O complexo universo feminino nas animações de Satoshi Kon

O complexo universo feminino nas animações de Satoshi Kon

Ilusões podem te matar. Não, talvez, se você encontrar a chave. Sua chave. E com ela abrir as portas que te levem para onde estão seus sonhos. As pedras no caminho são o que é imposto a você pelas demandas da mídia, da sociedade, dos que não te entendem e não se importam com você. Por isso, é importante despertar e se encontrar. Mas, ao se encontrar, não se esqueça, segundo Satoshi Kon: “o você que está em você não é o você que você acha que está em você”. As respostas não são fáceis. Mas as perguntas estão feitas. E sentir é o essencial.

Quem é Satoshi Kon

Satoshi Kon

Satoshi Kon nasceu em 12 de outubro de 1963 (em Kushiro), e faleceu em 24 de agosto de 2010 (em Tóquio), vítima de um câncer pancreático. Designer gráfico, escritor e desenhista de mangás (mangaká), criador de animações, diretor; sua carreira no cinema de animação foi breve, mas intensa, e suas obras são reconhecidas como obras-primas, tendo sido finalistas ou vencedoras de importantes prêmios. 

Suas animações eram feitas no estúdio Madhouse, cujo diretor ele foi amigo a vida inteira. Satoshi Kon agradece a esse amigo e também a seus fãs em uma carta de despedidaAs criações de Satoshi Kon já foram base (e muitas vezes até mesmo tendo seus direitos comprados) para indústria de filmes norte-americana, como, por exemplo na produção de Cisne Negro e Réquiem para um Sonho (Perfect Blue), A origem (Paprika).

Não há nada de óbvio e trivial nas obras de Satoshi Kon, nem mesmo nas histórias, na trilha sonora, edição dos filmes, roteiro, direção, construção das cenas, sequências, enquadramentos ou em seus cortes surpreendentes. Basta assistir à abertura do filme “Paprika” para se ter uma ideia do brilhantismo de sua composição. Embora algumas de suas criações tenham como base novelas, a animação criada por ele caminha em paralelo às obras originais, uma vez que são inventadas novas situações e uma identidade visual rica em múltiplos detalhes.

O feminino nas obras de Satoshi Kon

Satoshi Kon
Nas obras de Satoshi Kon o feminino é o protagonista

A mulher, nas obras de Satoshi Kon, é a que busca alguma coisa; é a que luta contra as adversidades para encontrar o que quer; é a mulher que se impõe a seu meio, até mesmo porque o meio é sempre hostil a ela; é a mulher que encontra seus inimigos e os supera por algo maior do que derrotá-los, ela os supera quando se vê maior do que seus obstáculos; e isso tudo, longe do estereótipo da mulher boazinha ou recatada, mas sim da mulher forte. 

Suas produções no cinema de animação são Perfect Blue (1997), Millenium Actress (2001), Tokyo Godfathers (2003), Paranoia Agent (2004), Paprika (2006), Ohayo (2008) e The Dream Machine (incompleto).

Satoshi Kon

Há quem diga que, ao se escrever uma história, tudo é o seu personagem. Tudo mesmo: o cenário, o clima, o modo como as janelas batem ou estão abertas, a linha temporal. Satoshi Kon constrói suas histórias sobre esse conceito. Suas personagens são fortes e memoráveis, e a caracterização delas não se limita ao contorno de seu corpo, a personagem passa a ser o cenário, o clima, o tempo, em uma gradação que nos leva até o limite em que a história seja contada pelo fluxo psicológico. 

E há gradações de aprofundamento que atingem seu ápice, como vimos em Paprika e no seriado Paranoia Agent. Portanto, a história não é apenas contada do ponto de vista da personagem, mas a personagem parece transbordar para fora de si mesma, além de contaminar todo o fluxo narrativo até o limite do caos (Paranoia Agent).

Mas como é a representação do feminino em cada uma dessas obras do diretor? A seguir, será feita uma pequena apresentação e interpretação, não por ordem cronológica da produção das animações, mas sim por uma sugestão de uma ordem para o contato com as obras de Satoshi Kon.

A representação feminina em cada obra 

Ohayo – O despertar

Satoshi Kon

Ohayo, bom dia é um curta-metragem que traduz muito rapidamente o estilo do autor. Nele, a personagem feminina vai aos poucos tomando consciência de si, até que ela encontre seu ritmo no despertar, e talvez seja esse seu nascimento, em uma descrição literal e metafórica. Essa pode ser uma de suas interpretações possíveis.

Tokyo Godfathers – o demônio azul

Tokyo Godfathers

Tokyo Godfathers é um conto de Natal doce, mas não tão fácil de ser digerido, pois não somos poupadas de ver o lado difícil de quem está perdido, de quem vive sem esperança e sem recursos. Mas há a predominância da doçura e da fantasia do clima dessa época idílica, em que se crê que todos são felizes e que receberão como presente o que mais desejam.

Na história, moradores de rua cuidam de uma bebê que acharam no lixo e decidem buscar por sua mãe. Os moradores de rua são um homem de meia idade, uma mulher trans e uma garota. Quem mais se afeiçoa à neném é a mulher trans, que insiste em cuidar da bebê. A garota sem-teto é arredia, porém vamos conhecendo aos poucos o motivo de ela ter fugido de casa. E a mãe da bebê, apenas conhecemos no finalzinho da história. No caminho, encontramos outras mulheres, uma mãe estrangeira, uma mãe que perdeu seu bebê, e em cada encontro há poucos diálogos, mas eles são extremamente reveladores por retratar força, culpa e dor.

Com mais ou menos uma hora de filme, a mulher trans conta a história de um demônio vermelho e um demônio azul. Antes disso, ela diz que “poder falar livremente é a prova da força do amor”. Depois nos conta uma história do folclore japonês, em que um ser (demônio ou ogro) vermelho queria ser amigo dos humanos, mas a aparência dele fazia todos fugirem; então, seu amigo, o demônio azul, arma um plano: ele, o azul, fingiria atacar os humanos, e o vermelho defenderia o povo, assim as pessoas iriam amá-lo. O plano dá certo e os humanos passam a ser amigos do vermelho. Mas, para o plano funcionar, o azul se afasta para sempre. 

A mulher trans nos mostra a sua dor, a dor de quem faz um sacrifício, mas também a dor de quem mostra uma verdade, que pode ser a missão de quem conta uma história, de quem nos mostra os problemas para que nós mesmas os identifiquemos em nossa vida e busquemos uma solução. Como se nós estivéssemos presas por amarras, e alguém (quem conta a história), ao nos livrar, também nos atinja e nos fira, até que possamos aprender a ser livres por conta própria; nesse sentido, em consonância, com a música de Amanda Palmer“Machete”.

A sensação é a de que o feminino aqui mora na superação não apenas dos seus problemas particulares, mas da superação de uma visão falha, imposta pelo “o que acham que os outros esperam que você seja”. Nessa história, a narrativa é construída em uma rede de coincidências, como se o universo e o clima de Natal conspirassem a favor de todos.

Millennium Actress – A Chave

Milllenium Actress

Millennium Actress poderia facilmente ser o enredo de uma comédia romântica, em que a heroína busca pelo seu amado. Poderia, mas não é o caso. A protagonista é uma atriz aposentada que narra suas memórias para um jornalista, fã de sua carreira no cinema. Ela foi uma menina que sonhou com o dia em que encontraria o “príncipe encantado”.

O destino dela era ligado aos terremotos, pois ela nasceu durante um, em 1923, e os terremotos também perpassam todo o filme, chacoalhando as memórias da mulher, que percebe que cada etapa de sua vida não se limitou à busca de seu amante, mas sim à busca simplesmente, talvez à busca de si mesma. Enquanto ela fala sobre suas memórias, a atriz, mais do que se lembrar, vai recuperando partes de quem ela foi, a paixão da juventude, a coragem para sempre seguir em frente mesmo que dê tudo errado. 

E novamente aqui a mulher é a que encontra o caminho para se fazer forte frente às adversidades. Ela luta e não desiste, e o meio à sua volta não é fácil, a trai diversas vezes e se impõe a ela quase como seu antagonista. Ela faz da busca sua missão de vida. Mas nada se torna fácil. Em Millennium Actress, o papel da recuperação de suas memórias, também pode remeter ao processo de cura do feminino, do resgate de sua história, de sua trajetória, de como abrimos nossos caminhos e escolhemos por quais portas passar, e da conclusão de como a cada etapa se conquistou a sua fortaleza, em uma homenagem à sua própria história (como é dito sobre “a volta ao lar”, na obra Mulheres que correm com lobos.

Paprika

Paprika

Paprika é um condimento, é algo que apimenta a vida, e também é o duplo de uma médica introvertida. No filme Paprika a médica trabalha em um projeto que ajuda os pacientes a superarem seus traumas mergulhando em seus sonhos e subconsciente. E um dos elementos visuais que nos conduz por essa confusa troca de realidades é uma borboleta azul. 

Fala-se muito sobre sonhos e em curar ao se analisar seus próprios sonhos. Portanto, quais são os sonhos que deixamos pelo caminho, que varremos para baixo do tapete e ignoramos até que a vida se volta contra nós? E são exatamente os sonhos que nos tornam humanos. 

Satoshi Kon

Satoshi Kon

A médica, em certo ponto, tem Paprika arrancada de sua pele à força por um homem, que diz amá-la como ela realmente é, em uma cena bem forte. A narrativa poderia seguir por aí e levaria à conclusão de que a mulher precisa da ajuda de um homem para descobrir quem ela é, como no horrível mote de “ele me fez mulher”. Mas a médica volta a ser Paprika quando ela bem deseja e precisa, superando o caos que se torna o mundo a seu redor com a união com “seu duplo”, e é isso que a ajuda no final a ter força para se permitir amar a si mesma e ao outro.

Paranoia Agent

Paranoia Agent

Paranoia Agent é um seriado em que cada episódio pode ser analisado separadamente. A linha temporal é quase inexistente e a narrativa perde a ordem e o nexo. Não é fácil acompanhar os episódios e é quase impossível chegar a conclusões e, paradoxalmente, é tudo muito simples.

A história é a de uma jovem que criou um produto de sucesso (um bonequinho de pelúcia) e agora é pressionada para criar outros produtos igualmente vendáveis; nesse percurso ela lida com a inveja dos colegas e a pressão pelo sucesso. Prestes a desmoronar, ela é subitamente atacada por um garoto com um bastão e patins dourados. Esse mesmo garoto vai atacar outros personagens que estão à beira de um colapso nervoso, tirando-os do ambiente de seu conflito pessoal e, portanto, livrando-os da necessidade de lidar (com) e resolver seus próprios problemas.

A história debaixo dessa história é a que mostra o que acontece quando deixamos que os nossos monstros interiores vençam. O caos, a sensação de debilidade, o desejo de que algo nos salve quando deixamos de comandar nossa vida, quando deixamos os pequenos conflitos e imposições se infiltrarem até racharem toda a nossa estrutura.

Satoshi Kon

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Nesse cenário surreal, até um pequeno defeito (tão fofo e inofensivo como um urso de pelúcia) pode se transformar em um monstro terrível que nos devora. Não é necessária uma tragédia, como uma bomba nuclear, o que é preciso para nos derrotar é não enfrentar nossos problemas assim que eles surgem, por menores que sejam, como a pressão dos compromissos do trabalho, o bullying de colegas, pois sempre há problemas.

Por exemplo, há um episódio em que a protagonista tem perturbação de identidade dissociativa: durante o dia é uma mulher discreta e introvertida, e à noite extrapola para o outro polo, sendo extrovertida, tendo muitos parceiros sexuais, em uma crítica ao que a sociedade patriarcal impõe à mulher: ela não pode ser una e inteira, ou deve ser Eva (santa = introvertida, pacata e obediente) ou deve ser Lilith (puta = agressiva e livre – O livro de Lilith: o Resgate do Lado Sombrio do Feminino Universal), as duas não podem ser uma, nunca; e, portanto, a mulher não pode ser completa. É o caos antes de se despertar, é o caos dos sonhos. A palavra-chave, de novo, é o despertar.

Satoshi Kon

A força de Perfect Blue

Perfect Blue é a obra mais forte e intensa de Satoshi Kon. É uma livre-adaptação de um romance de Yoshikazu Takeuchi, mas que superou a novela por ir muito além da proposta do original.

Mima faz parte de um grupo Idol. Ela é uma cantora que decide, seguindo os conselhos de sua agente Rumi, a mudar o foco de sua carreira. Assim, Mima inicia sua carreira como atriz. Mas essa escolha não é fácil e a todo instante ela será lembrada de como era mais confortável ser uma Idol. Ela será acusada de estar errada e todos irão ser seus algozes, sendo apresentado como o pior deles um fã que se torna um violento stalker. O fluxo da narrativa se torna confuso na terceira parte da obra, reproduzindo a confusão interna da personagem, mesclando-se com a visão que ela tem de outros personagens que são seus antagonistas.

O autor do romance original escreveu sob a perspectiva de um fã de Idols (o foco narrativo é o do stalker), mas em Perfect Blue esse foco não é claro.

Perfect Blue

A crítica de Satoshi Kon é pungente, não apenas na cena mais conhecida e torturante desta animação, mas também em cada uma de suas cenas. Logo na sequência inicial, Satoshi mostra diversos objetos em um foco fechado e depois nos mostra esses mesmos objetos em uma panorâmica, e vemos que nos enganamos sobre o que eles eram, em uma clara referência à uma das frases ditas durante o filme “ilusões não matam… mas, e se as ilusões possuírem alguém?”. As ilusões criadas sobre nós mesmas, sobre as mulheres, podem sim matar, e é isso que vemos todos os dias nos jornais: notícias de feminicídios que não significam “a morte de uma mulher”, mas o assassinato de uma mulher pelo simples fato de ela ser uma mulher, de ela ser considerada uma “posse” em uma sociedade patriarcal.

Em Perfect Blue, Satoshi Kon mostra que as ilusões matam através do universo das Idols: mulheres muito jovens que têm sua imagem explorada pela mídia, que são hipersexualizadas, mostradas como “ingênuas” e “sexies”, e que são pouco a pouco desprovidas de sua identidade até o ponto de seu corpo não ser mais seu, mas sim uma construção da mídia para o entretenimento – a objetificação.

Mima tem um aquário, e ela também tem cenas na água, em sua banheira, em sequências que nos indicam a metáfora de que é muito provável que se vá submergir às críticas, se afogar nas expectativas que a mídia impõe para que a mulher cumpra: a de ser sempre jovem, bela, desejada, inocente, submissa e sorridente. Mas Mima grita, mesmo submersa, ela grita. E essa é a primeira reação para sua tomada de consciência. Essa metáfora, a do aquário, de se afogar, pode remeter à obra A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath, em que a queda é repentina, mas não fortuita.

Satoshi Kon

Em Perfect Blue é criticada ainda a “cultura da rival”, a visão distorcida de que a outra mulher é sua concorrente, sua rival, e não uma companheira e amiga. A rivalidade feminina é propagada pela mídia às mulheres desde que são crianças.

Mas a parte mais difícil de ser assistida nessa animação – e a crítica mais contundente – é o do papel da mídia que transforma a violência contra a mulher em um espetáculo. Satoshi Kon critica a cultura do estupro através de uma sequência onde a protagonista Mima filma uma cena de estupro grupal. Essa sequência não é pornografia, é denúncia. Denúncia da fetichização que existe no filme que Mima está fazendo, que a pede para posar de atriz em uma cena de estupro em que ela “sabe ser sexy por ser uma Idol“.

A crítica está aí. Satoshi Kon mostra a cena sendo filmada para uma série policial, a cena não é a dele; a cena de Satoshi Kon é a angústia em que ficamos ao ver Mima sendo agredida repetidas vezes, repetindo a cena, pausando a cena, recomeçando a cena, seguindo as indicações do diretor, é angustiante. É a denúncia da fetichização do estupro nas obras de ficção, como já vimos em 50 tons de cinza, Game of Thrones e diversas obras. É feita aqui uma denúncia da cultura do estupro, visceral, cruel e angustiante.

Satoshi Kon

Em Perfect Blue se há uma loucura, não é a de Mima, mas sim a da sociedade que a cerca (o stalker, sua agente, a mídia, os fãs de Idols), que querem impor a ela uma visão distorcida do que é ser uma cantora, uma atriz, uma mulher. Mas a conclusão para a protagonista é a de que a mulher é quem tem que se impor a esse caos ao redor dela, a mulher tem que fazer isso para existir plena e senhora de si, senão ela será apenas uma sombra de si mesma, um fantasma sem corpo ou existência real. O filme termina quando acaba a confusão, pois Mima impôs perfeitamente quem ela é.

Hilda Hilst criticou também a mídia como divulgadora dos padrões de submissão quando falou sobre “a futilidade”, que é uma das formas dessa “ilusão” criticada por Satoshi Kon. Hilda diz: “A crueldade dos homens é cada vez maior. A futilidade, o desejo do consumo está dominando o mundo. Eu gosto de repetir a frase de um ensaísta e filósofo francês, professor da Sorbonne, Alain [pseudônimo de Émile Chartier], admirado por intelectuais como Sartre e Simone de Beauvoir. Ele dizia que ‘a futilidade é um estado violento’. Você pensa que pode arrancar a futilidade de uma pessoa… mas você não arranca nunca a futilidade de um ser fútil. É a própria essência desse ser…” (Hilda Hilst, “Fico besta quando me entendem“).

São violentas todas as ilusões criadas para manter a mulher submersa nessa sociedade patriarcal, por mais inocentes que possam parecer.

Perfect Blue

O universo de Satoshi Kon

Em uma entrevista, Satoshi Kon diz que ele não precisa explicar muito a seu espectador, que ele confia que cada um dará sentido à história que vê. Ele diz:

Se você olha para um sonho em geral, é muito difícil discernir o significado. No entanto, com o passar do tempo, pode haver certos significados em segundo plano. Filmes que você pode assistir uma vez e entender completamente – esse é o tipo de filme que eu realmente não gosto. Pode haver uma certa parte que você não entende muito bem, mas há uma parte que repousa no seu coração.

As criações de Satoshi Kon podem não ser fáceis de se entender, mas você as sente de uma maneira inegável, profunda, esmagadoramente contundente. Guimarães Rosa dizia que “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. A obra de Satoshi Kon é a travessia em que o barco não está perto de nenhuma margem, e se percebe que o fluxo de águas começa a aumentar em uma corredeira. Satoshi Kon leva a espectadora pela mão até certo ponto da história, depois ele a solta, livre, e, às vezes, a deixa no lusco-fusco. Como, aliás, estamos todas nós, que lutamos dia a dia para não submergir, em um caminho em que a resistência é a única possibilidade de vida plena e livre.

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Autora convidada: Érica Bombardi é escritora e freelance em edição de texto. Publicou livros e vários contos, como os livrosCanto do Uirapuru” (2016) e “Além do deserto” (2012), e os contos “A Caçadora de Dragões D’Água” (2015), “Por dentro” (2014), além dos ebooks “Nunca pare no acostamento” e “As chaves do invisível” (Amazon, 2018). Tem algumas premiações literárias, como o livro “Canto do Uirapuru” que recebeu o Prêmio Literário Biblioteca Nacional, categoria juvenil (RJ, 2016). Onde encontrar suas poesias e crônicas.

Imagem destacada: Ilustração por Kosal.

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