[CINEMA] “A Mentira”: uma reflexão sobre a liberdade sexual feminina

[CINEMA] “A Mentira”: uma reflexão sobre a liberdade sexual feminina

O filme “A Mentira” (2010) é uma comédia adolescente dirigida por Will Cluck e estrelada por Emma Stone. É baseada no livro “A Letra Escarlate” de Nathaniel Hawthorne, porém incluindo elementos modernos e apresentando os conflitos de uma jovem no colegial.

A Mentira

AVISO:  Contém elementos da história que se encontram disponíveis na sinopse e nos trailers

A história começa com Olive, personagem de Emma, gravando um vídeo no qual pretende revelar a verdade sobre acontecimentos recentes. A partir daí, a história se desenvolve voltando ao momento em que ela e sua melhor amiga Rhiannon (Alyson Michalka) estão conversando em um banheiro da escola. Olive não quis passar o fim de semana em um acampamento e inventou que se encontraria com alguém. Para manter a mentira e livrar-se da pressão da amiga, acaba dizendo que perdeu a virgindade. O que as duas não perceberam é que Marianne (Amanda Bynes), a fanática religiosa da turma, estava ouvindo e acaba espalhando para o colégio inteiro.

Neste momento, Olive sente-se dividida: era invisível, e, de repente, todos começam a falar dela porque acreditam que já transou. Ao mesmo tempo que fica incomodada, ser popular é algo que sempre quis. Mas a situação começa a perder o controle de vez quando Brandon (Dan Byrd), seu amigo gay, propõe que os dois finjam ter relações sexuais durante uma festa. Logo, ela se vê cercada de garotos desajeitados que lhe oferecem cartões presentes para ter um boato a seu respeito. Quando a escola inteira já está se referindo a ela como piranha, passa a usar a letra “A” em suas roupas, se referindo ao romance “A Letra Escarlate”, no qual a personagem Hester Prynne é obrigada a levar a letra “A” de “adúltera” no peito após conceber uma filha fora do casamento.

O interessante nestes fatos é que os meninos que procuram uma falsa transa com Olive desejam alcançar o status de ~~macho pegador~~ e assim conquistar admiração. Enquanto isso, ela continua sendo taxada de vadia por ficar com eles. A sociedade, essa coisa né, rs. 

A Mentira

O filme é uma crítica bem-humorada à moralidade o século XXI. Podemos observar como praticamente todos os personagens em algum momento julgam ou são julgados uns pelos outros. Todd (Penn Badgley), foi o primeiro caso falso de Olive, quando ainda eram crianças e ela fingiu ter dado seu primeiro beijo com ele, por este ainda não estar preparado e ter medo do deboche dos colegas por nunca ter ficado com uma garota; Marianne é a rainha da moral e dos bons costumes, que tem um número considerável de seguidores aptos a condenar quem tenha postura promíscua, baseada em conceitos de sua religião; Rhiannon, a melhor amiga de Olive, que decide romper a amizade quando vê a fama que esta conquistou; e a própria Olive, que mesmo com a história, não teve nenhum encontro real durante o período, mas seguia sendo o exemplo de vadia.

A conclusão a tirar é que a sexualidade feminina ainda gera tabu, e qualquer garota que decida expor a sua acaba gerando incômodo. Também mostra como é fácil julgar alguém, mesmo sem conhecer direito a sua história. O livro “A Letra Escarlate” foi publicado em 1850, e como podemos observar no filme, ainda reflete muito de nossa sociedade quando se trata da liberdade da mulher.

Vale conferir o filme para rir das atuações e avaliar todas essas questões. Disponível no catálogo da Netflix.

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Acadêmica de jornalismo, feminista, problematizadora e apaixonada por cultura pop. Sonha em viajar o mundo, atualmente viaja nos pensamentos.
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