Desde a I Virada Feminista Online, que ocorreu em setembro do ano passado, e promoveu discursos e debates esclarecedores sobre a importância e urgência de discutir a descriminalização do aborto no Brasil, nada mudou, até então. Inclusive, o legislativo brasileiro quer dar às mulheres neste mês a proibição do aborto até mesmo nos casos já permitidos em lei. Ou seja, parece que os dados alarmantes sobre as milhares mortes de mulheres devido a prática de abortos clandestinos, não comovem o conservadorismo do Estado, e desejam regredir e restringir ainda mais os direitos das mulheres brasileiras.
28 de setembro é o Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e no Caribe. Visando ocupar as redes sociais para ampliar e aprofundar o debate, além de incentivar a mobilização feminista para atos de ruas em resposta ao ultraconservadorismo, durante todo o dia 27 de setembro ocorrerá a II Virada Feminista Online #PrecisamosFalarSobreAborto, onde ocorrerá, inclusive, transmissões ao vivo com convidadas de outros países.
Quer acompanhar a II Virada Feminista Online de 2017? Confirme sua presença no link do evento AQUI e convide seus amigos e amigas!
Dados alarmantes e regressão aos direitos da mulher brasileira
A Organização Mundial de Saúde (OMS), informa que um milhão de mulheres abortam no Brasil todos os anos. 47 mil mulheres morrem durante o procedimento, sendo que a maioria dessas mortes são mulheres negras e pobres, mulheres que não têm condições financeiras para investir em um procedimento seguro, que demanda de investimento financeiro alto. As mulheres que têm condições de pagar por um procedimento seguro, não morrem.
Mesmo em caso de abortamento legal, permitido pelo Código Penal Brasileiro em três hipóteses: – decorrente de estupro; – em caso de risco de vida da mulher em função da gravidez; – ou em caso de feto anencéfalo, o cumprimento desse direito da mulher na prática, muitas vezes é desrespeitado, conforme apresenta este estudo.
Uma a cada cinco brasileiras já abortou pelo menos uma vez na vida, conforme a Pesquisa Nacional do Aborto de 2016, realizada pela Anis – Instituto de Bioética. Segundo o mesmo estudo, só em 2015, 500 mil interromperam a gravidez. O aborto é a quinta causa de mortalidade materna, de acordo com o relatório do governo brasileiro, divulgado em 2015 pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Ou seja, o aborto sempre ocorreu e sempre irá ocorrer, a criminalização não inibe a prática, portanto, não deveria ser tratado como um caso moral ou religioso pelo Estado, mas como um caso em prol da saúde da mulher e de sua autonomia para exercer o direito da escolha e domínio sobre seu próprio corpo.
A maior dificuldade de discutir sobre aborto no Brasil ainda está relacionada a questão moral e religiosa. Apesar do Estado, teoricamente ser laico, ainda conta com grande influência religiosa, no que diz respeito a saúde reprodutiva da mulher e sua autonomia para a escolha da interrupção voluntária de uma gravidez. O nosso Congresso atual, predominantemente fundamentalista e conservador, além de contar com cerca de menos de 10% de representação de mulheres) é um reflexo nocivo com projetos de lei preocupantes, que visam trazer um enorme retrocesso aos direitos reprodutivos das mulheres, como o caso, por exemplo, do PL. 5069/2013.
O Delirium Nerd é um site feminista pró-escolha, defendemos e lutamos pela descriminalização do aborto no Brasil em prol dos direitos reprodutivos das mulheres. Acreditamos que a escolha pelo abortamento cabe unicamente as mulheres do nosso país. Sabemos que as mais violadas e afetadas pela legislação criminalizadora são as mulheres pobres e negras, pois as que possuem recursos financeiros realizam o procedimento em clínicas seguras. Portanto, independente de crenças, religiões ou opiniões contrárias ao aborto, um milhão de mulheres abortam no Brasil todos os anos e 47 mil morrem durante práticas clandestinas. Iremos contribuir amanhã com textos que discorrem sobre o aborto, em defesa da saúde da mulher com um viés pró-escolha. Repudiamos legislações criminalizadoras que contribuem com a morte e violações das mulheres.
Confira a programação completa da II Virada Feminista Online:
Programação completa da II Virada Feminista Online
Dia 26 de setembro
- 23:30 Sonia Correa. Vídeo gravado sobre o Panorama do Aborto no mundo.
Dia 27 de setembro
- 00:00 Sônia Coelho, Marcha Mundial das Mulheres. Sobre a origem do 28 de setembro.
- 00:30 Clair Castilhos. Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos de MG. Aborto como uma questão de saúde pública. https://goo.gl/SUH4XF
- 01:00 Graça Samo, Marcha Mundial das Mulheres de Moçambique. (a definir)
- 01:30 Coletivo de mães feministas – Ranusia Alves com Débora Aguiar e Raphaela Santiago. Maternidade compulsória. “A maternidade deve ser uma escolha, não uma imposição social que a considera como único destino cabível à mulher”. https://goo.gl/ucwcVb
- 02:00 Daiany Dantas falará sobre representação do aborto no cinema nacional. https://goo.gl/ESdhKh
- 03:30 Flávia Simas, do Ativismo de Sofá. Aborto na Irlanda, luta contra a criminalização e conservadorismo: comparativos com o Brasil. https://goo.gl/d93uvw
- 04h00h Simone Alves, Coletivo Do Calafate – Feminismo popular e a questão do aborto, experiências do Coletivo de Mulheres do Calafate em Salvador, Bahia. https://goo.gl/zu3Lk5
- 04h30h Leticia Alves do Zine Útero Livre – “Útero Livre: experiências de uma zine latina americana pelo direito a informação sobre aborto” https://goo.gl/vgXPCG
- 05h30 Anna Beatriz Pouza dos Anjos, Agência Pública. “A experiência de um jornalismo pró-legalização do aborto: como desvendou os argumentos falsos que sustentavam o projeto de lei (PL) 1.465/2013 no DF”. https://goo.gl/c5LrKc
- 06:00h Paula Viana, Grupo Curumim. “Violência obstétrica na assistência à mulher em situação de abortamento”. https://goo.gl/cMhrAd
- 06:30h Clara Averbuck – (a definir) https://www.facebook.com/
averbuck - 07:00 Jacira Melo, Agência Patrícia Galvão. Análise de mídia: como o aborto é noticiado na grande imprensa? https://goo.gl/njahBh
- 07:30h Juneia Batista, Setorial de Mulheres da CUT. “Enfrentamento ao Congresso Nacional – Mulheres contra os Projetos de Lei” https://goo.gl/uE7TDg
- 08:00 Schuma Schumaher. 28 de setembro: Uma campanha Latino Americana e Caribenha. https://goo.gl/uE7TDg
- 08:30 Bianca Cardoso, Blogueiras feministas. “As recentes experiências de legalização em Portugal e Uruguai e o que poderia acontecer no Brasil”. https://goo.gl/7ev2sW
- 09:00 Socorristas en Red, Ruth Revuelta. La Revuelta Colectiva Feminista. La gesta de abortar y de acompañar abortos: la experiencia de Socorristas en Red de Argentina. Hablaré sobre la decisión política de acompañar abortos con medicamentos y de construcción de Socorristas en Red. El devenir de la Red y la potencia de los activismos feministas de acción directa. EM ESPANHOL https://goo.gl/zjELBK
- 09:30 Rede Feminista de Juristas, Mari Serrano. Bissexualidade, apagamento e controle jurídico sobre o corpo da mulher https://goo.gl/EKDXju
- 10:00 SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, Silvia Camurça. Aborto como insubordinação das Mulheres – Diálogos sobre o conceito de autonomia e autodeterminação reprodutiva. https://goo.gl/jSMYMj
- 10:30 Dep. Érika Kokay PT/DF. Retrocessos nos direitos sexuais e reprodutivos no legislativo nacional. https://goo.gl/RYRMy4
- 11:00 Romi Márcia Bencke – “Direitos humanos, autonomia, laicidade e feminismo”. Bacharel em Teologia pelas Faculdades EST, ligada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, e mestre em Ciência da Religião. https://goo.gl/fiAjXQ
- 11:30 Joanna Burigo, Casa da Mãe Joanna. ‘Bendito seja o fruto’: controle institucional dos corpos das mulheres e aborto como direito. Partindo das discussões suscitadas pela mais recente edição do livro ‘O Conto da Aia’, de Margaret Atwood, na forma de uma premiada série televisiva, este live abordará a ascensão de discursos conservadores e o impacto deles nos nossos direitos reprodutivos. https://goo.gl/Sysa5n
- 12:00h Valdecir Nascimento, Odara – Instituto da Mulher Negra“Diversos olhares sobre a liberdade de se fazer o que quiser com o próprio corpo”. https://goo.gl/feBHy6
- 12:30 Luciana Boiteux ADPF 442: pela descriminalização do aborto e pela vida das mulheres. https://goo.gl/inq72C
- 13:30 Héloïse Prévost et Auréline Cardoso. “Ataques e obstáculos ao direito de aborto na França”. https://goo.gl/CV3X6N
- 14:00 Melania Amorim. Aborto e Direitos Reprodutivos. O papel do profissional de saúde: acolhimento e redução de danos. https://goo.gl/Y2rKyX
- 14:30 Marielle Franco, PSOL. Como fazer valer o aborto legal na cidade. https://goo.gl/6rQy92
- 15:00 Lilian Celiberti, Cotidiano Mujer (Uruguai) A luta do movimento feminista pela Legalização do Aborto no Uruguai. EM ESPANHOL. https://goo.gl/nbfbr9
- 15:00 Eleutéria E Gabriela. Camtra Casa da Mulher Trabalhadora. Dossiê dos retrocessos. https://goo.gl/D5fBQT
- 16:00 Lady’s Comics e Carol Rossetti: Aborto e quadrinhos. https://goo.gl/bC56vb
- 16:30h Carolina de Assis Vitória Régia da Silva da Gênero e Número“Leis e dados sobre aborto na América Latina: avanços e retrocessos” https://goo.gl/oMkmDT
- Paula Gonzaga, Doutoranda em Psicologia Social na Universidade Federal de Minas Gerais. “Aborto seguro e escuta feminista”. https://goo.gl/DdDmvL
- 18:00 Think Olga – “A importância da informação na luta por um aborto seguro”. https://goo.gl/qzHNuL
- 18:00 Cecília Palmeiro, Ni una menos. Feminismo internacionalista: Ni Una A Menos e a luta pela legalização do aborto na América Latina. EM ESPANHOL. https://goo.gl/XKPEX8
- 18:30 Eleonora Menicucci. Por que não avança o direito à descriminalização do aborto no Brasil?
- 18:30h (em Espanhol) Susana Chavez, peruana do Centro de Promoción y Defensa de los Derechos Sexuales y ReproductivosPROMSEX e secretária executiva da CLACAI. ““El aborto es una necesidad que solo afecta a las mujeres”.” https://goo.gl/A2FQ5c
- 19:00 Católicas Direito de Decidir. Uma conversa sobre aborto e Estado Laico, com Gisele Pereira, coordenadora do Católicas pelo Direito de Decidir. https://goo.gl/nkTfYo
- 19:00h (em Espanhol) Celeste Mac Dougall “#GritoGlobal por el#AbortoLegal en Argentina”. https://goo.gl/x1mhBC
- 19:30 Catarinas. “O estigma do aborto sobre a vida das mulheres e a relação do silêncio com o fortalecimento do discurso criminalizante.” – Paula Guimarães entrevista a pesquisadora Flávia de Mattos Motta, autora do livro “Sonoro Silêncio: história e etnografia do aborto”. https://goo.gl/v8BnDa
- 20:00 Marta Giani. O impacto da ilegalidade na vida e saúde mental e a vivência no grupo de mulheres ribeirinhas da floresta. https://goo.gl/DQBhZC
- 20:30 Tathi Nicacia, Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas. Antiproibicionismo é uma questão feminista. Os efeitos do proibicionismo no corpo das mulheres. https://goo.gl/Db2txh
- 21:00 Winnie Bueno, Canal Preta Expressa. Aborto legal para a emancipação das jovens negras. https://goo.gl/Lxhbth
- 21:30 Antonia Pellegrino, Agora É que São Elas. A escolha pela maternidade é uma escolha de cuidado. https://goo.gl/Ttrq4P
- 22:00 Silvia Badim (UNB). “Direito ao aborto e o retrocesso social”. https://goo.gl/ZHy1Sy
- 22:30 Ana Cristina Gonzalez (Colômbia). La Mesa Por La Vida y La Salud de Las Mujeres. Objecion de conciencia. (a definir)
- 22:30h ▏Ana Teresa Derraik – ginecologista, obstetra e diretora da clínica do Hospital da Mulher Heloneida Studart. “Legalizar para que não precise acontecer” https://goo.gl/FdZZQz
- 23:00 Cris Nascimento, Loucas da Pedra Lilás. Arte e política: Artivismo e intervenção urbana na luta contra o aborto. (a definir)
- 23:30 Débora Diniz. Anis – Instituto de Bioética. “Campanha Vou contar”. ▸ https://goo.gl/G1Ug85
28 de setembro
- 00:00 Emanuelle Goes – Racismo, aborto e justiça reprodutiva: Pela vida das mulheres negras. https://goo.gl/fRM6WB