[CINEMA] 3 dos 7 longas selecionados na Aurora da 22ª Mostra de Tiradentes são dirigidos por mulheres

[CINEMA] 3 dos 7 longas selecionados na Aurora da 22ª Mostra de Tiradentes são dirigidos por mulheres

Mostra Aurora que integra programação da 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes, a ser realizada de 28 a 26 de janeiro na histórica cidade mineira, exibirá de sete longas-metragens em pré-estreia nacional, realizados por cineastas com no máximo três filmes no currículo. Os títulos, que serão apresentados no Cine-Tenda, se caracterizam por visões estéticas singulares, sempre em consonância com a vanguarda do audiovisual brasileiro e desafiando as formas tradicionais de linguagem.

Os sete longas vão ser avaliados por um Júri da Crítica, que pela primeira vez desde a criação da Mostra Aurora, em 2008, terá presenças internacionais. Entre os cinco integrantes do grupo que escolherão o melhor longa-metragem dentre os sete selecionados para a Aurora 2019, dois vêm de fora do Brasil. Um é o argentino Roger Koza, parceiro de outras edições da Mostra de Tiradentes, que é crítico, programador e curador, com vasta experiência em festivais de Locarno, Veneza, Hamburgo e Mar de Plata, entre outros. A outra é a francesa Claire Allouche, pesquisadora de cinema com formação na Universidade de Paris e colaboradora em publicações como Trafic CinétrENS.

O júri se completa com as presenças de Kênia Freitas, Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, redatora da revista eletrônica Multiplot, curadora das mostras “Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica”, “A Magia da Mulher Negra” e “Diretoras Negras no Cinema Brasileiro” e integrante das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema; Juliano Gomes, crítico, professor e escritor, redator na revista Cinética; e Izabel de Fátima Cruz Melo, doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA/USP, pesquisadora associada da Filmografia Baiana, integrante do Grupo de Pesquisa “História e Audiovisual: circularidades e formas de comunicação” e do Fórum Itinerante de Curadoria (FIC) e autora do livro Cinema é Mais que Filme: uma história das Jornadas de Cinema da Bahia – 1972-1978 (2016).

Mostra Aurora
“A Rainha Nzinga Chegou”, de Júnia Torres e Isabel Casimira Gasparino
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Dos 72 inscritos este ano e avaliados pela dupla Lila Foster e Victor Guimarães, com coordenação de Cleber Eduardo, a variedade de proposições estéticas segue como marca da produção contemporânea brasileira. Os 7 selecionados foram: A ROSA AZUL DE NOVALIS (SP), de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro; A RAINHA NZINGA CHEGOU (MG), de Junia Torres e Isabel Casimira Gasparino; TREMOR IÊ (CE), de Elena Meirelles e Lívia de Paiva; SEUS OSSOS E SEUS OLHOS (SP), de Caetano Gotardo; VERMELHA (GO), de Getúlio Ribeiro; DESVIO (PB), de Arthur Lins; e UM FILME DE VERÃO (RJ), de Jô Serfaty.

Mulheres na direção estão presentes em três longas-metragens na Aurora. Um Filme de Verão, de Jô Serfaty, retrata a efervescência de uma escola numa favela carioca com jovens que recriam o seu cotidiano e expectativas no jogo com o cinema e a cultura midiática contemporânea. A Rainha Nzinga Chegou, de Júnia Torres e Isabel Casimira Gasparino, catalisa o encontro entre a cultura negra dos reinados e congados de Minas Gerais. E Tremor Iê, de Elena Meirelles e Lívia de Paiva, faz do encontro entre um grupo de mulheres o espaço de formação de uma coletividade guerreira e antissistema.

Mostra Aurora
“Tremor Iê”, de Elena Meirelles e Lívia de Paiva
Mostra Aurora
“Um Filme de Verão”, de Jô Serfaty

A mostra apresenta filmes que buscam desconstruir os códigos da ficção e do documentário, com dramaturgias que se desenham entre o passado da ancestralidade, o presente dos conflitos e a incerteza do futuro”, destaca a curadora Lila Foster. “Os trabalhos reúnem imagens que forjam experiências de conexão entre personagens, sua realidade local e os imaginários que surgem do encontro entre sujeitos, cultura e cinema; obras que se fazem entre a afirmação da presença dos corpos e a abertura à fabulação”.

Também curador, Victor Guimarães destaca a desconstrução de ficções tradicionais rumo a estratégias variadas e particulares de narração. “Algo que chama bastante atenção nesta edição são os regimes de atuação, que eventualmente sofrem variações dentro de um mesmo filme, indo do naturalismo ao antinaturalismo ou se utilizando de relatos aparentemente documentais que são incorporados aos artifícios da ficção”, diz ele.

O curador ainda detecta fortes relações dos filmes da Aurora com a temática deste ano da Mostra de Tiradentes, “Corpos Adiante”, a partir de abordagens frontais com a presença de corpos dissidentes em cena. “São presenças que extrapolam a afirmação de suas próprias existências, que não se contentam em apenas estar, e sim inventam narrativas para si, criam novos territórios expressivos e trabalham conscientemente a correspondência entre corpos cinematográficos e corpos reais”, comenta Victor.

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Fonte: ETC comunicação e Universo Produção.

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Aquariana, mora no Rio de Janeiro, graduada em Ciências Sociais e em Direito, com mestrado em Sociologia e Antropologia pelo PPGSA/UFRJ, curadora do Cineclube Delas, colaboradora do Podcast Feito por Elas, integrante da #partidA e das Elviras - Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema. Obcecada por filmes e livros, ainda consegue ver séries de TV e peças teatrais nas horas vagas.
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