – compõe a dupla de canções em inglês, fazendo com que Ekena assuma uma voz que remete a da cantora estadunidense P!nk. Enquanto a primeira trata de um parceiro que finge que o término não o afeta, a segunda é sobre uma menina que espera que outra pessoa a salve ao invés de resolver a situação por si só.

Faixa-cult, “Ana” pode ser considerada um dos destaques do trabalho pela sinceridade na composição. Foi inspirada no conto “Sem Ana, Sem Blues”, do poeta Caio Fernando de Abreu, que escreveu sobre o término do relacionamento do eu-lírico com Ana. Ekena assume o papel do personagem, sentindo como ele, compondo e cantando como se a perda de Ana fosse sua perda.

Ekena
Foto: Divulgação

Ao fim temos “Passarinho” e “Mais Tarde”, duas canções que divergem entre si. “Passarinho” traz leveza por ser inspirada na história de amor de um casal de amigos da cantora, que passaram por adversidades até ficarem juntos; já “Mais Tarde” destoa positivamente calmaria que são as outras músicas: por ter sido utilizada como uma forma de descarrego o arranjo é forte, trazendo a voz intensa de Ekena para fechar o disco com vigor e nos deixar ansiosas para os próximos.

A canção “(…)” funciona como prefácio para “Todxs Putxs”. Nele a cantora discorre: “Eu me sentia tão livre ali, como se toda dor tivesse desaparecido. Eu sabia que ali era o meu lugar, que eu tinha me encontrado, sabe? Por todas as vezes que eu me senti culpada, por todas as vezes em que você me disse que eu era louca, por todos os momentos que você tirou de mim.”.

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Faixa principal, “Todxs Putxs” é toda feminismo, resistência e sororidade – destaque para o trecho “mulher, a culpa que tu carrega não é tua, divide esse fardo comigo dessa vez”. Entre suas estrofes nos deparamos com um canto de liberdade, presente também na voz da cantora. A música ganhou clipe dirigido por Ana Moraes e ilustra mulheres de diversas vivências lidando com os olhares da sociedade. Confira abaixo:

Se tratando de “Nó”, Ekena é Ekena Monteiro (voz), Vinícius Lima (violão e voz), Gabriel Planas (baixo) com os músicos Hugo Brunner (guitarra), Álvaro Malheiros (metais), William de Paula (teclado) e Luiz Rocha [Prego] (bateria).

O álbum está disponível no Spotify:

A cantora, que é certamente uma das grandes revelações da produção musical brasileira em 2017, lança o disco “Nó” dia 03 de novembro, em São Paulo. O show contará com sessão de autógrafos, conversa sobre a produção do disco e participação especial da cantora Ana Cañas!

Saiba mais sobre o evento aqui e acompanhe as novidades através do Facebook.

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Estudante de Produção Cultural, social media na Cérebro Surdo Produções e colunista no portal Timbre. Também proprietária das melhores fotografias em cafés.
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