[DICAS] Mulheres que você precisa conhecer (parte 2)

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Aproveitando o mês da mulher, reunimos várias dicas de obras produzidas por mulheres de nossas colaboradoras e algumas convidadas especiais. Esse é o segundo post com dicas, o primeiro você poderá visualizar aqui.

Seja nos quadrinhos, literatura, música ou cinema. Tem muita mulher incrível espalhada pelo mundo com obras excelentes. Confira abaixo.

Colaboradoras

. Manu Cunhas:

[QUADRINHO] “Prague Race”, de Petra Erika Nordlund

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Minha recomendação de hoje vai ser da web comic Prague Race, de Petra Erika Nordlund, mais  conhecida por LEPPU. Ela é ilustradora e devo dizer que é meio complicado de se informar sobre sua vida, mas o trabalho é sensacional. O traço é super espontâneo, com muita pintura tradicional em aguada nanquim, aquarela e grafite. Uma característica bem interessante de sua produção é a grande diversidade que aparece dentre as criaturas desenhadas, representando tipos físicos, gêneros e etnias que normalmente são ignorados.

Cada página da HQ é postada (mais ou menos) semanalmente, com  8 capítulos já prontos, além de alguns fillers. É legal que dá de acompanhar a evolução do estilo dela, já que por ser um trabalho produzido ao longo de muito tempo, o traço foi se alterando e as técnicas de acabamento também, passando por grafite, marcador e nanquim. Infelizmente só está disponível em inglês, mas vale só pela leitura visual, caso a língua não seja o seu forte.

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A história é bastante bem humorada, embora carregue um pouco de tensão eventual. Ela começa apresentando Leona, uma personagem com pouquíssimo senso comum, mas dois ótimos amigos. Ela entra numa loja de antiguidades e acaba levando para casa um pôster amaldiçoado, que cria uma enorme confusão em sua vida e na dos seus pobres companheiros. Dali em diante a história de desenrola entre lutas, universos fantásticos e aparições de personagens bastante peculiares. As páginas são super ricas e é uma delícia analisar os detalhes esquisitos dos cenários e roupas, certamente uma grande fonte de inspiração para ilustradores, roteiristas e leitores.

Você pode ler online e gratuitamente aqui: Prague Race


. Monique Costa:

[LIVRO] “Arquivos Serial Killers. Made in Brazil”, de Ilana Casoy

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Esta recomendação vai para as que assim como eu, têm essa estranha curiosidade sobre serial killers.
Pesquisadora, escritora, formada em Administração pela FGV, e Especialista em Criminologia pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), Ilana já atuou em diversos segmentos que envolvem crimes. Colaborou com a Polícia Civil e/ou Técnico Científica, Ministério Público e Advogados de Defesa de São Paulo e de outros estados para ajudar na elaboração da análise criminal de casos em andamento.
Neste segundo livro do Box “Arquivos Serial Killers”, Ilana trata sobre alguns casos brasileiros, e aborda de uma forma maravilhosa, levantando questões específicas da nossa sociedade, história, economia e política. Definitivamente um dos melhores materiais que já li, e isso se dá também a sua forma de adaptar a escrita a cada caso específico, que deixa a leitura muito mais fácil e agradável (tirando as partes das entrevistas, que são bem extensas, mas que para quem curte é também um ótimo material).
Compre aqui: Amazon

. Joice Berth:

[LIVRO] “Mulheres, Raça e Classe”, de Angela Davis

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Angela Yvonne Davis é uma das personalidades mais influentes e bem posicionadas da história mundial. Participou ativamente na década de 60 do Partido dos Panteras Negras, onde acabou por protagonizar uma perseguição política que teve desfecho favorável devido, entre outras coisas, a intervenção da opinião pública a seu favor. Intelectual de primeira grandeza, tem nesse livro escrito em 1981, um verdadeiro tratado de fundamental importância para se entender os mecanismos de dominação da força de trabalho de pessoas negras e nos direciona para o pensamento que define a necessidade de se estabelecer a intersecção dentro do feminismo, considerando as relações fundamentais entre raça, classe social e gênero.

Em um momento onde o feminismo negro ganha força, com o destaque de algumas vozes e com a abertura de pautas até então negligenciada pelo modelo universal de mulher que se apresentou como excludente na discussão das particularidades existente dentro das lutas feministas, esse livro convida a uma profunda reflexão que se inicia ainda no período escravagista nos guiando pelos caminhos que pautam ainda hoje as relações trabalhistas que não favorecem a raça negra, mais especificamente a mulher negra, base da pirâmide social e somatório de duas opressões, quais sejam, machismo e racismo.

Compre aqui:  Livraria Cultura


. Marcela Tang:

[MANGÁ] “Morte – A Festa” e “Dead Boys Detectives”, de Jill Thompson

Jill Thompson é uma roteirista e ilustradora americana envolvida em vários títulos da DC e do selo Vertigo (Mulher Maravilha, Monstro do Pântano, Invisíveis, Fábulas, entre outros), publicou a Graphic Novel Scary Godmother pela Image, trabalhou em títulos chave da DrakHorse (Hellboy) e foi ganhadora do prêmio Eisner (o Oscar dos quadrinhos, como a Globo diria) em diversas ocasiões, mas seus trabalhos mais conhecidos do público são aqueles relacionados a Sandman de Neil Gaiman e seus spin-offs. 

Em “Morte, a festa” a irmã mais velha de Morpheus recebe as visitas dos fugitivos do inferno por conta dos eventos narrados em “Sandman: Estação das Brumas” e precisa lidar com a bagunça, com a ajuda de suas irmãs Delírio e Desespero, que se forma em sua casa enquanto a nova liderança do inferno é decidida.

Também retirados de “Estação das Brumas” os adolescentes Charles Rowland e Edwin Paine ganharam um spin-off pelas mãos de Thompson em “Dead Boys Detectives” onde os dois fantasmas continuam vagando pelo mundo dos vivos fugindo da Morte e solucionando crimes.

O trabalho da Jill Thompson é especial para mim, não só por sua qualidade, mas porque foi através dela que eu soube que mulheres também gostavam de quadrinhos e trabalhavam com essa arte, isso fez toda a diferença na minha forma de enxergar meu hobby e a mim mesma.


. Isabelle Simões:

[MÚSICA] CD “Germfree Adolescents“, da banda X-Ray Spex

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Quando ouvi essa banda pela primeira vez – que aconteceu por acaso no Youtube, procurando bandas diferentes para ouvir – pensei: “Como eu não descobri essa banda antes?” 

X-Ray Spex é uma banda londrina de punk rock bem antiga, formada em 1976 pela vocalista Poly Styrene. A banda lançou 5 singles e apenas um álbum. O primeiro single da banda chamado “Oh Bondage Up Yours!” é reconhecido como um single clássico do punk rock. No começo dessa música Poly Styrene canta: “Algumas pessoas pensam que as garotas devem ser vistas e não ouvidas, mas eu acho, oh bondage, up yours!“. Portanto, a canção pode ser interpretada como o prenúncio do movimento musical feminista chamado riot grrrl, inspirando cantoras e compositoras como Kathleen Hanna – da clássica banda de riot grrrl Bikini Kill.

O álbum Germfree Adolescents é um clássico do punk rock e para quem gosta do gênero musical, não pode deixar de conhecer! E como eu gostaria de ter descoberto antes!
A vocalista Poly Styrene manda muito bem. As letras são bem “ácidas” e a performance dela ao vivo é eletrizante (grrrl power!). O que eu mais gostei nas canções é a mistura do punk rock com solos de saxofone.

No youtube tem algumas apresentações de shows e vale a pena conferir todas. Vou parar de falar e apenas deixar isso aqui:

Você pode ouvir o álbum completo através desse link abaixo (Obs: o cd está indisponível nas lojas nacionais) :


. Aline Dias:

[LIVRO] “A Arte de Pedir”, de Amanda Palmer

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A Arte de Pedir“, escrito pela artista Amanda Palmer, foi lançado pela editora Intrínseca em 2015. O livro é sobre ter coragem para pedir e receber, esses são os fatores principais com que a autora escreve essa autobiografia sincera e fundamental para qualquer pessoa que ame arte.

Amanda se tornou notável pelo projeto mais bem sucedido de financiamento coletivo (crowdfunding), do seu país. Em 2012 ela arrecadou 1,2 milhões para gravar seu primeiro álbum solo “Theatre Evil” e com isso foi convidada para palestrar no TED – com o mesmo título do seu livro – que teve um grande número de visualizações, sobre os anos em que trabalhou como estátua viva em uma esquina de NY.

O livro fala justamente sobre o trabalho como artista de rua e a comunicação com os fãs através das redes sociais, das vaquinhas pela internet – além de abrigo, alimentação e todas as condições necessárias para suas apresentações enquanto esteve em turnê – tudo partindo de uma troca genuína com os fãs e apoiadores.

Amanda ainda nos presenteia com relatos de sua união com o escritor Neil Gaiman e emociona ao falar do amigo, o psicoterapeuta e escritor Anthony Martignetti, que faleceu logo após o livro ser lançado, e que tempos depois emprestou seu nome para o primeiro filho do casal, nascido no mesmo ano.

Compre aqui: Amazon


.  Ticiane Vitória

[LIVRO] “Beleza Real”, de Evelyn Queiróz (Negahamburguer)

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Imagem: Crédito

O trabalho da Negahamburguer sempre me impressionou bastante e vi naquela artista feminista uma forma de militância única e real. Ela consegue, de fato, alcançar as mulheres. Com seus traços e empatia únicos, a nega me ganhou e admiro cada vez mais o seu trabalho e militância. Por isso a minha dica não poderia deixar de ser o livro “Beleza Real”, que foi concebido através de muito esforço e dedicação dela e também por conta de um financiamento coletivo no Catarse. Beleza Real é um livro lindo, forte e empoderador que ao mesmo tempo nos dilacera de uma forma arrebatadora.

O livro é composto por relatos de mulheres “reais” que participaram do projeto Beleza Real, e que compartilham conosco suas histórias que ganham ainda mais vida através das ilustrações da Negahamburguer. Histórias de mulheres fodas que sofreram algum tipo de discriminação/preconceito e que conseguem, de alguma forma, nos fortalecer ou, ao menos, consolar.

Vocês podem conferir todos os textos do livro aqui: Beleza RealE quem tiver interesse em comprar, pode entrar em contato com a própria artista através da sua página do Facebook (Negahamburguer) que ela lhe informará todos os detalhes para a adquirir o livro.


. Carla Acácio:

[QUADRINHO] “The Witch Who Loved”, de Juliana Loyola 

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The Witch Who Loved” é uma HQ pequena, de narrativa visual (sem fala) sobre uma bruxa que vive na floresta. O quadrinho é desenhado e escrito pela brasileira Juliana Loyola. Os traços da artista são muito bonitos. E ainda existe uma possibilidade do lançamento de mais dois volumes.

Você pode adquirir o quadrinho através do facebook da própria Juliana: Página


. Lorena

[FILME] “Eu, Você e Todos Nós”, de Miranda July

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Miranda July é aquela artista que qualquer mulher gostaria de ser. Se aventura em todas as áreas possíveis, incluindo a escrita, as instalações de arte e até aplicativos de celular. Mas o meu trabalho preferido dela tem que ser “Eu, Você e Todos Nós”. O filme é de 2005, e é um dos mais divertidos e sensíveis que vi nos últimos anos. O jeito como Miranda explora conflitos familiares, através do personagem Richard e seus filhos Peter e Robby, e questiona sobre a proximidade entre as pessoas e seus comportamentos, faz com que pensemos sobre nós mesmos de uma forma um pouco mais sincera e profunda. Relacionamentos acabam sendo o tema principal do filme, e ela o desenvolve com muita delicadeza e simplicidade.


Convidadas

. Lara Vascouto (Criadora e redatora do site “Nó de Oito“): 

[Livro] “O Pintassilgo”, de Donna Tartt

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Vencedor do prêmio Pulitzer de ficção em 2014, “O Pintassilgo” conta a história de Theo, um garoto de treze anos que sobrevive a um atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Atordoado depois da explosão, Theo caminha pelos escombros e recolhe do meio deles a famosa obra de Carel Fabritius, “O Pintassilgo”, apresentado a ele por sua mãe momentos antes do atentado acontecer. Quando Theo descobre mais tarde que sua mãe não sobreviveu ao atentado, sua luta para superar a perda se emaranha de forma irreversível ao quadro roubado de Fabritius, que representa o seu último vínculo vivo com sua mãe.

O Pintassilgo é uma história sobre perda, mas não deixa também de ser um suspense, e até um romance policial por vezes, o que lhe confere aquela qualidade que faz com que o leitor vare a noite para não ter que parar de ler. Foi o primeiro livro que li da autora, o que já me deixou ansiosa para ler também seus outros romances.

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. Thaís Campolina (Escreve para Ativismo de Sofá, Alpaca Press e Mulheres Notáveis) :

[LIVRO] “As Lendas de Dandara”, de Jarid Arraes e Aline Valek

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A minha recomendação da vez é o livro “As Lendas de Dandara“, escrito pela Jarid Arraes e ilustrado pela Aline Valek. Não se sabe ao certo se Dandara dos Palmares existiu ou não, muitos consideram que ela é apenas um mito, outros apontam que o caso dela é mais um exemplo que mostra como as mulheres notáveis são apagadas da história e a autora viu nesse conflito uma oportunidade de escrever uma história ficcional protagonizada pela personagem. Dandara é uma excelente personagem feminina: ela é corajosa, questionadora, mas não perfeita. Ela também tem defeitos, o que torna a personagem mais interessante. Indico o livro para todos que gostam de uma boa aventura protagonizada por uma mulher incrível.

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. Soraya Coelho (Escreve para Literatividade, Leitor Cabuloso e Indievisível):

[LIVRO] “Lobo de Rua”, de Janayna P. Bianchi

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Uma São Paulo sombria, em cujos becos se escondem monstros sombrios e criaturas lendárias, é o pano de fundo para “Lobo de Rua“, da escritora Janayna P. Bianchi. Raul, um jovem morador de rua, se descobre o portador de uma estranha enfermidade – a licantropia. Sozinho nas ruas da cidade, ele é obrigado a enfrentar as dores da transformação e a brutalidade de sua nova condição até ser encontrado e amparado por Tito.

Jana Bianchi descreve um mundo cru, vazio de eufemismos. O que é feio é feio. O que é fraco é fraco. As ruas fedem, as pessoas são autocentradas e há pouco espaço no mundo para um menino de rua sofrendo por um motivo tão anormal. A leitura é rápida e instigante, conduzindo o leitor há uma série de indagações. Lobo de Rua é a porta de entrada para o universo expandido que a autora está criando – a Galeria Creta – um espaço muito próprio da cidade de São Paulo, em que qualquer desejo pode ser atendido (pagando-se o preço certo). Sem dúvidas, Janayna P. Bianchi é uma valiosa aposta da literatura fantástica nacional.

As cópias físicas podem ser adquiridas diretamente com a autora, pela página da Galeria Creta. A produção é independente, então se você ler e gostar da obra, não se esqueça de divulgar.

Compre aqui: Amazon (formato ebook)

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