Autoras feministas brasileiras para conhecer e ler

Autoras feministas brasileiras para conhecer e ler

O movimento feminista, como um todo, é um movimento social e político que visa a igualdade entre homens e mulheres através da derrubada das amarras que oprimem as mulheres. Entretanto, essa definição acaba, por vezes, sendo ampla demais, não delimitando as estratégias e políticas que deverão ser realizadas para se alcançar essa dita igualdade. Desse modo, acabou por serem criadas diversas vertentes e visões para suprir essa necessidade de planos e visões sobre o movimento. 

Tais métodos e táticas são os alvos de diversos livros e teses de autoras feministas que delineiam suas visões acerca da desigualdade entre homens e mulheres e as estruturas de opressão; por muito tempo, as escritoras mais notáveis e referenciadas eram europeias ou norte-americanas, fazendo com que nós, brasileiras, adotássemos visões estrangeiras que nada possuíam em comum com a nossa realidade de país colonizado e latino-americano.

Assim, é muito importante, principalmente na conjuntura política em que estamos, atentar-se para o que nossas autoras têm a dizer sobre o machismo que permeia a sociedade brasileira, pois nossas particularidades históricas e sociais por muito tempo foram completamente ignoradas e não há como combater as opressões sem reconhecer suas especificidades.

Portanto, esse artigo tem como objetivo apresentar uma pequena lista de autoras feministas brasileiras que precisam ser debatidas e conhecidas!

Djamila Ribeiro

Autoras feministas brasileiras
Foto: divulgação

Djamila Taís Ribeiro dos Santos é uma filósofa brasileira, atuante do movimento feminista e pesquisadora acadêmica, autora dos livros “O que é lugar de fala?” e “Quem tem medo do feminismo negro?”, sendo tais obras consideradas como umas das mais vendidas no país, sendo traduzido, inclusive, para outras línguas, como o francês.

A autora é coordenadora de uma coleção de livros chamada Coleção Feminismos Plurais, que procura democratizar o acesso aos debates políticos e sociais sobre o fim das opressões, é colunista da Folha de São Paulo e da Marie Claire Brasil, refletindo em seus textos sobre a questão da mulher e a democracia brasileira, por exemplo, e recebeu há pouco tempo o prêmio de personalidade do amanhã pelo governo francês.

Djamila é considerada um ícone representativo do feminismo negro, reconhecendo as especificidades das opressões das mulheres negras em relação às mulheres brancas e sempre considerando as intersecções entre gênero, raça e classe como imprescindíveis para se conhecer e combater o patriarcado.

Ana Alice Alcântara Costa

Ana Alice Alcântara Costa
Foto: divulgação

Nascida em 1951 na Bahia, Ana Alice é filha de família de classe trabalhadora e foi a primeira pessoa da família a ingressar em uma universidade, em 1971, concluindo, em 1975, o curso de graduação em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, lugar para qual voltaria, poucos anos mais tarde, como membro do corpo docente.

Tendo uma vida dedicada para a pesquisa e para a militância no movimento feminista, no início de 1983, então ainda recém-contratada pela UFBA, a autora criou uma proposta para as colegas da FFCH: criar um núcleo de estudos sobre a mulher. Convencida do fato de que o ativismo também deveria se inserir na academia e, portanto, delimitar-se em todos os âmbitos da sociedade, concebeu-se o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – ou também conhecido como o NEIM.

Além disso, Ana Alice participou das ações que levaram à criação do Conselho Municipal da Mulher de Salvador, sendo uma de suas primeiras conselheiras, como também participou das negociações pela criação da Delegacia Especial de Atendimento às Mulheres e do Conselho Estadual da Mulher do Estado da Bahia e na articulação do Fórum de Mulheres de Salvador, além de ter participado ativamente e com muita dedicação nas lutas de mulheres pela redemocratização do país e pela inclusão dos direitos das mulheres na Constituição Federal.

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A autora tem diversos artigos, livros e publicações pela internet e por espaços acadêmicos que refletem principalmente a história do movimento feminista no Brasil, além de destacar brilhantemente as influências diretas da Ditadura Militar que assolou o país de 1964 a 1985 nas organizações e as pautas das mulheres; entre eles estão “O Movimento feminista no Brasil: dinâmicas de uma intervenção política”, “As Donas no Poder: Mulher e Política na Bahia” e “Estudos De Gênero E Interdisciplinaridade No Contexto Baiano“.

Flávia Biroli

Flávia Biroli
Foto: divulgação

Flávia Biroli nasceu em 1975 no estado de São Paulo, é doutora em História pela Unicamp e, desde 2005, professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, onde coordena o Grupo de Pesquisas sobre Democracia e Desigualdades (Demodê). É uma pesquisadora e cientista política brasileira, autora de diversos livros e textos sobre gênero, feminismo e democracia. Especialista em teoria política feminista, faz parte do Grupo de Assessoras da Sociedade Civil da ONU Mulheres no Brasil.

A autora traz discussões riquíssimas sobre a importância e os impasses da representação política da mulher; debate sobre pornografia e aborto, refletindo, também, sobre a relação entre mulheres e mídia e, principalmente, sobre o papel da mulher na democracia brasileira hoje. Entre alguns os livros de sua autoria estão “Caleidoscópio convexo: mulheres, mídia e política“, escrito com seu grande colega e também cientista político Luís Felipe Miguel; “Autonomia e desigualdades de gênero: contribuições do feminismo para a crítica democrática“, publicado em 2013; “Família: novos conceitos”; “Feminismo e política: uma introdução“; “Notícias em disputa: mídia, democracia e formação de preferências” e “Aborto e Democracia” (também com Luis Felipe Miguel).

Joice Berth

Joice Berth
Foto: divulgação

Joice Berth é escritora brasileira, também feminista interseccional negra, arquiteta e urbanista, formada pela Universidade Nove de Julho e pós-graduada em Direito Urbanístico pela PUC-MG. A escritora pesquisa sobre direito à cidade e as relações sociais de gênero e raça, foi colunista do site Justificando e atualmente escreve para a revista Carta Capital. É autora do livro “O que é Empoderamento?“, terceira publicação da coleção Feminismos Plurais, já mencionada e organizada pela mestra em Filosofia Djamila Ribeiro.

Dentre outras reflexões, Joice pondera que não há esse “empoderamento” de mulheres, essa ressignificação e subversão das relações de poder de uma forma individual e isolada – isto é, sem refletir sobre a coletividade. Para que haja, então, a erradicação das desigualdades e uma transformação social significativa e estrutural, a luta deverá ser coletiva e levando em consideração os diversos campos e lutas de grupos sociais desiguais e oprimidos.

Joice é, atualmente, um referencial na discussão sobre gênero e raça e, com certeza, uma das maiores autoras sobre feminismo e sobre luta coletiva atualmente.

Mirla Cisne

Mirla Cisne
Foto: divulgação

Mirla Cisne é uma assistente social e pesquisadora acadêmica que possui graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará, mestrado em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco e doutorado em Serviço Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente é professora do curso de Serviço Social na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher Simone de Beauvoir (NEM) e vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisa das Relações Sociais de Gênero e Feminismo (GEF).

Mirla  é uma das principais autoras que refletem sobre “as relações sociais do sexo” e sua ligação com raça e classe no Brasil e atua com projetos e pesquisas em movimentos sociais e o movimento de mulheres. É autora de livros como “Feminismo, Diversidade Sexual e Serviço Social” e “Gênero, Divisão Sexual do Trabalho e Serviço Social” e é uma grande referência do feminismo materialista e marxista no Brasil. 


Edição realizada por Gabriela Prado e revisão por Isabelle Simões.

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21 Textos

Estudante de Direito, nordestina, pode falar sobre Studio Ghibli e feminismo por horas sem parar, amante de cinema e literatura (ainda mais se feito por mulheres), pesquisadora, acumuladora de livros e passa mais tempo criando listas inúteis do que gostaria.
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