As Caça-Fantasmas: sim, os haters estavam errados

As Caça-Fantasmas: sim, os haters estavam errados

Ontem (14/07) foi a estreia nacional de “As Caça-Fantasmas” e foi em uma sessão lotada às quatro horas da tarde que eu tive essa revelação: Eu sou Abby Yates!

Sempre concordei com tudo o que diz respeito à importância da representatividade em obras de entretenimento, mas foi apenas ontem, pela primeira vez em 28 anos, que percebi como isso era importante para mim também. Não me vejo na personagem gorda e engraçada, que é melhor amiga da protagonista, também não sou a mulher complexada com seu corpo que precisa de um homem para dizer que ela é aceitável como é. Eu sou a mina que salva a droga da cidade de um apocalipse sobrenatural ao lado das minhas melhores amigas. UAU!

Acredito que esse seja o segredo do sucesso da franquia, que há trinta anos colocava como protagonistas em um filme de ação personagens que nem de longe lembram os famosos brucutus que abundavam em filmes do gênero. O público nerd masculino podia se enxergar como os salvadores do mundo naqueles quatro renegados e o mesmo se repete agora. Mas “As Caça-Fantasmas” não é bom apenas pela representatividade feminina, o filme é muito divertido e “bom pra família toda”, no melhor sentido possível.

As Caça-Fantasmas
Tudo começa quando a ex-pesquisadora do paranormal, Erin Gilbert (Kristen Wiig), é chamada para solucionar um caso de assombração em uma mansão antiga em Nova York. Erin agora é uma física teórica, que quer conquistar uma boa posição acadêmica na renomada universidade para a qual trabalha e não quer ter seu nome relacionado a um livro sobre a existência de fantasmas, por isso ela vai atrás de uma antiga amiga e co-autora do livro, para pedir que ela o tire de circulação, pelo menos até a universidade aceitá-la em sua sonhada cadeira acadêmica.

É nesse ponto que conhecemos Abby Yates (Melissa McCarthy), que também é física teórica, e Jillian Holtzmann (Kate McKinnon) que é a engenheira que constrói todos os equipamentos maneiros que vemos no filme. As duas estão dando continuidade às pesquisas sobre o outro mundo que Erin abandonou anos atrás.

O caso da mansão assombrada é o primeiro que une a equipe, mas logo novos casos de aparições de fantasmas surgem, e nesse ponto entra em ação Patty Tolan (Leslie Jones), uma típica nova iorquina que trabalha no metrô. Assim como muita gente, o papel de Patty no filme me incomodou pelo que eu havia visto nos trailers, pois ela é a única que não é uma cientista.

Mas, Patty provou que estávamos errados, ela não é menos inteligente do que as outras por não ter um diploma universitário, e leva o termo “conhecimento das ruas” a níveis literais, pois conhece toda a história da cidade, cada rua e cada prédio, o que completa o conhecimento científico de suas companheiras. Leslie Jones rouba muitas cenas durante o filme com seu carisma contagiante e ótima performance.

As Caça-Fantasmas
A química do elenco todo é ótima, todas as atrizes estão excelentes no filme e a participação de Chris Hemsworth como Kevin, o secretário lindo, porém burrinho das meninas, também é muito boa. Algumas das cenas mais engraçadas do filme contam com a presença dele. Mas se eu tiver que apontar uma protagonista para a história, ela seria Erin Gilbert. É dela todo o arco dramático, pois  ela busca a aceitação das outras pessoas e não quer ser vista como louca, mas o momento em que ela finalmente se reconhece como uma Caça-Fantasmas é um dos pontos altos do filme.

A cena da luta final quando as Caça-Fantasmas salvam a cidade da ameaça sobrenatural  é cheia de ação e tem muitos easter eggs que fazem referência aos filmes clássicos (homenagens aparecem em todo o filme), um prato cheio para os fãs da franquia. Os efeitos visuais estão impecáveis, tornando este o primeiro filme que eu realmente curti ter assistido em 3D (O terror para os míopes).

O vilão não poderia ser outro, senão um homem branco amargurado com a falta de reconhecimento do mundo. Ele se acha um gênio incompreendido pelas mulheres e por seus iguais e por isso busca vingança. Nada mais adequado para o filme que sofreu o maior backlash da história recente do cinema, justamente por conta de homens que não aceitam mulheres como protagonistas (o que também gerou ótimas piadas)..

As Caça-Fantasmas“, de Paul Feig, conquistou o direito de pertencer a uma das franquias mais queridas de Hollywood e também mostrou para os haters que eles estão errados. Filmes de aventura com protagonistas mulheres dão muito certo e eu mal posso esperar pela continuação.

Aviso: Fiquem até o fim dos créditos.

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Formada em Comunicação Social, mãe de um rebelde de cabelos cor de fogo e cinco gatos. Apaixonou-se por arte sequencial ainda na infância quando colocou as mãos em uma revista do Batman nos anos 90. Gosta de filmes, mas prefere os seriados. Caso encontrasse uma máquina do tempo, voltaria ao passado e ganharia a vida escrevendo histórias de terror para revistas Pulp. Holden Caulfield é o melhor dos seus amigos imaginários.
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