Titãs: um novo caminho para o universo televisivo da DC Comics

Titãs: um novo caminho para o universo televisivo da DC Comics

Uma das apostas da DC Comics para organizar seu universo televisivo foi o lançamento de um streaming exclusivo para adaptações de suas obras. O DC Universe, por enquanto, só tem transmissão no Estados Unidos, mas suas obras poderão ser vistas em outras plataformas. Para sua primeira produção, a DC escolheu adaptar os Jovens Titãs – famosa equipe de heróis composta pelos ajudantes e parceiros dos super-heróis.

Com 11 episódios totais, a primeira temporada da série Titãs tem como foco o encontro de Dick Grayson (Brenton Thwaites), Rachel Roth/Ravena (Teagan Croft), Kory Anders/Estelar (Anna Diop) e Gar Logan/Mutano (Ryan Potter). O quarteto fará de tudo para evitar que Ravena caia nas mãos de uma seita obscura que deseja o fim do mundo.

Uma aposta que deu certo

Com uma segunda temporada já renovada, a série criada por Akiva Goldsman, Geoff Johns e Greg Berlanti diretamente para DC Universe foi alvo de críticas  e desdenho antes mesmo de ser exibida,  devido à caraterização e etnia dos atores que, segundo alguns fãs, não estaria de acordo com as obras originais.

Titãs
DC Comics/DC Universe

O fato de Titãs não ter gerado uma expectativa alta antes da estreia foi essencial para seu resultado positivo. A série está longe de ser uma obra-prima, mas nem de perto é uma tragédia, como seus detratores anunciavam antes de seu lançamento. O vigor de Titãs está em mostrar os dilemas desses jovens adultos que têm poderes e que ainda lutam pelo seu lugar no mundo. Durantes os 11 episódios cada um dos personagens têm suas dores e seu passado bem explorados ao longo da história. 

Alguns personagens ganham mais destaque, como no caso de Dick Grayson, e em certo ponto fica até cansativo a exploração dos seus traumas em relação ao Batman. Como Dick Grayson ainda não é Asa Noturna, notamos um certo descontrole em suas ações. No caso de Mutano, parece que faltou um pouco mais de atenção.

O seu passado não é muito explicado, talvez isso tenha a ver com o lançamento de “Patrulha do Destino” ou talvez seja explorado melhor na segunda temporada. Contudo, todos os atores e atrizes estão ótimos em seus papéis, com destaque para Anna Diop; sua Estelar tem o tom certo para uma série que tem como proposta mostrar os jovens titãs de forma sombria.

Durante toda temporada não temos um grande vilão, pois a construção do arqui-inimigo é feita no final da série. Parece que os produtores decidiram fazer para essa primeira temporada um prelúdio para o grande conflito entre os titãs e o pai da Ravena. 

Titãs
DC Comics/DC Universe
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Titãs têm de tudo um pouco. E não falta sangue na obra! Diferente dos desenhos animados, na série temos assassinatos por todos os lados. Já os efeitos especiais, embora que fique claro em alguns momentos que a obra não usufruiu de um grande orçamento, são satisfatórios e as sequências de ação são bem executadas.

Além disso, a série possui um ritmo irregular, mesclando episódios que são puro fan service e outros focados na construção de personagens. Algo que pode incomodar, no sentido técnico, é a exagerada escuridão em algumas cenas, que por vezes dificulta enxergar o elenco em tela. Já a trilha sonora é composta por vários sucessos dos anos 70 e 80.

As personagens femininas

Embora fique claro que a obra tem uma identidade própria e mesmo a série sendo sobre os Titãs, pois analisando de forma geral Dick Grayson e Rachel são os protagonistas dessa primeira temporada, isso não tira o brilho de outros personagens, principalmente as femininas, que possuem muito peso na narrativa. 

O autodescobrimento de Rachel Roth/Ravena é a espinha dorsal da série e tudo gira em torno do seu passado, presente e futuro. Em um primeiro momento podemos achar que ela é uma menina vulnerável, mas no decorrer da obra ela busca o seu próprio fortalecimento e cria boas relações com os outros.

Titãs

Os mistérios de Estelar é um dos destaques da trama. Notamos desde o início que ela é muito poderosa em todos os sentidos. Dawn/Columba (Minka Kelly) e Donna Troy/Moça-Maravilha (Conor Leslie) mesmo sem obterem o tempo equivalente na tela como os demais personagens principais, são personagens cativantes, valentes e heroicas, e a amizade que elas têm com Dick Grayson é verdadeira e não gira em torno dos dilemas do personagem.

A questão da cor da pele do Mutano e da Estelar que causou tanta polêmica antes da estreia foi bem conduzida pelos produtores, pois ficaria algo estranho, na proposta da obra, termos personagens verde e laranja. Portanto, o figurino cumpriu um papel importante durante toda a série, criando uma certa familiaridade com os fãs dos quadrinhos. Não foi preciso mostrar Estelar sem roupa ou laranja para deixá-la mais próxima dos quadrinhos, o seu visual ficou moderno e ao mesmo tempo lembra o visual das HQs atuais.

Titãs

Universo expandido 

Diferente de outras adaptações televisivas de obras da DC Comics, como Gotham, Arrow, Flash, Supergirl e cia., que sofrem devido à proibição de citar ou trabalhar com personagens famosos do universo expandido da DC, em Titãs temos todo um universo de referências disponível. Logo no primeiro episódio o Coringa é citado, a Moça-Maravilha fala da Liga da Justiça sem nenhuma cerimônia, o Batman aparece e até mesmo o Supercão dá as caras. Tamanha liberdade deixa claro que a intenção é construir um universo televisivo coeso.

O projeto DC Universe mal começou e já conta com duas outras séries a caminho. A próxima obra, que deve sair em fevereiro, é “Patrulha do Destino” e “Monstro do Pântano” deve sair ainda neste semestre.

A primeira temporada de Titãs estreou na Netflix no dia 11 de janeiro.

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Graduada em Ciências Sociais. Cineasta amadora. Viciada em livros, séries e K-dramas. Mediadora do Leia Mulheres de Niterói (RJ).
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