[LIVROS] Doce Vampira: Sobre Descobertas, Prazeres e Incertezas (Resenha)

[LIVROS] Doce Vampira: Sobre Descobertas, Prazeres e Incertezas (Resenha)

Desde que as histórias de vampiro surgiram, muitas foram suas ambientações, passando por várias épocas históricas. Em Doce Vampira, os vampiros vivem no século XXI e estão relativamente inseridos entre os humanos. A lei os reconhece e eles são atendidos com o suprimento de sangue necessário, de forma que os vampiros não precisam mais se alimentar dos humanos como única forma de sobrevivência.

Doce Vampira

Outro detalhe importante é que eles não passam o dia inteiro escondidos, mas somente uma parte dele. Têm alguns poderes comuns ao universo vampiresco, como maior velocidade, capacidade sensitiva maior, além de, logicamente, viverem por muitos e muitos anos. Infelizmente, porém, mesmo com o passar do tempo, ainda existe muito preconceito com relação a eles no momento e contexto em que a narrativa se dá.

Dito isso, a história nos apresenta Eduarda, uma jovem adolescente que se enamora por uma pessoa, tendo como resultado ser alvo de duplo preconceito: uma mulher que é um vampiro. Esther tem mais ou menos a aparência de uma jovem mulher, apesar de seus mais de cem anos. Com ela, Eduarda descobre o amor e a sexualidade. E por causa dessa experiência, que teoricamente nem parece ser tão estranha em seu meio, ela vai enfrentar um verdadeiro horror.

Paramos por aqui, porque a autora conduz o livro de forma tal que quando achamos que estamos diante de um ápice de tensão, ela começa a se enveredar por outros caminhos, nos mostrando que estávamos totalmente erradas sobre o que temer, além de nos presentear com uma história sobre descobertas, prazeres e incertezas, combinados com vários mistérios.

Parece haver alguns subtextos importantes em Doce Vampira. Primeiro, porque ao colocar o relacionamento afetivo de Eduarda no fim da adolescência e início da vida adulta, ela oferece uma metáfora bastante acertada de como este momento pode ser difícil na vida de uma pessoa. Mesmo tendo vivido por quase duas décadas, Eduarda ainda não tem bagagem suficiente para tomar decisões importantes, mesmo quando confrontada por elas.

Doce Vampira Ju Lund
A autora. (Foto retirada do site oficial)

Com isso, ela fica à mercê da família, dos amigos e até de estranhos. Ao mesmo tempo, ao se relacionar com uma mulher, a autora também mostra que nesse momento Eduarda ainda tem muito o que descobrir sobre o mundo, mas também sobre si mesma. É, inclusive, interessante como a autora não força um comparativo entre as possibilidades sexuais, como a sugerir que a questão nem é da escolha de um caminho, mas muito mais sobre se permitir sentir e viver.

A própria escolha por se relacionar com uma pessoa do mesmo sexo fica menos relevante diante de todo o emaranhado de acontecimentos e sensações por que passa Eduarda. Porque, como vamos percebendo ao longo do livro – que vai num crescendo emocionante – é que muitas vezes a falta de apoio, de escuta e compreensão das pessoas que nos amam e se importam conosco acabam sendo muito mais decisivas para direcionar nossos caminhos do que as escolhas que se apresentam.

Prepare-se: Doce Vampira parece, de início, apenas um passatempo sedutor, mas se torna cada vez mais misterioso e surpreendente, fazendo com que devoremos suas páginas!


Doce Vampira

Autora: Ju Lund

Editora Avec

Onde comprar: Amazon

Este livro foi cedido pela editora para resenha.

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12 Textos

Mulher, feminista, formada em Comunicação, pós em Design e Marketing e sonhando com um Mestrado em Cinema. Pinta, borda, lê e pergunta muito, porque resposta acaba, mas pergunta renasce todo dia. Aprendendo a ser mãe. Gosto de gato, de sol e de vinho frisante.
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