[DICAS] Mulheres que você precisa conhecer

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Seja nos quadrinhos, literatura, música ou cinema. Tem muita mulher incrível espalhada pelo mundo com obras excelentes. 

Aproveitando o mês da mulher, reunimos várias dicas de obras produzidas por mulheres de nossas colaboradoras e convidadas especiais. Confira a seguir.

.  Ticiane Vitória

[LIVRO] “Feminismo: Que História é Essa?” – Daniela Auad

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Eu sou aquele tipo de pessoa que tem mil e uma recomendações na ponta da língua. Adoro fazer isso, mas fazer apenas uma é um desafio e tanto. Por isso, minha recomendação vai de encontro com uma tarefa, às vezes cansativa, que nós feministas temos em explicar o que, de fato, é feminismo (até fiz post sobre). Por isso eu indico o livro “Feminismo: que história é essa?”, da Daniela Auad, pela qual eu tenho grande carinho e admiração pessoal. Daniela consegue, de forma didática, abordar esta e outras temáticas, além de chamar a atenção à necessidade de se discutir gênero na educação tendo em vista que, como a autora mesma cita:

“(…) a educação é vista como poderosa arma para conquistar a igualdade de direitos entre mulheres e homens na sociedade”.

Para finalizar a minha indicação, gostaria de citar um dos trechos que mais gosto no livro:

“Antes de entender o que é feminismo, é conveniente entender o que o feminismo não é. Feminismo não é, por exemplo, queima de sutiãs, embora esse mito tenha se consolidado no imaginário de muitas pessoas desde o final dos anos 1960. Feminismo não é um grupo raivoso de mulheres “feias” ou “mal-amadas”, versão das mais grosseiramente estereotipadas por quem não compreende e parece não fazer nenhuma de compreender as reais engrenagens do movimento. Feminismo não é, tampouco, uma ideologia calcada em privilégios para as mulheres e desvantagens de toda espécie para os homens. Feminismo também não é algo uno, absoluto, monocromático. Ao contrário, seus diversos matizes representam a ampla variedade de mulheres do Brasil e do mundo, com crenças, desejos, objetivos e valores distintos. (…)”


. Carla Acácio:

[LIVRO] “A Hora das Bruxas” – Anne Rice

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Acho que todo mundo, ou quase, deve conhecer a Anne Rice. Ela é uma autora incrível e disso todo mundo sabe. O que talvez nem todos saibam é que além das crônicas vampirescas, ela também escreveu uma série de 4 livros sobre as bruxas Mayfair. Esses livros provavelmente não virarão filmes, não por serem piores que as crônicas vampirescas, mas porque conta a história das bruxas Mayfair, desde Suzanne Mayfair que há 300 anos invocou um espírito chamado Lasher, que passa de geração em geração, de mãe para filha entre as bruxas. A história seria complicadíssima de se colocar em um filme e por isso recomendo a leitura. Os livros são incríveis, super intrigantes, inteligentes e aprendi a nunca subestimar espíritos e nem a Anne Rice.


Marcela Tang:

[LIVRO] “Vivendo com as Estrelas” – Duília de Mello

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Duília de Mello é uma astrônoma brasileira que hoje vive e leciona nos Estados Unidos e em 2013 foi escolhida como uma das 10 mulheres que mudaram o Brasil. Seu livro Vivendo com as estrelas nasceu a partir das dúvidas de alunos sobre a importância do astrônomo nos dias de hoje em que ninguém tem tempo para olhar para as estrelas. No livro, Duília conta sua trajetória de garota curiosa do interior de São Paulo até a descoberta de uma Supernova em 1997 e sua participação em outras grandes descobertas astronômicas. É um ótimo livro de divulgação científica para crianças e adolescentes.


. Caroline Santos:

[LIVRO] “Ao Farol” – Virginia Woolf

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Virginia Woolf foi uma das maiores escritoras modernistas do século XX e até hoje suas obras perpetuam o tempo. No ano de 1927 ela lança “Ao Farol”. Esse seria o livro que teria maior teor autobiográfico, mas como uma escritora multifacetada que é, ela encobre qualquer vestígio autobiográfico e desmembra as relações de uma família.

Em “Ao Farol” ela revisita o passado, repensa nas memórias de infância, revê os fantasmas de seus pais para poder seguir enfrente. Nele ela cria o retrato de uma família, as nuances de seus sentimentos e os divide em indivíduos mostrando as mudanças que o tempo carrega consigo. Com uma escrita bela e envolvente ela retira o véu que esconde as tensões e fraquezas que há em uma família.


. Anna Carolina:

[CD] Selvática” –  Karina Buhr

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O cerne desse trabalho é força. Karina já é conhecida como uma cantora impetuosa desde seus trabalhos mais antigos. Ativista desde então também, vestindo literalmente a camisa de movimentos como o “Ocupe Estelita” (ocupação que aconteceu aqui em Pernambuco) e feminista que já foi taxada de louca por outros músicos por suas alegações. Em “Selvática” ela concatena a força da sua personalidade à música e ao discurso de empoderamento feminino. Desde a capa, que mostra a própria com o peito nu e um punhal, até as melodias também marcadas por força e as letras de revogam a necessidade imposta à mulher de ser delicada. Além disso, ela transita por muitos temas políticos e sociais de forma extremamente lírica, sem deixar de ser incisiva. Isso não significa que a sensibilidade do álbum não tenha espaço para sutileza. Há experimentações profundas de um estilo mais intimista no meio se tudo o que se mistura nas temáticas das letras. É um disco denso. Um soco muito bom de se levar. Recomendo.


. Monique Costa:

[FILME] “Olmo e a Gaivota” –  Petra Costa

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Depois de tocar a minha alma com “Elena”, passei a seguir Petra Costa – a diretora do filme – nas redes sociais, esperando assiduamente um novo trabalho dela. E não demorou muito. No ano passado, junto com Lea Gloob, a brasileira dirigiu “Olmo e a Gaivota”, onde mergulhamos na vida de Olivia Corsini durante sua gravidez. Com o marido viajando a trabalho, a atriz se vê completamente sozinha e sem saber lidar com sua situação. Surgem incertezas e inseguranças, e Olivia começa a se questionar se isto é o que ela realmente quer para a sua vida. É um filme sutil e ao mesmo intenso, que relata um assunto muito difícil de se encontrar nas telas: o não tão florido período de gestação. Altamente recomendado, independente se querem ou não ter filhos.


. Aline Dias:

[MÚSICA] Paz Lenchantin

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Paz Lenchantin é uma jovem musicista com um histórico invejável. Nascida na Argentina mudou-se com os pais para Califórnia aos quatro anos, aos cinco começou a tomar aulas de piano – toca violino, guitarra e seu instrumento oficial é o contrabaixo. Fez parte da banda “A Perfect Circle” com quem gravou o aclamado “Mer de Noms”. Abandonou o projeto para se juntar a Billy Corgan na formação da banda “Zwan” e mais tarde formou a banda só com integrantes mulheres “The Chelsea” ao lado de Melissa Auf Der Maur, Samantha Maloney e Radio Sloan. Paz também colaborou nos álbuns “Emotive” do A Perfect Circle, “Songs For The Deaf” do “Queens of the Stone Age”e no primeiro álbum solo da baixista Melissa Auf der Maur.
Em 2005 Paz fundou a banda “Entrance” junto com o amigo Guy Blakeslee. Apesar de se dedicar a vários trabalhos paralelos, escreveu e produziu dois excelentes álbuns solo: “Yellow my Sky Captain” e “Songs for Luci”, esse último apenas com músicas instrumentais. Em 2012 participou ao lado da mãe, a pianista Analía Lenchatin, e da irmã, a violoncelista Ana Lenchantin, da faixa “Mujer” no álbum “El Nuevo Rumbo” de Amelita Baltar. Desde 2013 é baixista da banda Pixies. 
Paz é uma multi-instrumentista talentosa que conquistou lugar de destaque em um cenário predominantemente masculino, tocou e toca com bandas consagradas e é uma das grandes representantes do Rock na atualidade.


. Manu Cunhas:

[MANGÁ] “Fullmetal Alchemist” – Hiromu Arakawa

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A minha recomendação aqui vai parecer um pouco chover no molhado para quem já lê mangás. “Fullmetal Alchemist” é um mangá de 108 capítulos, sucesso de vendas no mundo inteiro, que deu origem a animes, OVAs, jogos e diversos outros produtos licenciados. Ele foi publicado pela editora JBC em 2007 aqui no Brasil, contando com 54 volumes. O universo ricamente ilustrado, é baseado no período pós-Revolução industrial europeu, em uma realidade onde a Alquimia é possível e é vista como ciência de ponta, ficando principalmente sob o controle do governo.

A história gira em torno dos irmãos Edward e Alphonse Elric, que estão em busca de seus corpos perdidos ao tentar tragicamente ressuscitar a própria mãe. O mangá de desenvolve entre partes cômicas, tramas políticas, dramas pessoais e muita porradaria bem desenhada, apresentando nesse meio tempo personagens fortes e complexos. Que esse trabalho é fantástico já é um consenso, mas pouca gente sabe que o autor é uma mulher, a incrível Hiromu Arakawa.

Apesar de existirem muitas autoras japonesas de mangá, é raríssimo encontrá-las produzindo shounen, termo usado para categorizar os mangás “voltados para jovens homens”. Inclusive, por haver um enorme preconceito desse público e das editoras com autoras femininas, ela usava um pseudônimo masculino, aproveitando que o primeiro caractere de seu nome é escrito da mesma forma que nome masculino Hiromu (seu nome de nascimento é Hiromi). Além do Fullmetal, recomendo a leitura de todos os trabalhos da autora, amplamente premiados no Japão.


. Isabelle Simões:

[QUADRINHO] “Arquipélago” – Laura Athayde

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Arquipélago é um quadrinho que não tem protagonismo. É uma história curta que deixa várias reflexões importantes e pertinentes na sociedade atual. A autora e quadrinista da obra, Laura Athayde, desconstrói paradigmas abordando temas como a religiosidade, preconceitos e o capitalismo como contribuição para a violência cotidiana. Ao mesmo tempo que todos almejam a requisitada “felicidade”, Laura demonstra em sua obra como as pessoas são indiferentes, preguiçosas e cercadas de um ódio gratuito, repassando dia após dia preconceitos, sem ao menos refletirem e buscarem conhecimento para a contribuição de uma sociedade mais igualitária. 


Convidadas

. Lara Vascouto (Criadora e redatora do site “Nó de Oito“): 

[LIVRO] “Hibisco Roxo” – Chimamanda Ngozi Adichie

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Hibisco Roxo foi o primeiro romance da aclamada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. Inteiro narrado na primeira pessoa pela garota Kambili, o livro conta a história da protagonista e sua família e as dificuldades que ela enfrenta nas mãos de um pai fanático religioso e violento. Com maestria, Adichie conduz a história mostrando com clareza a prisão de medo e devoção em que vive Kambili, seu irmão Jaja e sua mãe, apesar de serem uma família extremamente rica e privilegiada. Ao mesmo tempo em que Adichie explora as nuances perversas de relacionamentos abusivos – mostrando o amor e devoção quase que incondicionais de Kambili por seu pai e carrasco, assim como o carinho e sofrimento deste após aplicar suas “punições” nos filhos e na esposa -, ela também expõe os efeitos perversos da colonização branca na África, que trouxe, entre muitos males, um catolicismo tirânico e destruidor de crenças e costumes locais. Além disso, o livro ainda traz um panorama riquíssimo da situação política e social da Nigéria atual na figura de tia Ifeoma e seus filhos, que provocam o início do despertar de Kambili.

Apesar de ter sido o primeiro livro da autora, para mim ele foi o segundo na minha jornada “adichiana”, que começou com a obra-prima “Americanah”. Em nenhum momento, no entanto, Hibisco Roxo pode ser reconhecido como uma “obra de iniciante”. Tanto quanto Americanah, é uma verdadeira obra-prima dos nossos tempos, que já tem um lugar privilegiado na minha prateleira de favoritos.


. Thaís Campolina (Escreve para Ativismo de Sofá, Alpaca Press e Mulheres Notáveis) :

[LIVRO] “Meus Desacontecimentos” – Eliane Brum

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A obra narra as memórias da infância da autora de uma forma tocante e é ali, no meio das histórias dela e de sua família, que encontramos uma declaração de amor ao ato de escrever e de contar histórias. Esse livro foi capaz de reviver minha vontade de ser escritora, que andava adormecida. Foi a melhor leitura que fiz em 2015.

 

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