Imagino que algumas de vocês já devem conhecer Maïwenn – diretora francesa do drama “Políssia” (Polisse), sobre a rotina de policiais da Brigada de Proteção de Menores – um filme super interessante que me fez pesquisar mais sobre ela, me levando assim ao “Meu Rei“ (Mon Roi).
Lançado em 2015, o filme começa nos trazendo Tony (Emmanuelle Bercot) em processo de recuperação após um acidente de esqui. Finalmente com um tempo só para si, ela começa a relembrar seu casamento tóxico com Georgio (Vincent Cassel). De começo, achamos que o filme se trata de um lindo romance. O casal sai, diverte-se, faz planos… um típico relacionamento feliz. Mas isso não dura muito tempo.
A partir da gravidez, o convívio começa a dificultar e Georgio tem uma total mudança de comportamento. E é então que começam as típicas fases de um relacionamento abusivo.
[ALGUNS SPOILERS A PARTIR DAQUI]
“Mas ela era louca!”
Uma das brigas iniciais do casal é o contato de Georgio com sua ex Agnes (Chrystèle Saint Louis Augustin). Frequentemente ele deixa Tony em casa para dar suporte à ex, com o pretexto de que ela possui distúrbios psicológicos e pode fazer algo pior se estiver sozinha. Esse caso isolado pode não ter muito significado, mas com o decorrer do filme vemos Tony indo pelos mesmos caminhos de Agnes, que nos faz questionar quem é realmente “o problema” das situações. Seria coincidência duas mulheres que passaram pelo mesmo homem ficarem depressivas e dependentes de medicamentos?
“Você me conheceu assim, não peça para eu mudar”
Conforme Tony vai percebendo o declínio de seu casamento, ela decide pedir o divórcio caso seu marido não melhorasse os hábitos. Georgio tem uma reação agressiva e tenta culpá-la com a justificativa de que sempre foi daquele jeito, e que ela se apaixonou por ele assim… logo, ela que estava errada. A tática já é conhecida e infelizmente surte efeitos em muitas mulheres. Com medo de perdê-lo, eles ignoram os problemas e tentam novamente se reconciliar.
“Eu vou conseguir a guarda do nosso filho, se você se divorciar”
Nesse ponto vemos uma das piores ameças para uma mulher, que também é mãe. Como o relacionamento definitivamente não estava dando certo, Tony decide de vez pedir o divórcio. Georgio, numa tentativa de mantê-la, ameaça com a perda do filho. Já debilitada e tomando remédios para a “sanidade” (algo que ele faz questão de frisar), ela realmente acredita que pode perder o filho se separar do marido, e novamente cai nas ameças dele.
Além de toda essa problemática, o filme ainda conta com excelente atuações (que rendeu à Emmanuelle Bercot o prêmio de interpretação feminina de Cannes). Pra mim o único problema da produção foi o final, meio controverso e que adoraria discutir com vocês quando assistirem! Definitivamente é um ótimo filme para se assistir e para até mesmo questionar a saúde de nossos relacionamentos atuais e passados.
