Depois de toda emoção e angústia do final de Doce Vampira (Leia AQUI a resenha), Alma Vampira começa quieto e vagaroso, exatamente como a personagem Duda em sua recuperação na clínica dos Semeadores. Desde quando ela negou a transformação que tanto agradaria a Esther, os vampiros como que se afastaram, dando a impressão de que era no mundo dos humanos que as coisas se resolveriam. Mas o mundo dos humanos estava às voltas com uma ameaça velada, os Semeadores. E esses, organizados, 28promoveram um afastamento ainda maior do universo dos vampiros. Mas é um engano pensar que Esther esqueceria seu amor assim tão facilmente. Ainda que a contragosto de sua criadora, ela não entende e não admite que Duda tenha se afastado e se esquecido dela.
Em Alma Vampira, os capítulos continuam se dividindo por personagens, ou seja, é como se cada um deles tivesse a sua vez de contar o que lhe acontece, o que torna esse recurso ainda mais interessante. A cada capítulo e, portanto, a cada personagem, temos a versão da história por parte de cada personagem. Duda continua em sua saga de crescimento e autonomia, infelizmente, tendo que enfrentar muitas e angustiantes barreiras. A escolha que um dia foi proposta a ela vai voltar à baila e, dessa vez, os acontecimentos estão ainda mais impiedosos.
O subtexto do despertar sexual se encontra ativo. Porém, pende para uma outra questão, que é o amadurecimento que já começa a pesar para essa jovem que está prestes a adentrar nos vinte anos. Isso é notado mais fortemente nos momentos em que Duda é obrigada a vagar sozinha em busca da sua sobrevivência. Claro que é uma condição coerente com a natureza de sua circunstância, mas pode ser também uma metáfora de como é solitário – por vezes frio e desolador – o caminho que se abre quando somos intitulados como “adultos” pela sociedade. Praticamente impossível não se lembrar de quando éramos adolescentes ou muito jovens. Porque é um momento em que as pessoas ainda tomam muitas decisões por nós, ao mesmo tempo em que nos pedem urgência para que nós tomemos as rédeas de nossas vidas. A identificação fica ainda mais forte e nosso sentimento mais pungente, pois Duda vive esse desamparo em todas as searas, ela que está sem amigos, sem escola, sem família, sem amor.
Nesse segundo volume da série de Ju Lund, arriscamos dizer que mais do que uma história sobre vampiros e humanos, está sendo construída uma história sobre a emancipação de uma garota, suas descobertas e sua luta pela sua autonomia e pelo seu lugar no mundo.
Podemos declarar tranquilamente: fomos mordidas e já estamos à espera para devorar o próximo volume!
Alma Vampira
209 páginas
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Esta obra foi cedida pela editora para resenha.
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