[CINEMA] “Bem-Vindo a Marly-Gomont”: uma abordagem leve sobre o racismo

[CINEMA] “Bem-Vindo a Marly-Gomont”: uma abordagem leve sobre o racismo

“Bem-Vindo a Marly-Gomont” é um filme baseado na história real da família Zantoko, natural de Kinshasa, no Congo.O patriarca, Seyolo Zantoko (Marc Zinga), se forma em medicina na França e decide que quer se naturalizar francês, pois não quer retornar ao Congo, que na época ainda era liderado pelo General Mobutu. Então ele resolve aceitar um convite inusitado do prefeito de uma pequena cidade rural ao norte de Paris, chamada Marly-Gomont.

Chegando em Marly-Gomont, Seyolo Zantoko e sua família são recebidos com olhares tortos e hostilidade, já que não existem negros na cidade. A meta do patriarca é ganhar a confiança dos moradores e provar a sua capacidade a eles. Com boas doses de humor, que dão leveza à história, o filme apresenta como essa família lida e passa por cima do preconceito. Anne Zantoko (Aïssa Maïga), esposa de Seyolo, chegando em Marly-Gomont, pensa que ficaria em Paris, mas se decepciona ao ver que na verdade iria morar com a sua família numa cidade pequena, longe da cidade luz.

Seus filhos, Sivi (Médina Diarra) e Kamini (Bayron Lebli) vão para a escola e começam a sofrer bullying por parte das outras crianças. Ao perceber que os moradores da cidade passaram a ir em um médico de uma cidade vizinha somente para não se consultarem com ele, Seyolo se sente mal, mas pretende conquistar os moradores de algum jeito. Seyolo, nessa tentativa desenfreada por aceitação, decide entrar nos padrões dos moradores e passa a exigir isso de sua família, ignorando suas raízes e às vezes até as desprezando.

Bem-Vindo a Marly-Gomont, cinema, protagonismo negro

Anne fica incomodada, porque ela não quer se subjugar aos padrões preconceituosos dos moradores. Ela exige, então,  que eles os aceitem como são. Enquanto isso, Seyolo passa a ser mais agressivo em casa, principalmente com a filha que adora jogar futebol. Seyolo não só proíbe a menina de assistir às partidas na TV, como também de jogar na escola. A família passa por muitos percalços e períodos difíceis. Surgem conflitos quanto a profissão de Seyolo e a permanência em Marly-Gomont. Porém a história é levada de forma bem leve e com humor, mas o drama é bem inserido quando necessário. Destaque para Anne, que é uma personagem incrível – difícil não adorá-la!

“Bem-Vindo a Marly-Gomont” não é um filme de grande profundidade sobre o racismo, mas se desenvolve bem. É o típico roteiro redondo, que não se arrisca muito, mas que não deixa de ser cativante e interessante. O filme está disponível no catálogo da Netflix.

Escrito por:

Formada em Rádio e TV, maratonista e viciada em séries, eterna amante de um bom filme, escreve desde quando só conseguia usar desenhos para contar suas histórias, apaixonada por “Titanic” e uma quase bailarina que aprendeu muita coreografia em clipe da MTV. Sonha em morar no Canadá, escrever um livro, ter filhos, ser doula e conseguir colocar suas séries em dia.
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