[SÉRIE] American Gods – 1×07: A Prayer for Mad Sweeney (Resenha)

[SÉRIE] American Gods – 1×07: A Prayer for Mad Sweeney (Resenha)

Em A Prayer for Mad Sweeney (“Uma Prece para Mad Sweeney”), sétimo e penúltimo episódio da primeira temporada de American Gods, a trama central é deixada de lado para o passado do leprechaun Mad Sweeney ser contado (e de como a adorável e forte Essie McGowan o levou aos Estados Unidos).

[CONTÉM SPOILERS DE A PRAYER FOR MAD SWEENEY]

1 Essie MacGowan e o leprechaun

Íbis e Jacquel recebem um telefonema na funerária de alguém contratando seus serviços para cuidarem dos corpos de uma mulher e uma garota, vítimas de overdose. Enquanto Jacquel cuida do corpo de um homem, prevê que o amigo tem uma história a ser escrita, como as demais de Vinda à América (datada em 1721), ao passo que Íbis se senta à sua mesa e começa a dissertar sobre o passado de Essie MacGowan (também interpretada por Emily Browning), uma jovem irlandesa, cuja vida fora cercada de misticismo desde a infância. 

Tendo grande influência da avó, uma contadora de histórias experiente, Essie cresceu rodeada de lendas sobre o Povo das Fadas, banshees e leprechauns, sendo estes últimos, segundo a avó, possuidores de ouro e bênçãos que poderiam ser transferidas aos humanos que os fizessem oferendas. Logo, desde menina, Essie cultivou o hábito de deixar à janela um prato com leite e uma fatia de pão, mesmo que para isso tirasse os alimentos da própria refeição.

Ao completar 17 anos, a menina inocente e de olhos curiosos dá lugar a uma bela jovem ruiva, muito inteligente e curiosa, atributos que despertam o interesse de muitos homens, inclusive o de Bartholomew (Jake Manley), filho da dona da casa para a qual Essie trabalhava como ajudante de cozinha. Após uma noite romântica, o rapaz promete que se casaria com Essie, mesmo a garota não acreditando em tal fato por conta da diferença social dos dois e, como prova de seu amor, Bartholomew a presenteia com um colar pertencente à sua bisavó – objeto que acaba sendo o começo da ruína da menina.

A Prayer for Mad Sweeney

Uma das outras ajudantes repara no novo acessório de Essie e, acreditando que se tratava de um roubo por parte da menina, a entrega à mãe de Bartholomew (que prefere acreditar no roubo, e não no namoro escondido do filho e de Essie). Ela é levada a julgamento e sua sentença é partir para um exílio de sete anos, a bordo de um navio em mar aberto. Dividindo o convés com mais condenados, enfrentando o frio, enjoos, mortes e doenças, Essie consegue ser forte e, mesmo com diversas privações, não abandona sua fé: por conta de sua devoção nos seres mágicos, o capitão do navio a enxerga e a toma como noiva. Essie consegue convencê-lo a levá-la para Londres, onde passa a ter uma boa vida, até o momento em que decide praticar pequenos furtos para seu próprio deleite, após uma viagem do noivo.

Porém, em um dos momentos em que se descuida ao furtar um pedaço de renda, Essie é pega e condenada à forca. É levada para a prisão e se torna vizinha de cela de um homem, cujo rosto fica desconhecido para a menina. Os dois dividem suas trágicas histórias de vida e Essie descobre que o homem misterioso está ali por ter entrado em uma briga, e que, além disso, havia sido um rei possuidor de muito ouro. Muito triste com sua atual situação, ela relata que gostaria de ir para a América, local no qual, segundo ela, as pessoas poderiam ser quem bem entendessem.

Ela acaba adormecendo e, no dia seguinte, nota que o pão que havia deixado de comer e posto na janela havia sumido, assim como o seu companheiro. Neste momento, um guarda entra em sua cela e, temendo que houvesse chegado a hora de sua morte, Essie fica angustiada. O homem leva comida em ótimo estado para servir-lhe de café da manhã e comenta que seu processo seria julgado e só estaria pronto dali a doze semanas. Essie seduz o guarda, entregando-se para ele e, no dia de seu julgamento final, mostra à corte que havia engravidado. Clamando pela vida do bebê que carregava no ventre, Essie é mais uma vez mandada ao exílio em um navio, ruma à América – e mais uma vez passa pelos horrores das más condições da viagem.

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Chegando à Norfolk, Virgínia, Essie é comprada como serva de um cultivador de tabaco, John Richardson (Peter Cockett). O homem acabara de perder a esposa após o parto da filha, e a menina não tinha quem a amamentasse. Essie também acabara de dar à luz a um menino e, indo para a fazenda de John, tornou-se ama de leite da pequena, enquanto cuidava de seu filho. As crianças cresciam unidas e Essie as cercava de carinhos e histórias do Povo das Fadas. Mesmo iniciando uma nova vida, a mulher não esquecia suas raízes e continuava a manter seus rituais para os leprechauns, sempre uma tigela de leite e um pedaço de pão posto à beira da janela.

Um dia, Richardson a procura para que a mulher se deite com ele. Muito ofendida, Essie chora e diz estar decepcionada com seu senhor, uma vez que possuía sentimentos profundos por ele, mas que não poderiam ser correspondidos, devido à sua condição de serva. John a pede em casamento, os dois têm um filho e passam a viver felizes, até o dia em que ele morre e deixa ao encargo de Essie os cuidados com a fazenda.

A mulher vive uma vida boa, cercada pelos filhos e netos, mas ao envelhecer vê que as histórias que amava contar não possuíam mais espaço entre às crianças como antigamente. A fé nas criaturas mágicas de seu país aos poucos morreria sem que ela nada pudesse fazer. Mas em uma noite, enquanto descascava maçãs na varanda de casa, a senhora MacGowan recebe a visita de um homem alto, ruivo e com sotaque gaélico. Ele a cumprimenta pelo nome e de imediato Essie nota se tratar de Mad Sweeney, o leprechaun. Os dois conversam e Essie agradece por todas as coisas boas que ele a havia proporcionado e, mesmo chateado por não estar em seu país natal e estar perdendo as preces que há muito o faziam uma criatura forte, Sweeney é gentil com a senhora e, dando uma das mãos à Essie, leva consigo, e de bom grado, sua vida. 

2 Laura e Mad Sweeney

O episódio intercala trechos da história de Essie com a viagem de carro de Mad Sweeney, Laura e Salim. Os três fazem uma parada em um monumento dedicado ao búfalo branco Tatanka Ska, e Salim aproveita para rezar mais uma vez. Ao conversar com Laura, Mad Sweeney acaba entregando o endereço em Winsconsin que eles precisam encontrar: House oh the Rock (“Casa na Pedra”), lugar onde todos os deuses estarão reunidos. Laura liberta Salim de sua fatídica missão, dizendo a ele onde encontrar o jinn e junto a Sweeney roubam um caminhão de sorvete para continuarem a viagem.

A Prayer for Mad Sweeney

Quando perguntado sobre o porquê de possuir tantas moedas de ouro, Mad Sweeney conta um pouco sobre sua vida a Laura, dizendo que no passado fora um rei muito rico (e que fugira de uma batalha, sendo que sua promessa de acompanhar Wednesday na guerra que está se instaurando é uma maneira de se redimir pelo que fez), logo em seguida transformado em pássaro e em santo pela Igreja, e que a General Mills, marca de cereais, tinha “cuidado do resto” (menção ao fato de a marca ter como mascote um leprechaun).

No meio do caminho, um coelho pula em frente ao caminhão que Laura dirige, fazendo com que ela desvie e capote. Laura é arremessada pelo vidro e seu tórax se rasga, expelindo a moeda da sorte de Mad Sweeney, fazendo com que ela morra novamente. Ao acordar, Mad Sweeney consegue sair do caminhão tombado e recupera sua moeda. Porém, ao lembrar que ele próprio a mando de Wednesday causara o acidente em que Laura e Robbie morreram, Mad Sweeney decide abdicar de sua sorte e devolver a moeda a Laura, ressuscitando-a.  

3 Essie e Laura

Não há nada confirmado, mas todas as pistas indicam que Essie é uma antepassada de Laura, não apenas pela semelhança física entre as duas (Emily Browning interpreta ambas), mas também pelo fato de que o sobrenome de solteira de Laura é McCabe, uma possível alteração de McGowan (no livro, o sobrenome de Essie é Tregowan e ela veio da Cornuália; talvez a mudança na série tenha sido feita para encaixar as duas personagens em um arco maior). Outro fator que corrobora para as teorias dos fãs é a atenção dada a Laura por Sweeney, que no passado conheceu Essie, e que no presente cede aos desejos da esposa de Shadow, inclusive deixando de lado sua moeda para que ela viva.

Ambas possuem uma personalidade forte muito semelhante e até mesmo a postura física das duas se parece. Laura e Essie se arriscam em prol de um pouco de luz em suas vidas monótonas e, mesmo culminando em consequências graves, não se arrependem do que foi vivido. Assim como em Git Gone, o sétimo episódio é protagonizado por mulheres e o fator da chegada de Mad Sweeney à América é apenas um plano de fundo para que Essie brilhe e entre para o conjunto de mulheres maravilhosas que representam o time de personagens ativas e empoderadas de American Gods.

A primeira temporada de American Gods está chegando a sua reta final. Acompanhe nossas resenhas para saber o que acontecerá na season finale da série, veiculada pela Amazon Prime Video em 19 de junho.


Deuses Americanos A Prayer for Mad SweeneyDeuses Americanos

Editora Intrínseca

Ano de publicação: 2011

574 páginas

Onde comprar: Amazon

Escrito por:

117 Textos

Formada em Letras, pós-graduada em Produção Editorial, tradutora, revisora textual e fã incondicional de Neil Gaiman – e, parafraseando o que o próprio autor escreveu em O Oceano no Fim do Caminho, “vive nos livros mais do que em qualquer outro lugar”.
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