As grandes princesas esquecidas da cultura pop

As grandes princesas esquecidas da cultura pop

Não apenas de Princesas da Disney é feita a realeza do pop e, para provar, reunimos aqui 5 exemplos de princesas, de uma forma ou de outra, undergrounds que representam figuras importantes ao protagonismo feminino, bem como ao protagonismo racial. Sejam elas terrestres, de reinos inventados ou de planetas diversos, todas elas têm em comum o fato de serem mulheres representantes de uma força, determinação e aceitação que, aqui na Terra, ainda estamos – majoritariamente – buscando.

Princesa Jujuba (Hora de Aventura, 2010 -)

princesas Jujuba

Uma das grandes figuras do protagonismo feminino na leva atual de desenhos do Cartoon Network se encontra em uma terra peculiar e diferente, em que os habitantes são, em sua grande maioria, tudo menos humanos e onde o que nós entendemos, aqui, como normal, quase nunca se aplica. A personagem em questão aqui representa, porém, o contrário disso.

Apesar de ser, fisicamente, a representação daquilo visto como feminino – com cabelos longos e rosas e usando, em grande parte do tempo, vestidos delicados – PJ é não apenas uma princesa, mas uma cientista, diplomata e lutadora (contra intrusos do Reino Doce).

Seja criando clones em laboratório, protegendo seus súditos ou apenas indo em aventuras com Finn, Jake e Marceline, o fato de haver uma personagem que equilibra os óculos e vestidos cor de rosa com as armas e o jaleco em um programa cujo foco é o público infantil é, com certeza, importante e significativo.

Princesa Mononoke (Princesa Mononoke, 1997)

princesas mononoke

Criada por deuses-lobos, em uma versão japonesa e contemporânea de Mogli, San, a Princesa Mononoke, ou Princesa dos Deuses-Lobos, é uma humana de 15 anos de idade que, curiosamente, odeia humanos. Não hesitando em demostrar tal desprezo a, na verdade, qualquer um que adentre em seu território.

Ela é protetora, determinada, segura de si e incrivelmente compassiva frente a uma situação que nos questiona sobre o que é ser humano e sobre nossa capacidade de destruição. No seu encontro com o príncipe Ashitaka, o humano, ao se preparar para mata-lo, ele a elogia e em resposta recebe uma reação de extrema confusão de San, demostrando o início da jornada da mesma de reconhecimento de sua própria humanidade, além de subverter toda a noção típica de relacionamento romântico.

A partir daí, a segurança que San tem sobre si mesma começa a ser balançada, mas nem por isso seu desejo e determinação de proteger a floresta diminui, continuando até, e mesmo após, seu encontro com o Grande Espírito da Floresta. San entende, mesmo que não explicitamente, que tem a permissão de cometer erros, uma característica intrinsecamente humana, ao mesmo tempo em que desafia o destino da floresta e nos inspira a lutar por aquilo que achamos correto.

Tempestade (X-Men, Pantera Negra)

princesas tempestade ororo

Apesar de ser um dos super-heróis mais importantes da Marvel, talvez o que muitos não saibam é que Tempestade (sim, aquela de X-men) é princesa. Ororo Munroe, seu nome de batismo, é filha da rainha de uma tribo do Quênia que foi criada entre o Harlem/NY e o Cairo/Egito.

Além de sua habilidade mutante de controlar o clima, Tempestade possui um forte senso de liderança, empatia e justiça, sendo uma figura essencial ao gerenciamento do Instituto Xavier, bem como da própria equipe dos X-Men de uma forma que chega a ofuscar os outros membros da equipe.

O forte senso de justiça de Tempestade não vem do nada, como ela mesma nos lembrou após Noturno a perguntar “como alguém tão linda pode ter tanta raiva”, ele é parte de sua raiva que é como uma tática de sobrevivência, tanto em relação a sua condição de mutante quanto ao seu papel de mulher negra, servindo para guiar suas ações e inspirar outros – inclusive nós – a seguir seus passos.

A condição de Tempestade de mulher negra, entretanto, não passa despercebida a nós – simples humanos – visto que, mesmo sendo uma das – se não A, após o Professor X – mutantes mais capazes da equipe, não tem suas habilidades plenamente utilizadas, sendo deixada de lado (e substituída por Ciclope) na necessidade de liderança e, chocantemente, ainda não possuindo seu próprio filme.

Apesar disso, Tempestade permanece seguindo suas concepções de justiça, assim como muitas mulheres o fazem mesmo tendo suas habilidades, quando não postas a prova, constante e seguidamente questionadas.

Princesa Kaguya (O Conto da Princesa Kaguya, 2015)

princesas kaguya

Originaria de uma antiga lenda japonesa, a Princesa Kaguya é, talvez, a única princesa da lista que tem sua condição de princesa usada diretamente como uma limitadora. Apesar de não ter nascido diretamente na realeza, a partir do momento em que Kaguya passa a ter discernimento o bastante para perceber que todos os seus movimentos são cabíveis de restrição, é o momento em que ela começar a lutar.

Ver Kaguya ousar desafiar não apenas àquilo a que a sociedade deseja impor a ela, ou seja, desafiar ao papel social feminino a que ela, teoricamente, está submetida, mas também desafiar àquilo que seus pais desejam que ela seja, nos inspira de formas inimagináveis.

Suas ações demostram aquilo que diversas mulheres ao redor do mundo fazem, em maior ou menor escala, em razão do único objetivo de serem livres para fazerem o que bem entenderem e, dessa forma, serem vistas como seres humanos plenamente capazes e individualmente pensantes.

Estelar (Os Jovens Titãs)

princesas estelar

Parte do universo DC Comics, a princesa alienígena Estelar de Tamaran é mais conhecida por sua atuação nos Jovens Titãs. Apesar de sua natureza, ela também tem que enfrentar a discriminação que muitos imigrantes – e pessoas de Cor – enfrentam quando em um novo país. “Sempre haverá pessoas que dizem coisas más”, ela diz após ser ofendida racialmente por sua origem, “E às vezes suas mentes não podem ser mudadas, mas existem muitas pessoas que não julgam outros com base em como eles se parecem ou de onde eles vêm. Essas são as pessoas que mais importam.”.

Ela traz a dificuldade de ser diferente, e estrangeira, ao mesmo tempo em que demostra uma certeza e orgulho invejáveis acerca de quem é e de onde vem, mesmo sendo, geralmente, vista como a mais fraca e estranha dos Jovens Titãs. O que essa análise de Estelar falha em reconhecer é sua lealdade, gentileza, senso de proteção e força!

Ela é uma princesa com um grande senso de justiça, além de divertida e amigável, baseando suas decisões em um forte sendo moral e empático. Além disso, e talvez o mais importante, seja como Estelar abraça suas falhas e erros, de uma forma que ainda estamos aprendendo a fazer, vendo-os como lições, olhando para suas vulnerabilidades sem nenhuma vergonha e nos ensinando que não há nada de errado em sermos nós mesmas, incluindo aqui as falhas e os defeitos que todas temos.

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