[CINEMA] “4 meses, 3 semanas e 2 dias” e os direitos sobre nossos corpos

[CINEMA] “4 meses, 3 semanas e 2 dias” e os direitos sobre nossos corpos

4 meses, 3 semanas e 2 dias é um filme belga, dirigido por Cristian Mungiu, lançado em 2007 e vencedor do prêmio “Palma de Ouro” no Festival de Cannes. O filme se passa numa pequena cidade romena que vive seus últimos dias de comunismo. Otilia e Gabita são colegas de quarto na universidade e se veem em uma situação complicada quando Gabita engravida e o aborto no país é ilegal. Esta então procura Sr.Bebe para para resolver seu problema, porém questões mal acertadas complicam o caso de Gabita.

Contém spoilers

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Gabita dispõe de poucos recursos às suas mãos e isso é perceptível desde o início do filme. Tudo que ela tem é o apoio de sua colega de quarto, e, parte do dinheiro para contratar aquele que a ajudará no aborto que ela está prestes a fazer. O que acontece, porém, além de todas as desventuras de Gabita, é que ela mente sobre o período de gravidez e Sr.Bebe se recusa a continuar seu trabalho, a não ser que ela e Otilia façam algo por ele.

Gabita e Otilia são então coagidas a transar com Sr.Bebe, para que ele possa realizar o aborto em Gabita. Uma total violação dos seus corpos, como também o uso cruel dos privilégios masculinos sobre os corpos femininos. Gabita então é violada duas vezes, nas duas nega-se o direito à sua tomada de decisão sobre seu próprio corpo, contra as suas vontades, aumentando sua insegurança.

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Cristian Mungiu não falha em consonância com as discussões feministas a respeito dos direitos ao corpos, em demonstrar como a lacuna vazia de direitos essenciais como ao do próprio corpo prejudica a vida das mulheres. Retrata também a suposta crença em que os corpos femininos devem estar sempre disposto aos sujeitos masculinos, assim como as consequências que provém dessas realidades.

A insegurança de Gabita durante os 102 minutos de filme e a agonia do seu drama, reflete a vontade de se transpor para fora daquela situação, porém, pode também ser interpretada como um grito pelo direito a autonomia sem tutelação do Estado, ou de mais ninguém.

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17 anos, procurando saber o que fazer. Enquanto isso, dorme, escreve e problematiza umas coisinhas.
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