Oito anos após o estrondoso sucesso de Moana, a Disney lança essa sequência nos cinemas, após planejá-la inicialmente como uma série para seu canal de streaming. Isso transparece bastante durante a projeção.
Apesar do visual ser belíssimo, com destaque para os detalhes neon e as lindas paisagens animadas, a história de Moana 2 parece digna de um episódio de meio de temporada, daqueles que servem apenas para encher linguiça.
O enredo de Moana 2
Dessa vez, Moana deve procurar uma ilha perdida no oceano, que costumava ser o ponto de encontro de diversos povos polinésios. Após o desaparecimento da ilha, os povos pararam de se encontrar.
Para a nova jornada, Moana recruta algumas pessoas de sua comunidade: o agricultor Kele, a cientista maluca Loto, e um rapaz chamado Moni, cuja única característica é ser fã do semideus Maui, apresentado no primeiro filme.
Os quatro velejam pelo oceano seguindo uma estrela cadente que mostra o caminho. Enquanto isso, Maui está preso no submundo controlado pela deusa Matangi. Ele só vai encontrar Moana lá pelo meio do filme.
A narrativa enfraquece o filme
A estrutura narrativa de Moana 2 é bastante parecida com a do primeiro filme. Porém, as justificativas não convencem dessa vez (o encontro dos povos polinésios parece totalmente inconsequente para a história, por exemplo, quando deveria ser o mote principal).
Os vilões somem no meio do filme, igual aconteceu com o caranguejo Tamatoa no longa anterior. E os personagens coadjuvantes não tem peso na história.
O agricultor Kele, por exemplo, cultiva plantas para que eles não passem fome na viagem, mas nunca os vemos comendo. Já a cientista Loto sabe consertar a canoa avariada, mas o filme omite a cena em que isso acontece. E Moni, por fim, realmente não tem nenhuma serventia à história além de ser alívio cômico.
O fato de todos os personagens protagonizarem cenas em que performam trapalhadas também é um defeito do filme. Até mesmo Moana tem algumas cenas assim. Tudo muito artificial.
Some-se a isso o uso de gírias atuais para tentar “enturmar” com o público, e o tom do filme parece ainda mais deslocado. Na dublagem brasileira essas gírias se transformaram em coisas como “foi de arrasta pra cima” e frases feitas como “respeita as mina” usadas fora de contexto.
A trilha sonora também decepciona
Moana 2 também comete o enorme pecado de não ter canções memoráveis como o primeiro filme. É perfeitamente possível sair da sessão sem lembrar de nenhuma delas. Para um musical, isso é realmente um péssimo sinal.
Enquanto o primeiro longa contou com composições de Lin-Manuel Miranda, o famoso compositor da Broadway, Moana 2 tem a assinatura de Abigail Barlow e Emily Bear, que infelizmente não conseguem repetir o mesmo sucesso.
Enfim, Moana 2 talvez funcione para crianças pequenas por causa de seu humor e bichinhos fofinhos, e para adultos nostálgicos pelo muito superior primeiro filme e pelo belíssimo visual do segundo. No entanto, uma pena que a Disney permaneça lançando sequências com tanta falta de capricho.
Moana 2 estreia hoje, 28 de novembro nos cinemas.