Por um certo tempo encontrávamos predominantemente séries com homens no papel principal, mas esse cenário mudou. Atualmente temos diversas séries que contam com personagens femininas multifacetadas. E ao acompanhar algumas séries de época vemos personagens que se destacam, são mulheres que lutam por suas crenças e conseguem transformar parte da sociedade ao seu redor.
Demelza – Poldark
De origem pobre, Demelza (Eleanor Tomlinson) sempre se mostrou como uma mulher decidida e independente. Após seu casamento com Ross, o trabalho dele sempre o deixou fora de Namparra, então ela passa a ser a responsável pela mina, pela fazenda e por sua família, causando muitas intrigas entre a rica sociedade. Por muitas vezes ela é mencionada como a “meretriz de Poldark” ou “mulher da vida”, com quem Poldark casou, apenas por comandar os negócios de seu marido e manter uma boa relação com os trabalhadores do local. A série aborda de forma sucinta as mulheres de diferentes classes sociais do século 18, e como algumas já buscavam a independência sem precisar de um casamento.
Lagertha – Vikings
Sempre criada para ser uma guerreira, ao se casar com o fazendeiro Ragnar, ela colocou em prova o seu espírito guerreiro ao embarcar em suas crenças. Lagertha (Katheryn Winnick) é uma mulher que luta não apenas por sua família, mas também por sua vida e honra. Após vários acontecimentos, ela se torna Earl Ingstad. E devido alguns relacionamentos tristes e abusivos, Lagertha redescobre o amor através de sua relação com outra guerreira, Astrid. Tal relação passa a estabelecer um círculo de confiança e sororidade com as demais guerreiras. A série gira em torno da comunidade viking e mostra como as mulheres eram tratadas no meio daquela sociedade.
Kizzy Kinte – Raízes
A minissérie começa quando o guerreiro Kunta Kinte (Malachi Kirby) é capturado de sua tribo na África e é trazido para a América. Após o nascimento de sua filha, ambos são separados e a história acompanha a jornada de sua filha Kizzy (Anika Noni Rose), que vive os abusos horríveis da escravidão, enquanto luta pela liberdade dos demais escravos. A forma de sua luta e como ela se mantém sã com todos os acontecimentos, é apenas uma parte do que a comunidade negra, que foi sequestrada e capturada de sua terra, sofreu com a escravidão. A força de Kizzie não é apenas de uma sobrevivente guerreira, mas também a força de uma mãe.
Kerra – Britannia
Princesa da tribo celta Cantii, Kerra (Kelly Reilly) sonha com uma vida livre e longe das crenças druidas, que via o casamento arranjado como uma forma de unir tribos rivais. Ao se ver presa após a invasão romana a Britannia, ela junta forças com o reino inimigo da Rainha Atendia dos Regni, para lutar contra a invasão romana. Kerra foge do estereótipo da princesa ao fugir de casamentos e desejar uma vida livre daquela sociedade machista. Sua força de vontade e o seu espírito guerreiro são os propulsores para lutar em nome do seu povo.
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Frankie Drake – Frankie Drake Mysteries
Ambientada no século 20, Frankie Drake (Lauren Lee Smith), uma ex-oficial do exército, junto com sua amiga Trudy (Chantel Riley), abre um escritório de detetives particulares. A dupla feminina, além de resolver mistérios perigosos, também lida com o machismo que circula na profissão, pois elas ousam desafiar a sociedade daquela época. Enquanto Frankie luta pelos seus casos para se sustentar, Trudy se depara com o desafio da sua mãe não aceitar seu trabalho.
Uma das personagens mais exploradas da série é a oficial Mary Shawn (Rebecca Liddiard). Ela trabalha no departamento da polícia cuja função é sair nas ruas para medir o tamanho das saias e trajes de banhos das mulheres, com intuito de verificar se seguiam o tamanho “adequado” para época, que não mostrasse “demais”. Vendo que não iria crescer muito ali, Mary usa do seu acesso na polícia para ajudar Frankie e Trudy a resolverem seus casos.
Rainha Vitória – Vitória: A Vida de Uma Rainha
Nascida para se tornar rainha, Vitória, por sua vez, é obrigada a se submeter a certas coisas apenas por ser mulher. A forma que a série aborda o assunto da maternidade compulsória se torna muito singela e a espectadora só percebe quando a mesma se diz culpada por não gostar de ficar grávida, odiar amamentar e não gostar dos filhos. E mesmo sendo a Rainha, sua liderança é questionada diversas vezes por ser mãe e mulher.
Anne – Anne with an E
Com uma grande imaginação, Anne consegue enxergar o mundo de uma forma colorida, apenas questionando papéis e formas que o indivíduo está inserido na sociedade. A série também explora vários assuntos, como a sexualidade, casamento, machismo, preconceito e a escolha individual da mulher. Além da sororidade, a série aborda temas ainda considerados tabus para se conversar.
Claire Beauchamp – Outlander
Depois de viajar no tempo, indo parar na Escócia do século 18, Claire (Caitriona Balfe) se vê presa em uma sociedade machista onde mulheres inteligentes eram facilmente subjugadas e julgadas pela sociedade, inclusive condenadas por bruxaria e assassinadas por isso. Ela se depara, ao longo da série, com diversas escolhas difíceis que são intensificadas quando se apaixona, e passa a ficar dividida entre voltar ao século que pertence ou continuar no século 18, passando por várias situações onde sua vida corre risco e o seu conhecimento é utilizado como arma e tentativa para se defender do perigo e do machismo daquela época.