[SÉRIES/LISTA] Melhores séries com protagonistas femininas lançadas em 2017

[SÉRIES/LISTA] Melhores séries com protagonistas femininas lançadas em 2017

O ano de 2017 foi um ano espetacular no âmbito das séries. Tivemos a oportunidade de conferir histórias de mulheres reais, complexas e retratos multifacetados de mulheres que dificilmente víamos nas histórias contadas. Algumas séries foram indicadas e ganharam prêmios importantes esse ano. Conhecemos mais histórias de mulheres negras, além da inclusão de pautas feministas e LGBT.

“Tragam as mulheres à frente de suas próprias histórias. Que elas sejam heroínas de suas próprias narrativas”.

Apesar de termos um longo caminho pela frente, buscando sempre a melhoria na representação de mulheres e a inclusão da diversidade nas produções, 2017 foi um ano marcante e histórico. Veja algumas das melhores séries com protagonismo feminino que foram lançadas nesse ano.

Sense8

por: Adriana

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Este ano, a audiência de streaming descobriu o poder que tem. Após a Neflix ter cancelado a série Sense8, no final da sua segunda temporada, uma enxurrada de mensagens de internautas do mundo inteiro reclamando fez com a empresa voltasse atrás e garantisse um capítulo final de duas horas, que será exibido em 2018. Não é tão difícil entender o motivo de tantas queixas contra o fim da série. Sense8 tem um roteiro realmente original e centra-se em um sentimento que poderia fazer com que a vida das pessoas fosse melhor: empatia. Poder sentir exatamente o que a outra pessoa sente seria algo capaz de efetivamente acabar com os preconceitos.

No caso dos personagens, eles/elas não são perfeitos, mas, precisam entender as imperfeições dos/as outro/as para seguir adiante ou não sobreviverão. Assim que o policial Will Gorski (Brian J. Smith) não pode julgar o fato de de Wolfgang Bogdanow (Max Riemelt) ser um bandido. Kala Dandekar (Tina Desai) ou Capheus/Van Damme (Toby Onwumere) não questionam a sexualidade de Nomi Marks (Jamie Clayton) ou de Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre). Juntos/as, eles/as são melhores. Este é outro aspecto importante da série: a diversidade. Os/as protagonistas vivem em países diversos, como Alemanha, Índia, Quênia e Islândia, são de cores de pele diferentes, de sexualidades diversas, de profissões e aptidões diferentes. Têm problemas e perspectivas distintas.

As locações mostradas também tiram o/a espectador/a do lugar comum. Vemos os países desde outros pontos de vista, muito mais próximos do que costumam ser mostrados. Por fim, as características dos personagens são mostradas a fundo, o que faz com que possamos também sentir empatia por cada um deles, sem fazer julgamentos. É uma pena que o mundo dos Sense8 tenha que acabar.

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Desventuras em Série 

por: Laís

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Adaptada da série de livros do misterioso Lemony Snicket, pseudônimo do escritor norte-americano Daniel Handler, Desventuras em Série (uma série original da Netflix) estreou em 2017 para a alegria dos velhos – e novos fãs – da história dos irmãos Baudelaire. Na trama, Violet (Malina Weissman), Sunny (Presley Smith) e Klaus Baudelaire (Louis Hynes) perdem os pais em um misterioso incêndio na mansão em que moravam e, após o trágico acontecimento, mudam-se por intermédio do banqueiro Sr. Poe (K. Todd Freeman) para a casa de Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um ator decadente e malvado que se passa por familiar das crianças, a fim de tomar-lhes a fortuna deixada pelos pais. 

Além das (des)aventuras vividas pelos irmãos, fotografia e figurino, referências à obras literárias e escritores famosos e da ambientação atemporal da série, a representatividade feminina é muito forte: Violet é uma jovem inventora e sempre está disposta a criar tanto objetos para entretenimento pessoal quanto para ajudar a si e aos irmãos a interromperem os planos malignos de Olaf; Sunny, apesar de ainda ser muito pequena, é esperta e também procura ajudar os irmãos com seus dentinhos afiados que tanto gostam de roer o que está ao seu alcance; Jackelyn (Sara Canning) espiona Olaf e sua trupe, para que as crianças fiquem seguras; a inteligentíssima Tia Josephine (Alfre Woodard) passou por muitas situações difíceis, mas conseguiu se reerguer e seguir a vida como uma mulher forte e independente e, assim como ela, a Juíza Strauss (Joan Cusack) é importantíssima para as crianças tanto no seu ofício de protetora da lei quanto por ser dona de um coração enorme e generoso. 

A série possui apenas uma temporada, com a estreia da segunda prevista para 2018, completa na Netflix.

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The Handmaid’s Tale

por: Athena

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The Handmaid’s Tale, série baseada na distopia homônima de Margaret Atwood, marcou 2017 pela forma com que apresenta uma realidade fictícia muito próxima da sociedade ocidental pretensamente democrática. A adaptação consegue apresentar os pontos mais relevantes da obra original em uma produção dinâmica, crítica e impossível de abandonar. Apresenta a protagonista Offred/June em sua jornada no regime teocrático do Gilead. Nessa realidade, as mulheres férteis são denominadas aias e obrigadas a gerar filhos para os altos comandantes. Offred, porém, já foi uma mulher livre. Antes das mudanças, ela era uma mulher como qualquer outra, com uma família, amigos, trabalho, vontades e direitos. Aos poucos, então, revela de que modo a opressão foi legitimada em um sociedade democrática e desenvolve sua batalha, interna e externa, para fugir dos ritos a que é submetida. Inúmeras questões políticas, históricas, econômicas e sociais são abordadas neste enredo que serve de alerta à ignorância da opressão. O exagero típico da distopia une-se à perspectiva feminista do enredo de Atwood para trabalhar o cerceamento de direitos e analisar os rumos tomados pela sociedade moderna.

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Queen Sugar

por: Samantha

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Queen Sugar é uma série de TV americana criada por Ava DuVernay, produzida por Oprah Winfrey e adaptada do romance de Natalie Baszile. Neste seriado, DuVernay retoma temas que lhe são caros e que já estavam presentes em seus dois primeiros longas ficcionais: I Will Follow (2010) que trata de relações familiares após a perda materna e Middle of Nowhere (2012) sobre amor e ódio permeado pelo sistema penitenciário norte-americano. Somando estes ao extraordinário trabalho documental realizado em A 13ª Emenda (2016), que escancara o esqueleto que sustenta a sociedade estadunidense sob um perverso sistema de encarceramento de pessoas negras que remete aos tempos escravagistas, Ava decidir adaptar o romance de Natalie Baszile transpondo para o melodrama episódico aquilo que já havia alcançado seu ápice com o aclamado Selma (2014).

Todos os episódios da série são dirigidos por mulheres (em sua maioria, negras) fazendo parte de uma declaração política da cineasta de que há inúmeras profissionais negras e negros excelentes na indústria audiovisual. Se já não bastassem todos esses motivos para estarmos atentas a este seriado, Ava cria um universo atual para tratar de opressões que se atravessam há séculos, como o racismo e o machismo. A construção das personagens em termos de gênero e raça subverte aquelas que costumeiramente são vistas em produções deste porte, com uma ótima percepção de inversão de padrões de masculinidade e feminilidade geralmente estereotipadas nas telas. Realmente, Queen sugar é uma grata surpresa no universo televisivo.

The Marvelous Mrs. Maisel

por: Candida

Melhores séries

No dia 29 de novembro, quase fechando a tampa de 2017, a Amazon lançou essa coisa maravilhosa. Amy Sherman-Palladino, amores. Depois disso não precisamos escrever mais nada. Mas vamos lá: a série conta a história de Miriam “Midge” Maisel, uma dona de casa dos anos 50 vivida por Rachel Brosnahan. Midge vive num conto de fadas. Um conto de fadas que se passa em 1958, é preciso que se diga. Seus sonhos se resumem a administrar a casa, cuidar dos filhos, usar belas roupas e fazer seu marido achar que ela é “perfeita”. É rica, mora num apartamento divino no Upper West Side, admira os padrões de feminilidade vigentes e faz tudo para mantê-los.

Amy nos mostra todos os closes errados da época e só de assistir a gente fica louca e torcendo para personagem dar uma virada. E ela dá. Midge se revela um talento para o stand up comedy e nós acompanhamos suas aventuras tentando se firmar no meio com a ajuda de uma agente e de alguns personagens “reais”, como o comediante Lenny Bruce. O texto é delicioso e Midge fala como uma garota Gilmore. A segunda temporada de The Marvelous Mrs. Maisel já foi confirmada pela Amazon, graças à Deusa!

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Alias Grace

por: Thais

Alias Grace, Melhores séries

Alias Grace, minissérie da Netflix, é uma adaptação de um livro homônimo escrito pela Margaret Atwood. A obra gira em torno de Grace Marks, uma mulher condenada por dois assassinatos. Com boas atuações e muitos diálogos, a pergunta “Quem é Grace Marks?” é o que move as engrenagens da série. Em apenas seis episódios, conhecemos um pouco sobre a realidade das mulheres servas do Canadá do século XIX e refletimos sobre o que significa ser mulher e assassina.

A história contada pelo livro de Atwood é baseada em um crime real que abalou o Canadá em 1843. Grace Marks e a acusação que ela carrega existiram e a série usa essa história para expor os detalhes da opressão feminina e de classe da época, sem esquecer, contudo, de nos fazer questionar o tempo todo sobre o impacto dos padrões de gênero na visão que a sociedade tem de uma mulher que mata. Ser mulher é viver tensionada pelos estereótipos que criaram sobre nós. Ao negar a humanidade de uma mulher, o machismo nos nega a complexidade de ser algo além de rótulos. Cabe para Grace, notória condenada por assassinato, ser santa ou demoníaca. Mas Grace Marks é uma protagonista intrigante e complexa. Uma personagem que não cabe em dualidades. O mistério de Alias Grace não é saber se ela matou ou não. É tentar ter alguma ideia de quem é Grace Marks.

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Big Little Lies

por: Mariana

Melhores séries

A mini-série para TV da HBO que tem na produção executiva as atrizes Reese Whiterspoon e Nicole Kidman foi uma grande surpresa de 2017 e já foi confirmada para segunda temporada em 2018, com a direção de Andrea Arnold no lugar de Jean-Marc Vallée.

Big Little Lies já foi nomeada para o Globo de Ouro do ano que vem como Melhor Série para TV e ganhou os Emmys de 2017 nas categorias de “Melhor série limitada”, “Melhor Direção”, “Melhor Supervisão Musical” além dos prêmios pela atuação para Nicole Kidman e Laura Dern. Foi um sucesso de críticas merecido, porque é uma narrativa com nuance, profundidade e uma mensagem final de união feminina para enfrentar os abusos de uma sociedade construída para reforçar os silêncio das mulheres que sofrem violência dos homens.

Big Little Lies explora este lugar de negação e abuso no seio da sociedade americana progressista e viciada em imagens: Monterey é uma pequena cidade com boa educação infantil no litoral da Califórnia, e a pequena comunidade de pais e alunos frequentadores da escola de alfabetização Otter Bay se envolve em um caso de assassinato que se revela ao longo dos episódios. Ao mesmo tempo, três mães e seus filhos com segredos familiares nos apresentam a versão feminina da história.

A trilha sonora e as lindas imagens das paisagens da costa oeste americana compõem um quadro passivo-agressivo dos conflitos humanos estabelecidos pelos segredos. Uma série instigante que vale a pena conferir!

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Ela quer tudo 

por: Letícia

Melhores séries

Lançada pelo Netflix em novembro, Ela quer tudo (She’s Gotta Have It) é uma adaptação feita pela diretor Spike Lee do seu primeiro filme de sucesso. A série conta a história de Nola Darling (DeWanda Wise), uma artista negra que mora no Brooklyn e se relaciona com três homens diferentes. O formato dos episódios se destaca pelos seus monólogos e entrevistas, se assemelhando a uma espécie de “documentário” sobre a vida da protagonista.

Nola é uma mulher forte e confiante; desde o começo ela deixa claro para todos que não é monogâmica e que não pertence a ninguém. Ao longo dos 10 episódios se torna claro que nenhum dos homens com quem ela se relaciona gosta da ideia de “dividi-la” com outros, mas ao mesmo tempo eles sabem que é impossível tentar mudá-la. Além de ser um exemplo de uma representatividade feminina e negra, a protagonista também apresenta fragilidade ao lidar com problemas como assédio sexual, ou com rótulos como “viciada em sexo” quando tentam descrever a sua sexualidade. Dessa forma, mais do que independente e feminista, Nola se torna também uma personagem real, e o poder que ela tem de contar a sua própria história no fim é o que faz com que Ela quer tudo seja uma série muito diferente das outras, merecendo com certeza ser assistida.

The Keepers

por: Maria

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Com Making a Murderer, a Netflix levou o documentário seriado a um nível de popularidade até então desconhecido pelo formato. The Keepers, minissérie documental em sete capítulos, que também trata de uma investigação criminal, veio para explorar o filão, mas não conseguiu alcançar o mesmo sucesso. Talvez porque o diretor Ryan White (que antes realizou o longa levinho e delicioso “Nossa querida Freda, sobre a secretária dos Beatles) não tenha tentado tornar mais palatável uma história fundamentalmente sombria.

E é justamente por não abrir mão dessa abordagem que a série triunfa. The Keepers parte do assassinato de Cathy Cesnik, uma jovem freira que dava aulas inspiradoras num colégio para meninas em Baltimore e foi encontrada morta em 1970. O crime nunca foi desvendado, e a série gira em torno de duas mulheres comuns, ex-alunas de Cesnik, hoje aposentadas, que não conseguem abandonar a investigação informal que corajosamente iniciaram para encontrar os responsáveis pelo homicídio. A partir dessa premissa, a narrativa vai aos poucos revelando toda uma conspiração envolvendo Igreja, autoridades policiais e certos membros das mais altas cúpulas da sociedade de Maryland.

Amantes de narrativas sobre crimes reais (os chamados murderinos) vão viver uma experiência bastante intensa. Por um lado, a série prende a atenção absolutamente, unindo depoimentos arrepiantes, uma bela trilha sonora, reconstituições difíceis e os caminhos da investigação, o que faz com que o espectador não consiga largar o fio da meada. Por outro, causa tamanho desconforto no público que está instalado o impasse. The Keepers é documento-denúncia, é sobre a superação de traumas, é sobre a força das mulheres que se unem, é sobre o preço que uma mulher paga ao desafiar os esquemas mais sombrios dos piores homens. E é imperdível.

Wynonna Earp

por: Jéssica

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A primeira temporada de Wynonna Earp foi ao ar em 2016, mas a segunda veio ao ar em julho desse ano. Apesar de não ser uma das séries mais conhecidas, é uma série maravilhosa que, se você gosta do sobrenatural, deveria dar uma chance. Baseada nos quadrinhos escritos por Beau Smith e desenvolvida por Emily Andras, conta a história de uma herdeira do lendário Wyatt Earp, reconhecido do período do velho oeste americano.

Com uma boa dose sobrenatural, Wynonna precisa combater todos os foras da lei que Wyatt matou, e que voltam por causa de uma maldição. Wynonna teve uma adolescência problemática, recebendo toda a culpa do assassinato da irmã e do pai. Tanto a primeira e a segunda temporada mostram mulheres incríveis lutando pra conseguir lidar com os problemas do mundo real e tudo de terrível do mundo sobrenatural (e isso inclui de gravidez indesejada até possessões demoníacas). Não somente Wynonna, como sua irmã Waverly, são duas mulheres poderosíssimas que estão prontas pra mostrar que as mulheres da família Earp são muito mais fortes que seu lendário antepassado. É uma série incrível, e Wynonna bota pra quebrar sempre!

Feud

por: Bianca

Melhores séries

Por mais criativos e brilhantes que sejam os roteiristas, algumas das melhores tramas se passam mesmo nos bastidores, quando a cortina se fecha e o diretor grita corta. Uma das melhores séries de 2017, Feud, criada por Ryan Murphy, Jaffe Cohen e Michael Zam e exibida pelo canal Fox tem como objetivo dedicar cada uma de suas temporadas a confrontos entre artistas e outras pessoas públicas que ajudaram a preencher páginas e mais páginas dos tabloides dedicados à vida alheia dos famosos.

A estreia não poderia ter sido mais simbólica, já que as protagonistas imortalizaram uma das batalhas de divas mais explosivas da história do cinema. Intitulada Bette and Joan, a temporada acompanha o período de filmagens do longa-metragem O que terá acontecido a Baby Jane?, do diretor Robert Aldrich, onde as atrizes Bette Davis e Joan Crawford interpretam duas irmãs em pé de guerra para recuperarem a fama que tiveram na juventude. A tarefa de interpretar duas das mais importantes atrizes de Hollywood exigia um elenco de peso. Qual não foi a surpresa do público ao se deparar com as primeiras imagens de divulgação da série e ver que Susan Sarandon e Jessica Lange estavam muito parecidas com Davis e Crawford. O encanto só aumentou com o primeiro episódio, onde as duas, auxiliadas por uma ótima direção de arte, literalmente incorporam suas personagens e dão um show. Apesar do conflito central ser a guerra de egos entre as duas protagonistas, Feud se preocupou em mostrar um pouco do lado humano das divas, incluindo momentos complicados de suas vidas, como abusos e a cobrança pela eterna juventude, uma constante em Hollywood desde muito antes de Davis e Crawford. Não bastasse ser boa como série, esta primeira temporada de Feud também fez brotar a curiosidade em uma nova geração nos filmes do qual as atrizes foram estrelas nas décadas de 30 e 40.

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Hello, My Twenties! (Age of Youth)

por: Isabelle Simões

Melhores séries

Hello, My Twenties!, conhecido mundialmente como Age of Youth, é um dorama sul-coreano que chegou ao Brasil no final de 2016, com a estreia da 1ª temporada disponibilizada pela Netflix. Como a maioria das doramas possui apenas 1 temporada, Hello, My Twenties! (graças à Deusa!) foi uma exceção à regra mais que merecida! A 1ª temporada fez sucesso e recebeu tantos elogios que a produção da 2ª temporada foi confirmada, e a estreia ocorreu em outubro de 2017, finalizando com mastreia no mês de novembro a continuação da jornada das garotas da república Belle Époque. A 2ª temporada está disponível no catálogo da Netflix desde o dia 18 de dezembro. 

Mesmo para quem não tem o costume de assistir doramas, Hello, My Twenties! tem um ingrediente especial, tornando-se uma série que merece a oportunidade de ser assistida pela forma e maturidade como determinados assuntos complexos são desenvolvidos na trama, além de acompanharmos ao longo dos episódios retratos multifacetados de personagens femininas, onde cada uma tem o seu arco narrativo aprofundado e bem desenvolvido, o que dificilmente vemos em obras sobre garotas de vinte e poucos anos. A relação de amizade e sororidade entre as cinco garotas da república Belle Époque é a força motriz deste dorama e o que o torna tão especial.

Estamos tão acostumadas a ver a utilização da rivalidade feminina nas obras, que quando nos deparamos com uma série que constrói uma relação forte de cumplicidade, com mulheres que ajudam umas as outras – assim como abordado na excelente Big Little Lies – torna-se um dos motivos principais de buscarmos conhecer mais obras que se preocupam, de fato, com a representação das mulheres nas histórias que nos são contadas.

Na 1ª temporada vimos mulheres reais que precisam lidar com questões difíceis e marcantes, onde qualquer mulher poderá facilmente se identificar em algum momento. Com maturidade e sem perder o tom cômico que a série possui, capaz de trazer um equilíbrio para os momentos mais emotivos e tristes, assuntos como prostituição, relacionamento abusivo, assédio no local de trabalho, eutanásia e relações familiares complexas perpassam ao longo dos episódios.

Já na 2ª temporada novos assuntos são discutidos, e podemos acompanhar o desenvolvimento de personagens que não foram aprofundadas na 1ª temporada, como o caso da estudante de jornalismo Song Ji Won (Kim Ji-won), que reserva alguns dos momentos mais emocionantes e marcantes dessa 2ª temporada. Também a forma como a estudante de nutrição Jung Ye Eun (Han Seungyeon) lida com como o trauma vivido na 1ª temporada merece destaque, pois dificilmente vemos um roteiro que se preocupa em desenvolver naturalmente e sem pressa personagens femininas lidando com traumas profundos, onde geralmente são retratados de forma ligeira e superficial nas histórias, tornando-se incapaz a construção de um retrato multifacetado da personagem ou até mesmo a importância de demonstrar com seriedade como as sequelas de atos de violência contra à mulher deixam marcas diversas que nunca vão embora por completo. 

A 2ª temporada de Hello, My Twenties! é uma das melhores estreias desse ano. Tão boa quanto a 1ª temporada, ao final de cada episódio sentimos uma mistura de dor e alegria ao conhecer mais um pedaço das histórias dessas garotas que possuem vidas e histórias tão diferentes uma das outras, mas que carregam juntas o poder da amizade quando se unem. 

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Insecure

por: Tânia

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A série Insecure, escrita, produzida e protagonizada por Issa Rae, estreou sem muito alarde em 2016, com a premissa de contar as desventuras de duas mulheres negras chegando na casa dos trinta anos. A sua primeira temporada foi muito bem-vinda em um universo de seriados pouco inclusivo para mulheres negras, que têm as suas questões amorosas, profissionais e universais inviabilizadas em favor de protagonistas brancas. A recepção da série e primeiras impressões foram boas, mas ainda havia muito potencial a ser explorado ali.

Em sua segunda temporada, exibida em 2017, a série finalmente atingiu as expectativas da audiência e deu um salto nas questões que são caras para a comunidade negra, não só americana como brasileira também. Sempre com muita leveza e naturalidade, temas importantes foram abordados, como a solidão da mulher negra, desigualdade salarial, gentrificação, racismo, poliamor, sexualidade, masculinidade do homem negro, entre outras questões típicas de quem já está chegando na terceira década de vida. Um dos méritos dessa produção é saber muito bem quem é o seu público e não fazer concessões quanto a isso – autora Issa Rae sempre afirmou que Insecure é uma série feita para o público negro.

Diversas situações mostradas no show são facilmente identificadas pela comunidade negra, em especial as mulheres, mas a série também consegue dialogar sobre o papel do homem negro na sociedade atual, em que ele não é mais o provedor da família e também sofre com a sexualização e objetificação do seu corpo. Insecure é uma série importante para a nossa geração, que cresceu sem ter protagonistas negras com quem pudéssemos nos relacionar na cultura pop, mesmo sendo um show produzido por pessoas negras e tratando de questões caras para essa comunidade, essa também é uma série que fala de problemas universais e nos deixa cheias de reflexões a cada episódio.

Juana Inês

por: Vanessa

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A série mexicana Juana Inês é uma produção de 2016, mas foi disponibilizada no Brasil pela Netflix apenas em 2017, o que faz com que, para as brasileiras, ela possa ser incluída entre as melhores séries deste ano. Nascida em Nepantla, no México, em 1651, e falecida em 1695, Juana Inês de Asbaje y Ramírez de Santillana foi mortalizada como Irmã (Sóror) Juana Inês de La Cruz, uma freira da Ordem das Jerônimas, tendo sido considerada a mente mais brilhante da sua época, autora de vários poemas, peças de teatro e escritos provocadores que nos fazem pensar ainda hoje.

Na época, porém, Juana não obteve apenas reconhecimento e prestígio, mas enfrentou também imensa resistência, inveja e perseguição por parte dos homens, representantes da Igreja e da Coroa espanhola. Pobre, bastarda, mulher, fruto de uma relação inter-racial, provocadora e extremamente inteligente, sofreu inúmeras tentativas de silenciamento e quase foi julgada e condenada pela Inquisição por conta de sua rebeldia e de seus questionamentos.

Ao longo de seus 43 anos de vida, Juana Inês envolveu-se em disputas intelectuais com grandes nomes do mundo das letras, quebrando o monopólio androcêntrico da fala e da escrita; manteve sob sua posse livros proibidos pelo Santo Ofício; dedicou poemas afetuosos e galantes a mulheres e escreveu sobre o machismo da sociedade da época. Em um de seus mais famosos poemas, “Homens estúpidos”, ela denuncia a dupla moral masculina, que, ao mesmo tempo em que condena publicamente a prostituição e desmoraliza as que a exercem, na vida privada se aproveita para explorar o corpo das mulheres.

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