[LIVRO] “O Trono de Diamante”, de David Eggins (resenha)

[LIVRO] “O Trono de Diamante”, de David Eggins (resenha)

“Na aurora do tempo, muito antes de os ancestrais de Styricum caminharem encurvados, vestindo peles e portando clavas, desde as montanhas e florestas de Zemoch em direção às planícies de Eosia Central, um troll anão e deformado chamado Ghwerig habitava uma profunda caverna escondida pela neve perpétua do norte de Thalesia.” (Ghwerig e a Bhelliom – Das lendas dos deuses Trolls)

O Trono de Diamante” é o primeiro da trilogia Elenium, uma história de alta fantasia às antigas escrita pelo americano David Eggins. 

Se você achou que o livro é mais um que seguiu o sucesso de “Guerra dos Tronos”,  você se enganou, pois “O Trono” foi originalmente publicado em 1989, dois anos antes do primeiro da série “Crônicas de Gelo e Fogo” de George R.R. Martin.

A verdadeira influência para a história vem de Tolkien e podemos perceber a influência de “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion” logo nas primeiras páginas, quando o processo de criação da Bhelliom, um artefato mágico esculpido em uma pedra preciosa  é descrito.

Mas ao contrário da maioria dos livros “crias de Tolkien”, em “O Trono de Diamante”, David Eggins preferiu dar mais atenção aos seus personagens do que tentar emular o “worldbuilding” do autor inglês. O mundo de Eosia é mais simples e parecido com o nosso, até mesmo em sua hierarquia política, inspirada nas monarquias europeias e até nas ordens de cavaleiros como os Templários. 

No primeiro capítulo, conhecemos o cavaleiro Sparhawk, da ordem dos Pandions e originário de uma família que sempre serviu como os campeões dos reis e rainhas de Elenia,  mas uma década antes do começo da história  Sparhawk foi exilado no distante reino de Rendor, devido a um golpe planejado por membros do governo que manipulavam o fraco rei Aldreas. Com a morte do rei, sua filha Ehlana foi coroada rainha possibilitando o retorno de seu mentor e amigo. 

É no meio da noite e sob uma chuva insistente que Sparhawk retorna à sua casa, clima que já profetiza a atual situação do reino, pois Ehlana caiu vítima da mesma doença misteriosa que levou seu pai e o filho bastardo da irmã do rei ocupa o lugar de regente, quando, na verdade, é totalmente manipulado pelo primado Annias, da ordem religiosa de Cimmura.

Para atrasar o rápido avanço da moléstia, os cavaleiros pandions e sua mentora em magia, a sacerdotisa Sephrenia, aprisionaram a rainha em seu trono coberto em um resistente cristal que a manterá viva, enquanto os doze envolvidos no ritual resistirem. O problema é que para manter a vida da rainha, eles comprometeram a própria energia vital e a cada mês o preço será cobrado, e quando todos morrerem, no prazo de um ano, a rainha também morrerá. É esse o motivo que faz com que Sparhawk saia em busca de uma cura para sua amada rainha e aqui a história ganha ares de aventura de RPG, quando uma comitiva se reúne para dar cabo à importante missão.

Além de Sparhawk e Sephrenia, juntam-se ao grupo Kalten, amigo de infância de Sparhawk e também membro da ordem dos Pandions. Kurik, o escudeiro sincero de Sparhawk, que não mede palavras com ninguém; cavaleiros de outras ordens aliadas; Talen, um habilidoso ladrão e uma misteriosa garotinha chamada Flauta.

O livro pode parecer deslocado no atual momento da Ficção Fantástica e o sucesso de histórias com muitos tons de cinza. Em “O Trono de Diamante” sabemos desde o princípio quem são os heróis e quem são os vilões, mas isso não estraga de forma alguma a história, pois embora seja um cavaleiro honrado, Sparhawk não é perfeito. Eu gostei muito do personagem que a princípio parecia ser o típico “durão”, mas no decorrer da história ele demonstra sua sensibilidade, lealdade e senso de proteção principalmente em relação à menina Flauta.

Mas como nem tudo são flores, apesar da boa escrita do autor, David Eggins acaba reproduzindo alguns preconceitos na descrição de outros povos de seu mundo fantástico, claramente inspirados em nações do Oriente Médio.

A tradução de Marcos Fernando de Barros Lima merece destaque, pois ele conseguiu manter o tom épico da narrativa e as belas descrições do autor possibilitando total imersão durante a leitura.

Fiz uma pesquisa sobre os outros livros da série e descobri que além dessa trilogia composta por “O Trono de Diamante”, “O Cavaleiro de Rubi” e “The Sapphire Rose” (ainda sem tradução), a história de Elenia continua em uma outra série chamada “Tamuli”, então podemos esperar muitos livros pelos próximos anos.



123553596_1GG

O Trono de Diamante

David Eggins

Editora Aleph

403 páginas

Compre aqui: Amazon 

 

Escrito por:

46 Textos

Formada em Comunicação Social, mãe de um rebelde de cabelos cor de fogo e cinco gatos. Apaixonou-se por arte sequencial ainda na infância quando colocou as mãos em uma revista do Batman nos anos 90. Gosta de filmes, mas prefere os seriados. Caso encontrasse uma máquina do tempo, voltaria ao passado e ganharia a vida escrevendo histórias de terror para revistas Pulp. Holden Caulfield é o melhor dos seus amigos imaginários.
Veja todos os textos
Follow Me :