[SÉRIES] Castle Rock – Primeiras Impressões: Um profundo e satisfatório mergulho na obra de Stephen King

[SÉRIES] Castle Rock – Primeiras Impressões: Um profundo e satisfatório mergulho na obra de Stephen King

No último dia 25 de julho chegou ao serviço de streaming Hulu os três primeiros episódios da série antológica Castle Rock. Criada por Sam Shaw (“Manhattan”, “Masters of Sex”) e Dustin Thomason, com produção de J.J. Abrams, a série conta com um elenco de nomes como Bill Skarsgård, Scott Glenn, Sissy Spacek, Terry O’Quinn, André Holland e Melanie Lynskey. A produção tem a difícil missão de reunir o vasto universo criado por Stephen King, numa trama de suspense e terror original. Com 10 episódios encomendados pela plataforma, essa primeira temporada trará vários personagens inspirados nas clássicas obras de King.

Clima de suspense e mistério

Os cinco episódios iniciais liberados deixaram muitas interrogações no ar, começando com seus protagonistas, interpretados por André Holland e Melanie Lynskey, que aparentemente são vítimas das circunstâncias. Até o terceiro episódio não temos ideia do que realmente está acontecendo, e o clima de suspense e confusão permanece até o final. A atmosfera da produção ajuda a intensificar o suspense. Com cores sombrias, a cidade de Castle Rock da série faz jus ao universo literário criado por Stephen King.

O episódio piloto tem como foco Henry Deaver (André Holland), um advogado de defesa do Texas, que possui um passado nebuloso devido a suspeita de ter assassinado o pastor que o adotou. Após Henry receber o telefonema de um policial, informando que um homem estranho (Bill Skarsgård) que estava mantido em cativeiro na prisão de Shawshank, chamou pelo seu nome, Henry decide retornar em sua cidade natal, em Castle Rock, para saber o motivo dessa ligação. Quando chega na cidade, ele reencontra sua mãe adotiva, Ruth (Sissy Spacek), que sofre de demência, além de sua amiga de infância, Molly Strand (Melanie Lynskey).

Já no final desse piloto dá ter uma noção do tamanho da violência e do terror que podemos esperar futuramente. Não é aconselhável assistir esse episódio desvinculado dos outros episódios, ele não fornece quase nenhuma pista e causa muita agonia, devido ao não entendimento que ele provoca.

Castle Rock

A espectadora mais ansiosa irá sofrer um pouco. O streaming Hulu já avisou que ira liberar um episódio por semana. Talvez isso seja algo que possa prejudicar um pouco a experiência de assistir a série. Do pouco que vimos, fica claro que uma maratona é a melhor opção para assistir os episódios que são altamente conectados. Se o piloto pode dividir opiniões, o segundo já nos fornece mais camadas. O homem estranho (Bill Skarsgård) aparentemente tem poderes, e o mistério sobre sua identidade fica cada vez mais forte.

Somos apresentadas a personagem Molly Strand e sua relação com Henry Deaver. Deprimida, nervosa e cheia de pílulas no sangue, Molly é uma corretora de imóveis de uma cidade economicamente decadente, que possui uma relação estranha com seu vizinho de infância. O que vimos até o momento é que ela tem poderes obscuros e será possivelmente a única aliada de Deaver na cidade.

Mesmo com o clima de suspense, a produção tem espaço para o humor, com algumas tiradas bem-humoradas do Xerife aposentado, Alan Pangbord (interpretado por Scott Glenn). Os primeiros episódios já entregam que a série deve mesclar o terror com um humor ácido e irônico, bem no estilo de Stephen King.

Uma boa notícia para os fás do autor é que a série deve investir em referências visuais, como por exemplo quando a câmera foca no crachá do Xerife e o nome “PANGBORN” fica visível. Para quem não conhece à obra do autor, esse nome faz referência ao personagem principal do livro “A Metade Negra”. Outra aparição fica por conta do ratinho de “Um Sonho de Liberdade”. Mas, infelizmente, um outro exemplo, não muito bom, é que a aparição de animais mortos, que são costumeiras nas obras de King, estará presente na produção.

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O terceiro episódio começa com a revelação de um segredo obscuro de Molly, com direito a aparição de um grupo de crianças que faz alusão a “Colheita Maldita”. Se nos dois primeiros episódios o foco fica em Henry, o terceiro é quase exclusivamente aos possíveis devaneios de Molly, com direito até uma insinuação de romance com Henry.

Tirando os dois protagonistas e o homem desconhecido, que de forma lenta vão ganhando desenvolvimento, a construção genérica dos personagens secundários pode incomodar um pouco. Sabemos que tais personagens são referências e até a escolha dos atores tem a ver com isso, porém, gostaríamos de ver um desenvolvimento maior na trama, que ajudaria em uma conexão melhor com a narrativa. 

O quarto episódio é o mais cansativo da temporada até o momento, apesar do seu final surpreendente compensar o ritmo lento. Os acontecimentos finais desse episódio serão desenvolvidos no quinto. Com um foco na revelação dos motivos da permanência do personagem de Bill Skarsgård na prisão, o clima de terror sobrenatural aumenta e a conexão com uma das obras mais amadas de Stephen King, “O Iluminado”, ficará evidente através do monólogo em off de Jacke Torrance (Jane Levy) sobre o passado de Castle Rock. 

Para o sexto e próximo episódio podemos esperar grandes acontecimentos. Castle Rock é uma pequena reunião do elenco de “It: A coisa“. Além de Bill Skarsgård, o ator Chosen Jacons que interpretou Mike Hanlon na primeira parte do reboot, entra para o elenco no papel de Wendell Deaver, filho de Henry Deaver.

Com cinco episódios para serem lançados ainda, Castle Rock tem tudo para se tornar umas das melhores produções do vasto universo estendido de Stephen King. Com um clima de suspense, terror e humor, os três episódios deixam qualquer uma ansiosa para o que vem por aí.

https://www.youtube.com/watch?v=gXsKCQenpt0

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Graduada em Ciências Sociais. Cineasta amadora. Viciada em livros, séries e K-dramas. Mediadora do Leia Mulheres de Niterói (RJ).
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