“A Bruxa” e 5 dicas de livros malditos que você deveria ler

“A Bruxa” e 5 dicas de livros malditos que você deveria ler

Se você e fã de filmes de terror já deve estar sabendo de todo o barulho em volta do filme de Robert Eggers, A Bruxa, que estreou no Brasil no dia 03 de Março.

O filme, cuja história é baseada parte no folclore da Nova Inglaterra do século XVII e parte em julgamentos reais que ocorreram naquela época de puritanismo, não recebeu menos do que 4 estrelas da crítica especializada e até mesmo o mestre do suspense, Stephen King, disse que o filme o fez perder o sono.

Exageros sempre acontecem e o marketing da distribuidora do filme exagerou bastante, mas a verdade é que A Bruxa é um excelente filme de terror e veio no momento certo em que o gênero precisava de uma repaginada. Nada de artifícios de “susto”, nenhum gato pulando da janela, ou monstro saindo de baixo da cama, o terror aqui é construído em passo lento conforme você se apega aos personagens e seus dramas familiares.

Confira a nossa crítica do filme aqui.

Mas como a tag ali em cima diz, essa não é uma resenha de filme, mas sim de livros, então, se você assistiu “A Bruxa” e gostou da capirotagem, aqui estão algumas dicas de leitura para aproveitar o clima.

1) “Os Demônios da Loucura”, de Aldous Huxley

Livro de não ficção do autor de “Admirável Mundo Novo”, “Os Demônios da Loucura” (The Devils of Loudun, no original) é um estudo do autor sobre um suposto caso de possessão em massa de freiras da cidade de Loudun no século XVII.

Após julgamento do caso, o padre Urban Grandier foi acusado de seduzir todas às freiras do convento e condenado à morte na fogueira, mas mesmo alguns anos após a morte do padre, as freiras ainda estavam passando por exorcismos. O livro apresenta cópias dos documentos dos julgamentos da época, assim como cartas e relatos por escrito de testemunhas.

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2) “O Exorcista”, de William Peter Blatley

O clássico absoluto do gênero, O exorcista foi escrito em 1971 por William Peter Blatley que também foi o responsável pelo roteiro da versão cinematográfica, pelo qual ganhou um Oscar de melhor roteiro adaptado em 1974. O livro conta a história da atriz de Hollywood, Chris McNeil, que precisa lidar com a mudança comportamental de sua filha de 12 anos, Reagan, que se transformou de uma doce criança em uma criatura perversa.

Em paralelo conhecemos a história do padre Damien Karras, que em primeiro momento avalia Reagan como um psiquiatra, pois passa por uma crise pessoal de perda de fé após a morte da mãe e por fim o padre veterano Lankester Merrin que está envolvido na escavação arqueológica e começa a receber sinais de que um mal que ele já havia combatido no passado pode ter voltado.

O exorcista tem tudo o que faz um clássico de terror (não é à toa que todos os filmes promissores do gênero são chamados de “O novo exorcista”) desde a construção de seus personagens, todos passando por batalhas internas com a culpa, nosso demônio pessoal, passando pela investigação de um assassinato relacionado à profanação de imagens sagradas, até a descrição da corrupção da inocência pelo mais puro mal, como se não bastasse, reza a lenda de que a adaptação do livro para o cinema sofreu com uma maldição que causou vários acidentes e até mesmo a morte de um dos envolvidos na produção.

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3) “As Bruxas de Salem”, de Arthur Miller

Escrito pelo renomado  dramaturgo Arthur Miller, o livro retrata os eventos  de superstição e paranoia exacerbadas que ocorreram no pequeno vilarejo de Salem, Massachusetts, nos Estados Unidos em 1692 quando dezenove pessoas e dois cães foram acusados do crime de bruxaria e enforcados. Nesse povoado puritano da Nova Inglaterra, garotas do povoado local são surpreendidas em meio a danças na floresta pelo reverendo local, a filha do próprio reverendo, cai então em uma espécie de coma e os boatos acerca de bruxaria começam a se espalhar.

Após interrogarem Tituba, ela admite ter uma ligação com o diabo e acusa várias pessoas da comunidade de terem pactos com satã. Uma das garotas da floresta, Abigail, apaixonada por um fazendeiro local com quem se relacionou enquanto trabalhava na casa dele, se junta a ela nas acusações deflagrando uma onda de paranoia e perseguições.

Não bastasse a ótima escrita de Arthur Miller para tornar “As Bruxas de Salem” uma leitura obrigatória, ainda há todo o contexto que o levou a escrevê-la. Na década de 1950, ocorria nos Estados Unidos uma espécie de caça aos comunistas, muito similar à caça às bruxas do século XVII. O próprio Miller foi preso e interrogado sobre suas atividades anti-americanas. Vale a pena conferir também a versão cinematográfica com Wynona Ryder e Daniel Day-Lewis no elenco.

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4) “Até o Fim da Queda”, de Ivan Mizanzuki

Esse romance fix-up lançado em 2015 pela Editora Draco conta a história de uma série de suicídios que possuem uma estranha ligação com um livro maldito. Na história, um suicídio misterioso ocorrido em 1993 permanece sem solução até que, anos depois, o famoso escritor de livros de terror, Daniel Farias, escreve um livro que relaciona o ocorrido com a Ordem do Dragão Vermelho, uma seita que teve origem em século XVI a partir de uma garota possuída.

Quando o livro entra para a lista dos best-seller, uma série de suicídios de pessoas aparentemente sem conexão entre si chama a atenção para o livro, gerando a discussão ele deve continuar em circulação ou não. A novidade do livro vem por conta de sua narrativa, contada através de diversas fontes como as entrevistas que o autor do livro dá, as notas de jornal  noticiando os suicídios, páginas de um livro que conta a história da seita e do exorcismo do século XVI. Tudo isso vai sendo utilizado para a construção da história até chegarmos ao final impactante.

O design do livro é uma atração à parte, vale muito a pena obter o livro físico e não o digital, pois a riqueza de detalhes, desde as fontes até as diversas figuras que ilustram a história são essenciais para o clima do livro.

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5) “Exorcismos, Amores e Uma Dose de Blues”, de Eric Novello

Mais um livro de autor nacional, mas nesse caso mais puxado para a fantasia urbana. Aqui conhecemos o mago exorcista Tiago Boanerges, exilado de sua antiga ordem após cometer um erro, recebe uma proposta de seu antigo chefe que, se der certo, pode ser a chance de voltar ao auge e aos bons olhos do Conselho de Hórus. Para mim é impossível não lembrar de Hellblazer quando falo desse livro, mas não pense que é uma cópia barata, pois nada nesse livro é óbvio ou previsível. Os personagens são complexos e os cenários de Libertá e Entremundos foram feitos para deixar qualquer fã do gênero fantástico feliz.

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46 Textos

Formada em Comunicação Social, mãe de um rebelde de cabelos cor de fogo e cinco gatos. Apaixonou-se por arte sequencial ainda na infância quando colocou as mãos em uma revista do Batman nos anos 90. Gosta de filmes, mas prefere os seriados. Caso encontrasse uma máquina do tempo, voltaria ao passado e ganharia a vida escrevendo histórias de terror para revistas Pulp. Holden Caulfield é o melhor dos seus amigos imaginários.
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