Desenhos Feministas: exemplos de representação feminina nos desenhos

Desenhos Feministas: exemplos de representação feminina nos desenhos

É engraçado pensar como, apesar do tratamento dado aos membros femininos da nossa sociedade atual, alguns dos desenhos mais famosos e admirados são justamente aqueles com grande representação feminina. Nesses desenhos os estereótipos femininos são ou inexistentes ou reutilizados a favor das protagonistas, sendo, assim, sinônimos de força e não de fraqueza. Tais personagens devem ser celebradas, mesmo tendo em mente que quando mulheres reais agem da mesma forma, a sociedade não reaja da mesma forma. Portanto, aprecie nossa lista com o que consideramos Desenhos Feministas!

Desenhos Feministas

Daria (1997 – 2001)

Este é o mais antigo da lista, mas nem por isso trata-se do menos importante. Transmitido pela MTV ao longo de 4 anos, Daria trazia a vida de uma adolescente apática de uma cidade do interior dos EUA, apresentando a visão da mesma sobre a nossa sociedade. Essa visão é composta de diversas críticas e comentários sarcásticos direcionados ao considerado senso comum, estando a personagem título sempre preparada para oferecer uma visão distinta e inteligente do que está ocorrendo a seu redor junto com sua melhor amiga Jane Lane, outra adolescente tão crítica da sociedade atual quanto Daria.

Além disso, a personagem de Josie – umas das únicas personagens negras do desenho – oferece a visão racial que falta – propositalmente ou não – tanto às pessoas quanto aos personagens brancos, cabendo à ela as observações acerca da disparidade racio-social ainda presente. Mesmo tendo terminando há mais de 10 anos, percebemos com pesar, ao assistirmos Daria que pouquíssimas – se é que alguma – coisas mudaram, sendo ele mais uma forma de conscientização através de entretenimento do que, propriamente, de risadas.

Steven Universe

Steven Universe (2013 – )

Steven Universe já abarcou tantos temas nas poucas temporadas que teve que é curioso pensarmos que o desenho só está no ar há 4 anos. Mesmo assim, é um reconhecido exemplo de representação positiva não apenas de mulheres, mas de suas diversas  e distintas peculiaridades, como sexualidade. Além disso, vemos no próprio personagem de Steven a desconstrução do que é entendido como masculinidade, sendo o personagem apresentado como alguém sensível, atencioso e carinhoso, nem por isso sendo enxergado pelos demais personagens do desenho como algo que não um garoto.

Rebecca Sugar, a criadora do desenho, deve ser parabenizada por isso. Além do mais, as histórias trazidas em cada episódio da série trazem questões que vão além do representado por cada personagem, aumentando o sentido de amizade e aceitação que o desenho quer nos proporcionar. Um dos raros desenhos que consegue trazer, ao mesmo tempo, boas representações raciais, sexuais, de gênero e sociais, sem, por isso, prejudicar a história nem seu importante apelo.

Desenhos Feministas

Big Mouth (2017 – )

O mais novo da lista já chegou causando e conquistando tanto fãs quanto inimigos. A história trata, basicamente, das descobertas pessoais de alguns adolescentes em relação a seus corpos e do que se trata crescer. Mas estamos aqui para falar de representação feminina e, dito isso, é difícil escolher uma só personagem do desenho. Tanto às personagens adolescentes quanto às adultas é dado um tempo de tela, fala, enredo e importância invejáveis a tantas outras de outras mídias.

A abordagem de temas “femininos” é feita de maneira crua e sem nenhum pudor, sendo uma constante fonte de interação e ligação entre as mulheres presentes na trama. Vale falar, também, que a interação dessa mesmas mulheres com  gênero e sexo masculino é usada como forma educacional não apenas aos personagens do desenho, mas também àqueles que assistem, sendo abordados temas como assédio sexual e estupro de maneira didática e clara.

Desenhos Feministas

Hora de Aventura (2010 – )

Outra das grandes pérolas do Cartoon Network da nova era retrata as aventuras de Finn, o humano, e Jake, o cão, na terra distante e peculiar de Ooo, talvez uma Terra pós-apocalíptica, sendo esta habitada por diversas e distintas figuras como os indivíduos do Reino Doce e do Reino de Fogo. Apesar da premissa, o desenho ficou conhecido por seu amplo, recorrente, diverso e claro protagonismo feminino, sendo o mesmo divido entre, principalmente, as personagens da Princesa Jujuba e da vampira Marceline, a Rainha dos Vampiros.

Além disso, após ampla especulação foi confirmado pela equipe do desenho que tais personagens pertenciam à comunidade LGBT+ e que havia uma relação além da amizade entre as mesmas, tema que foi melhor tratado no especial “Estaca Zero” focado no desejo de Marceline de deixar de ser vampira. O desenho, apesar de direcionado ao público infantil, aborda – sutil ou claramente –  temas de sexualidade, discriminação, política, sentimentos e etc são sempre tratados no desenho, fazendo parte integrante do roteiro do mesmo e contribuindo para a grande importância do desenho em nosso atual cenário.

Desenhos Feministas

Avatar: A Lenda de Korra (2012 – 2014)

A segunda fase da saga do Avatar trás significativas mudanças em relação a trama anterior focada do avatar Aang. A série se inicia 70 anos depois do fim da Lenda de Aang e acompanha a nova avatar Korra, originária da tribo da Água do Sul, em sua busca à dominação de todos os elementos, sendo que, apesar de ainda ser adolescente no inicio da série, já domina os elementos Fogo, Terra e Água. Korra é uma personagem determinada, forte, divertida e inteligente, sendo esses aspectos ainda mais importantes se considerarmos que ela é uma mulher não-branca.

Fica claro, ao longo da série, o espaço de destaque dado às personagens femininas no desenho, sendo, em sua grande maioria, peças importantes não apenas para o desenvolvimento da Avatar, mas também do próprio enredo. As mulheres são retratadas como seres humanos completos, e não como acessórios ao desenvolvimento masculino, sendo isso um dos maiores – se não o maior – trunfos do desenho, tornando ele um favorito do público e da crítica. Recomendamos.

Desenhos Feministas

Elena de Avalor (2016 – )

Uma das princesas da Disney da nova era, apesar de não muito conhecida, não deixa de ser um exemplo de boa representação feminina. Elena é a princesa do reino de Avalor, cabendo à ela a gerência do território de Avalor e de seus habitantes, coisa que faz com esperteza e dinamismo. Os episódios retratam como Elena, e as demais mulheres do desenho, lidam com diversas situações relacionadas a suas vidas privadas e ao reino, sendo elas as principais e majoritárias personagens presentes na trama.

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O que mais nos fascina na história de Elena é, entretanto, a profundidade dada à cada personagem e o modo como a cultura mexicana foi e é constantemente incorporada no enredo. Sendo a primeira princesa latino americana da Disney, ao ser anunciada foi cercada de apreensão e medo de, mais uma vez, as mulheres de tal cultura serem sub e mal representadas através de esteriótipos e discriminações, o que, felizmente, não foi o caso da série em questão. Uma nova e interessante abordagem das histórias de princesas e mulheres mexicanas é feita no desenho, não havendo espaço para inferiorização, mas apenas empoderamento.

Desenhos Feministas

Star vs. As Forças do Mal (2015 – )

Apesar de não ser exatamente novo, Star vs. As Forças do Mal não é altamente conhecido. A história do desenho é a seguinte: princesa rebelde de outra dimensão é mandada à Terra para controlar seus poderes e sua recém adquirida varinha, a partir de então passamos a acompanhar a trajetória de Star de descobrimento das peculiaridades da Terra, bem como de descobrimento próprio. Além de trazer um bom exemplo de histórias de amadurecimento feminino – seja no papel de Star, de sua amiga Princesa Pônei ou da Rainha Lua – o fato de um dos personagens principal, Marco, ser um garoto latino não nos passa, também, despercebido.

No mais, ele e seus pais trazem um exemplo positivo de família e de masculinidade atóxica, não havendo – a nosso ver – nenhum caso negativo em relação a tais personagens. Em meio a trama e as subtramas do desenho, ainda sobra espaço para representações sutis de diversidade racial e sexual, como em um episódio da terceira temporada em que um casal LGBT+ aparece se beijando. Tal cena, porém, foi inserida no desenho – assim como questões de feminismo – sem nenhum alarde, mas com a naturalidade correta para tais assuntos.Ainda não foi confirmada se haverá uma quarta temporada para a trajetória de Star, mas com certeza ela é um exemplo do que gostaríamos de ver mais na mídia.

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