[SÉRIES] Game of Thrones passa no Teste de Bechdel? Veja a análise dessa e de outras séries!

[SÉRIES] Game of Thrones passa no Teste de Bechdel? Veja a análise dessa e de outras séries!

A partir dessa semana, a cada 15 dias, analisaremos brevemente 5 séries que passam no Teste de Bechdel. Dessa forma, as espectadoras terão opções mais claras para escolher tramas que trazem histórias de mulheres fortes, independentes e donas da própria vida.

Para quem não sabe, o teste de Bechdel parece simples demais, e é: para ser aprovada, o filme ou série precisa ter duas mulheres com nomes próprios e que conversem entre si sobre algum assunto que não seja homem. O teste foi criado em 1985, pela cartunista norte-americana Alison Bechdel e sua amiga Liz Wallace, para indicar a desigualdade de gênero em obras artísticas, como cinema, teatro e quadrinhos. Então, vamos à lista das cinco séries indicadas!

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1 – Game of Thrones (2011-)

Bechdel

A série se passa nos reinos fictícios de Westeros e Essos e tem o Trono de Ferro dos Sete Reinos como seu principal fio condutor. A partir de aí, a série segue um enredo de alianças e conflitos entre nobrezas e dinastias que lutam para reivindicar o trono ou pela independência deste. Uma das séries mais cultuadas nos dias de hoje, Game of Thrones passa por pouco no teste de Bechdel: ao longo das 7 temporadas completas, com 67 episódios, apenas 18 passam.

As principais críticas contra Game of Thrones são suas cenas de nudez feminina gratuitas, de violência sexual e mortes, elementos considerados a grande fraqueza da série. A situação das mulheres em Westeros é muito pior do que a dos homens. A cena de estupro de Sansa Stark (Sophie Turner), por exemplo, é considerada desnecessária; apenas funciona como um mecanismo para motivar um observador masculino.

No entanto, muitas mulheres da trama são personagens complexos, fortes e com motivações próprias, como Brienne de Tarth (Gwendoline Christie), a cavaleira; Arya Stark (Maisie Williams), a assassina moral; e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), a rainha dos dragões. E elas podem ser inspiração para muitas outras mulheres.

2 – Orange is the New Black (2013- )

Bechdel

Uma das primeiras produções originais da Netflix, Orange is the New Black conta a história de Piper Chapman (Taylor Schilling), acusada de tráfico de drogas e condenada a cumprir 15 anos de prisão. Ela foi denunciada pela ex-namorada Alex Vause (Laura Pepon) quase 10 anos depois dos crimes cometidos. Além disso, a série conta a história de diversas outras mulheres encerradas na prisão de Litchfield, nos Estados Unidos.

Na nova temporada, que estreia no próximo dia 27 de julho, algumas protagonistas serão transferidas para uma prisão de segurança máxima; um novo cenário para novas tramas e personagens. E elas são as protagonistas absolutas e diversas: negras, brancas, asiáticas, ricas, pobres, latinas, norte-americanas, héteros, lésbicas, trans, gordas, magras, calmas e nervosas.

Orange is the New Black discute questões consideradas femininas através do microcosmo da prisão, além de mostrar diversas situações ainda vivenciadas pelas mulheres nos dias atuais, especialmente as criadas pelas diferenças de classes socioeconômicas e questões étnico-raciais. O mais interessante é como Orange is the New Black dá voz a essas mulheres – algo inédito na ficção seriada -, e ainda discute de forma aberta e direta as opressões vividas por elas.

3 – Friends (1994-2004)

Bechdel

Friends é uma das séries mais queridas dos anos 90. Considerada um grande sucesso de público, crítica e audiência, a série que conta a vida de seis amigas/os, moradoras/as do bairro de Greenwich Village, em Nova York: Rachel Green (Jennifer Aniston), Phoebe Buffay (Lisa Kudrow), Monica Geller (Courteney Cox), Joey Tribbiani (Matt LeBlanc), Chandler Bing (Matthew Perry) e Ross Geller (David Schwimmer). Como se pode notar, metade do elenco é protagonizado por mulheres, e elas falam sobre sobre tudo: trabalho, problemas familiares, comida e até homens. Uma revisão da série aponta várias situações que não seriam bem vistas hoje em dia, principalmente com relação à diversidade.

Algumas passagens de Friends são homofóbicas, transfóbicas, gordofóbicas e mostram situações onde as mulheres são representadas como objetos sexuais. Vemos acontecimentos onde as protagonistas brigam entre si por causa de algum homem e passam por cima da forte amizade que as une (o que hoje chamamos de sororidade). É certo também que havia pouca diversidade étnica em Friends – praticamente nenhuma entre os protagonistas – no entanto, a série é bastante divertida, inclusive quando mostra a interação entre as mulheres.

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4 – Orphan Black (2013-2017)

Bechdel

Apesar de a atriz Tatiana Maslany interpretar oito pessoas idênticas que são clones em Orphan Black, a série passa no teste de Bechdel, já que temos mais personagens femininos que masculinos e que raramente conversam sobre homens.

Orphan Black conta a história de Sarah Manning, uma mulher que testemunha o suicídio de outra, Elizabeth Childs, e assume a identidade dela. A partir de aí, Sarah precisa desvendar uma conspiração e acaba conhecendo muitas outras cópias de si mesma. A série discute questões morais e éticas sobre a clonagem, e os efeitos que podem acometer questões sobre a identidade pessoal. Além disso, Orphan Black traz algumas das melhores personagens femininas das telas.

Os cinco principais clones, Sarah, Cosima, Alison, Helena e Rachel, são todos muito diferentes. Cada um tem suas falhas, mas buscam as suas próprias versões de justiça. Em quase todos os episódios, os clones conseguem alguma vitória sobre o que se propõem a fazer. Se individualmente as mulheres de Orphan Black são intrigantes, juntas são muito fortes. Maslany consegue explorar novas facetas de cada uma. Além disso, é uma ótima série para quem curte ficção científica.

5 – How to Get Away With Murder (2014- )

Bechdel

How to Get Away With Murder gira em torno da vida pessoal e profissão da advogada de defesa criminal, Annalise Keating (Viola Davis), uma mulher forte e independente, protagonista de sua própria história e que foge do estereótipo de submissa, algo comum na representação feminina no audiovisual. Como também é professora de Direito, na fictícia Universidade de Middleton, nos Estados Unidos, Keating escolhe cinco de suas/seus melhores alunas/os para trabalharem com ela: Michaela Pratt (Aja Naomi King), Laurel Castillo (Karla Souza), Wes Gibbins (Alfred Enoch), Connor Walsh (Jack Falahee) e Asher Millstone (Matt McGorry). Juntas/os precisarão resolver uma trama de assassinatos nas cinco temporadas da série. Como os personagens são variados, devido à forma como são retratados, a audiência sempre encontra alguém com quem se identificar.

Além disso, pelo seu desempenho na série, Viola Davis fez história em ser a primeira mulher negra a receber um Emmy, na categoria de Melhor Atriz em Drama. Annalise Keating é uma personagem imperfeita, complexa, poderosa e que sai do lugar comum da representação da mulher negra como segregada e estereotipada.

Imagem em destaque: colagem feita por Jessica Bandeira.

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Apaixonada por tudo relacionado ao cinema e ao audiovisual. Gosta principalmente de ver mulheres fortes e felizes nas telonas e nas telinhas. Por isso, depois de trabalhar muitos anos em televisão, decidiu estudar mais sobre o assunto e fez um doutorado no tema pra ajudar na reflexão do papel da mulher no cinema, e poder dividir opiniões e pensamentos com mais apaixonadas/os como ela.
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