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Gianni Versace
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American Crime Story – O Assassinato de Gianni Versace: Abandono, fama e homofobia

por Mariana Rio · 25 de maio de 2018
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Elaborar uma crítica para “American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace“ é uma tarefa difícil. Não se engane pelo título, não é uma série sobre o aclamado estilista Gianni Versace, mas sim sobre a polêmica figura de seu assassino Andrew Cunanan (interpretado por Darren Criss). Mesmo sendo algo inevitável, é importante tentar não fazer comparações com a obra anterior The People vs O.J. Simpson, o que temos aqui é uma história totalmente diferente.

Com um total de 9 episódios, “O Assassinato de Gianni Versace” é a segunda temporada da antológica série de televisão American Crime Story. Exibida pela FX e produzida por Ryan Murphy, o roteiro é da dupla Scott Alexander & Larry Karaszewski, responsável pelos roteiros de filmes como “O Povo Contra Larry Flint’ (1996) e “Ed Wood” (1994). A obra é baseada no livro “Favores Vulgares: O Assassinato de Gianni Versace”.

A série tem como pontapé inicial o assassinato do estilista italiano Gianni Versace (Édgar Ramirez) em 1997, e ao longo da temporada o projeto conta de forma retroativa a jornada de vida de Andrew Cunanan, apresentando a história dos outros quatro crimes cometidos por Cunanan até chegar ao seu fim trágico.

As consequências do abandono

O Assassinato de Gianni Versace

O Assassinato de Gianni Versace. Imagem: Imagem: FX / divulgação

Numa Flórida ensolarada de casas luxuosas, um homem bem-vestido caminha pela rua, ele ainda não sabe, mas hoje será sua última caminhada. Como um piscar de olhos, ele leva uma bala na porta de sua mansão. É assim que “O Assassinato de Gianni Versace” começa, sem nenhuma explicação. No primeiro momento, nós, espectadoras, não temos ideia dos motivos que o levaram a ser assassinado, logo após descobrimos que trata-se de um homem famoso.

Seu assassinato chama atenção do mundo e jornalistas se aglomeram na porta de sua mansão. Esse primeiro luxuoso episódio contou com a participação de uma Penélope Cruz irreconhecível como Donatella Versace, e um Ricky Martin esforçado como Antonio D’Amico, namorado não legitimado de Versace. Já no segundo episodio, a série nos apresenta sua verdadeira estrela, Andrew Cunanan, e sem nenhuma cerimônia já sabemos que estamos vendo um narcisista e mitômano.

A produção em nenhum momento tenta justificar e julgar as ações de Cunanan, mas ao contar sua história, o roteiro não se exime de fazer uma forte crítica a nossa sociedade de espetáculo. Andrew era um rapaz brilhante que cresceu ouvindo que era especial e merecia um lugar ao sol, mas o nosso mundo não foi feito para todos. Abandonado de diferentes formas, ao perceber que nunca teria acesso aos bens de consumo e uma vida luxuosa que lhe foram prometidas desde criança, Cunanan usa de seu carisma e corpo para alcançar a vida que ele acha que merece, e sua obsessão pelo Gianni Versace está sedimentada numa sociedade desigual que produz seus monstros. 

Andrew Cunanan (Darren Criss)

Andrew Cunanan (Darren Criss) em “O Assassinato de Gianni Versace”. Imagem: FX / reprodução

A psicopatia e o culto ao reconhecimento já renderam ao audiovisual obras-primas, de “Táxi Driver” à “Psicopata Americano”. Esta figura de homem bonito e atraente que tem um lado sombrio, vem seduzindo o público há décadas. Amparado por situações verídicas que são ficcionalizadas, “O Assassinato de Gianni Versace“ dá margem à imaginação, ao apresentar vários Cunanan no decorrer dos seus episódios. A sensação de tragédia anunciada fica cada vez mais forte quando entendemos as origens das cicatrizes e traumas de Andrew.

Com um roteiro minucioso, um dos méritos da série é o uso estético das cores e o figurino da época. Com muita elegância pode-se trafegar na moda dos anos 90. O belo trabalho realizado pelos designers de produção e pela equipe da montagem criou uma sensação de que estamos de fato nos anos 90. O uso da trilha sonora se conecta muito bem com a história. O grande destaque vai para Darren Criss (ator conhecido por seu papel na série adolescente “Glee”) que incorporou o personagem de uma forma avassaladora.

Gianni Versace

“O Assassinato de Gianni Versace”. Gif: reprodução

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Fama e homofobia em “O Assassinato de Gianni Versace“

Bem antes do boom das câmeras de celulares, um homem, assim que vê o cadáver do Gianni Versace, saca de seu bolso uma Polaroid e registra em primeira mão a primeira imagem do estilista já morto. Logo depois, a imagem correu ao mundo e chegou a ser vendida por um valor considerável. Em pleno cenário de um crime, uma mulher corre com uma revista e captura um pouco do sangue do homem que acabara de morrer. Já na cobertura do caso, uma modelo desfila com pouca roupa atrás das câmeras.

Num tipo de retrato esdrúxulo de uma sociedade sem limites e empatia que busca a fama de qualquer forma, percebemos o tamanho do abismo social que a série está inserida. 1997 foi um ano marcante. Além de Versace, outras personalidades morreram de forma trágica. O acidente de Lady Diana, meses depois, criou comoção mundial e elevou o poder da mídia em surfar nas tragédias humanas.

Gianni Versace (Édgar Ramirez) e  Antonio D’Amico (Ricky Martin)

Gianni Versace (Édgar Ramirez) e  Antonio D’Amico (Ricky Martin) em “O Assassinato de Gianni Versace”. Imagem: Imagem: FX / divulgação

O assassinato de Versace foi o fim de um ciclo de crimes, mas a pergunta respondida ao longo da temporada é porque as autoridades permitiram que um homem que já tinha sido identificado como autor do assassinato de outros quatro homens, ficasse solto por tanto tempo. A interpretação do roteiro para essa questão é o fato que os quatro homens assassinados tinham um envolvimento sexual com o assassino. Como ainda é comum, seja no Brasil ou nos EUA, os crimes contra homossexuais são tratados pela autoridade de forma preconceituosa. Os índices de julgamentos de crimes de ódio contra LGBT+ são bem menores do que os índices de outros crimes que não envolve homofobia. 

Em um dos episódios conhecemos uma das vítimas de Andrew, um ex marinheiro que caiu em desgraça ao revelar ao mundo sua orientação sexual em plena época da política “Não pergunte, não responda”. Numa era onde a homofobia reinava em silêncio, esse homem teve coragem de expor o preconceito vigente nas forças armadas. É muito triste perceber que a longevidade da jornada de crimes de Cunanan só foi possível devido à negligência policial.

Cunanan, na série, é um homossexual no armário que usa de outros homens para conseguir benefícios econômicos. Ele vive um intenso conflito com a própria orientação sexual. A série mostra que ele fora abusado sexualmente por um pai autoritário e o ódio que ele emprega nos assassinatos dos quatros primeiros homens está intimamente ligado com o conflito com sua própria orientação sexual.

As figuras femininas da série são poucas. Temos a mãe de Cunanan, uma figura fragilizada e problemática, a esposa traída que vive em negação de um dos quartos homens assassinados; e temos Donatella Versace que é retratada de forma forte e positiva, como musa de seu irmão.

Gianni Versace (Édgar Ramirez) e Donatella Versace (Penélope Cruz)

Gianni Versace (Édgar Ramirez) e Donatella Versace (Penélope Cruz) em “O Assassinato de Gianni Versace”. Imagem: reprodução

Diferente e de forma mais calma que sua antecessora, “American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace” entrega uma temporada marcante. Com um fim reflexivo e minucioso, deixa uma sensação de dever cumprido ao público. A antologia de crimes de Ryan Murphy não tem mais nada para provar ao mundo, mas com a confirmação da terceira e quarta temporada, só nos resta esperar por novas histórias tão marcantes quanto as duas primeiras temporadas. 

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Mariana Rio

Graduada em Ciências Sociais. Cineasta amadora. Viciada em livros, séries e K-dramas. Mediadora do Leia Mulheres de Niterói (RJ).

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