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CINEMA

[CINEMA] “As Horas” ou como as mulheres estão infelizes com seus papéis definidos socialmente

por Marcella Matos · 10 de junho de 2016

“Se eu pensasse claramente Leonard, eu te diria que luto sozinha no escuro, no escuro profundo e somente eu sei. Somente eu posso entender minha própria condição. Você vem me dizer que vive sob ameaça da minha extinção…eu vivo sob ela também”.

Essa análise refere-se ao filme As Horas, que foi lançado em 2002 e dirigido por Stephen Daldry.

Três mulheres, três períodos diferentes e três diferentes experiências perante a vida. O que parece uni-las é o clássico livro de Virginia Woolf, “Mrs. Dalloway”. Ao desenrolar do filme, percebemos no entanto que esse não é o único elo de ligação entre Virginia Woolf, Laura Brown e Clarissa Vaughan. Como mulheres, as três são afetadas pelo patriarcado. Suas vivências, experiências, expectativas e vontades não são definidas somente por elas, mas sim por uma sociedade que define a vivencia da mulher desde seu nascimento. 

Virginia é uma personagem forte, inteligente, imaginativa, e apesar do que seu marido Leonard pensa, não é somente definida por sua infelicidade, alucinações e tentativas de suicídio. Ao longo do filme percebemos que apesar de sua fortaleza e inteligência, Virginia não é a pessoa escolhida para guiar sua própria vida. Como ela mesma fala, em um dos melhores diálogos do filme, após Leonard afirmar que ela tem compromisso com sua lucidez:  

” Não aguento mais essa prisão! Não aguento mais essa detenção! Sou cuidada por médicos em todos os lugares que me informam meus próprios interesses!… Minha vida foi roubada de mim.” 

Laura Brown pode ser lida como o estereótipo da mulher comum: mãe e dona de casa. Exceto pelo fato de que Laura Brown não é somente o que a ela é imposto. Vivendo uma vida de desejos embutidos para a casa, filho e marido, Laura rompe com a vida que escolheram pra ela, ao escolher fugir do seu papel definido socialmente. Em uma das cenas do filme, Laura fala sobre o seu ato e percebemos aqui a pressão que ela sofria por ser mulher, por ter ‘compromisso’ com a maternidade e com a vida que apesar de viver não era a dela.  

“Eu abandonei meus dois filhos… dizem que é a pior coisa que uma mãe pode fazer… Há momentos em que você não pertence e pensa em se matar. Um dia eu fui a um hotel e mais tarde naquela noite fiz um plano. O plano era abandonar minha família . E foi o que eu fiz… seria maravilhoso dizer que me arrependi… o que significa dizer se arrepender quando não se tem escolha. Era a morte eu escolhi viver” .

Clarissa Vaughan Dalloway é uma mulher moderna. Ela vive com sua companheira Sally e criou uma filha sozinha, portanto as coisas parecem estar sob controle, exceto pelo fato de que não está. Clarissa vive sob sombras do passado e do presente, tendo sua vida fortemente influenciada por Richard, um amor antigo com o qual ela ainda tem contato. Richard é uma influência  forte, sofre de doenças degenerativas e é uma presença mais que importante na vida de Clarissa, talvez até mais importante que a própria vida dela. A vida de Clarissa desanda mais ainda quando Richard sucumbe ao sofrimento e se mata. Clarissa se vê sem chão. O que fazer com a sua vida com a morte iminente de outra vida mais importante que a sua? 

Três mulheres, três períodos diferentes, três diferente experiências perante a vida. No entanto, três experiências únicas, pois se cada vivência é única, o que dizer da vida da mulher? Clarissa, Virginia e Laura representam elas mesmas, mas também todas as mulheres (em pequena ou larga escala) que têm seus desejos submetidos aos desejos de outros, suas vidas predeterminadas, expectativas aniquiladas, particularidades neutralizadas e vivências invisibilizadas.   

Virginia fala: “minha vida foi roubada de mim”. Bem, continuemos lutando, para que nossas vidas sejam exclusividade nossa e de mais ninguém. 


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Marcella Matos

17 anos, procurando saber o que fazer. Enquanto isso, dorme, escreve e problematiza umas coisinhas.

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