Skam é uma série norueguesa que gira em torno de um grupo de adolescentes da escola Hartvig Nissen, em Oslo. Logo de início podemos pensar que esse tipo de história já foi contada, afinal somos a geração que cresceu assistindo Gossip Girl, The O.C., Skins e My Mad Fat Diary, então por que assistiríamos outra versão do mesmo? Mas já no primeiro episódio podemos perceber que mesmo tratando dos mesmos dramas da adolescência, Skam consegue ser uma produção única, pois consegue abordar temas polêmicos de forma sutil e natural.
Cada temporada apresenta o ponto de vista de um dos personagens, focando sempre no crescimento pessoal de cada um. A primeira, que funciona como uma introdução da história, é focada em Eva, a segunda é dedicada a Noora, já a terceira é de Isak. Dessa forma, o espectador passa a conhecer melhor cada personagem e os dramas vividos por eles, podendo se identificar com cada um em diferentes momentos.
Além do seu formato, a série se destaca por retratar uma geração de adolescentes diferente do que já havíamos acompanhado. Os personagens, que nasceram entre 97 e 99, fazem parte da geração que afirma ser mente aberta, mas continua reproduzindo alguns preconceitos da sociedade. Assim, junto com as suas histórias somos levados a questionar algumas atitudes contraditórias, e de certa forma aprender junto com eles.
Por exemplo, quando Vilde usa o termo “vadia”, Noora pergunta como ela pode se chamar de feministae ainda julgar outras mulheres. Quando Emma fala que acha gays “super legais e divertidos” na terceira temporada, Even questiona se essa não seria apenas uma outra forma de estereotipar a comunidade LGBT. E, quando perguntam para Sana o porque dela ser obrigada a usar o hijab todos os dias, ela explica que esse é um símbolo de sua religião, que ela não usa por obrigação e sim porque quer.
Dessa forma, igual aos adolescentes das outras séries, os de Skam também reproduzem ideias machistas e homofóbicas, a diferença aqui é que podemos ver eles evoluindo e mudando de ideia da mesma forma que todas nós já tivemos que fazer e ainda fazemos diariamente. Uma coisa muito comum da série é não gostar de um personagem no começo, mas depois passar a entendê-lo. Na medida em que ele vai sendo humanizado e vai aprendendo com seus erros, o espectador passa a mudar de ideia e até mesmo se identificar com essa mudança.
Skam ganha pontos positivos também por representar a amizade e a sororidade feminina em um grupo diverso de mulheres (apesar de pecar pela falta de representatividade negra), e por conseguir retratar a intensidade com a qual cada personagem lida com seus problemas. O primeiro amor, uma traição e sair do armário são apenas alguma das coisas que parecem ser o “fim do mundo” quando somos jovens, mas que se tornam mais fácil quando encontramos um grupo de amigos que nos aceita e nos apoia.
Por fim, não poderíamos deixar de mencionar a trilha sonora maravilhosa da série, que mistura diferentes épocas, gostos e sonoridades. Nomes como Lorde,Lana del Rey, MGMT, Oasis, Die Antwoord e The Weeknd são alguns que aparecem nas playlists do spotify.
Skam nos mostra que ser adolescente nos tempos atuais continua sendo tão intenso quanto antes. E que mesmo em um ambiente onde todos se consideram mente aberta ainda há muito para aprender e mudar. No fim, independe da sua idade, é impossível não se identificar com algumas partes da história. A série não está disponível no Netflix, mas é possível encontrar facilmente pela internet para assistir online com legenda em português.
