MAIDENTRIP – Uma jornada de independência

MAIDENTRIP – Uma jornada de independência

A holandesa Laura Dekker tinha 14 anos quando decidiu embarcar sozinha em uma viagem ao redor do mundo a bordo de seu veleiro de 12 metros, “Guppy”, para se tornar a pessoa mais jovem a completar o percurso sem tripulação. A viagem de dois anos é apresentada neste documentário de 2014, dirigido por Jillian Schlesinger e está disponível no catálogo da Netflix.

Laura é uma jovem extraordinária. Ela nasceu em 20 de Setembro de 1995 na Nova Zelândia, a bordo do barco que sua família usava para dar a volta ao mundo. Seus primeiros cinco anos de  vida foram no mar junto com sua família. Seu pai era um construtor de barcos e a mãe trabalhava como artista de rua enquanto viajavam.

Quando seus pais se divorciaram, Laura permaneceu morando com o pai e viajando pela Holanda. Ela começou a velejar sozinha aos 6 anos de idade, aumentando o nível de seus barcos conforme crescia. Aos 10 anos ela comprou seu primeiro barco com o próprio dinheiro, um Hurley 700, com o qual velejou sozinha  pelos mares da Holanda e do norte da Europa. Em 2009,  ela começou a se preparar para realizar seu grande sonho de velejar pelo mundo e navegou sozinha pela costa da Inglaterra.

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Com o sucesso dessa empreitada e com o apoio de seu pai, Laura começou a pensar no próximo passo e fez praticamente tudo sozinha, pesquisou rotas e conseguiu patrocinadores para a viagem, equipou o barco com o necessário. Somente quando precisou planejar seus estudos regulares foi que seus problemas começaram. A escola mandou o conselho tutelar atrás de seus pais e teve início uma batalha de 10 meses contra o governo holandês, que tentou impedir que ela continuasse com sua ideia de viajar.

A mídia também caiu em cima, chamando seus pais de loucos por permitirem a continuidade de tal projeto, inclusive expondo Laura como insana nos principais jornais do país. Somente quando sua custódia legal foi devolvida aos pais ela pode partir em 21 de agosto de 2009.

rotaComo seu objetivo era viajar sem tripulação e sem qualquer barco a acompanhando, todas as filmagens foram feitas pela própria Laura com uma câmera de mão, por isso o documentário tem ar de diário de bordo com Laura expondo seus pensamentos e contando sua história.

O documentário também mostra o crescimento de Laura, tanto físico quanto psicológico, nessa viagem ela não se torna apenas uma exímia navegadora, lidando com as dificuldades do trajeto, mas uma mulher auto consciente de sua força, tomando o controle de sua vida nas próprias mãos. Sua reflexões acerca de sua  personalidade, suas relações familiares e o mundo a sua volta são emocionantes de se acompanhar.Laura and Guppy

Quando procurei saber a respeito da recepção desse documentário, notei muitos comentários chamando os pais dela de irresponsáveis e se perguntando quem permitiu que essa viagem acontecesse. A resposta mais simples é: Laura permitiu. Seu espírito livre não poderia ser contido por ninguém que tentasse ficar entre ela e seu objetivo, e percebemos através de Laura quantos talentos se perdem atrás de rotinas burocráticas do cotidiano, pelo medo que poda nossas vontades, por necessidades superficiais que se colocam no caminho de nossos sonhos.

O documentário termina mostrando Laura em 2012, com 16 anos, após viajar 43,452 km em 519 dias, retornando a St. Marteen, ponto inicial de sua viagem. Mas para ela não terminou aí, ela continuou em sua  aventura pelo mundo, desta vez sem prazo para ser cumprido e com um novo companheiro de tripulação, pois como a própria Laura diz: “Há momentos tão belos que precisam ser compartilhados”.

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Formada em Comunicação Social, mãe de um rebelde de cabelos cor de fogo e cinco gatos. Apaixonou-se por arte sequencial ainda na infância quando colocou as mãos em uma revista do Batman nos anos 90. Gosta de filmes, mas prefere os seriados. Caso encontrasse uma máquina do tempo, voltaria ao passado e ganharia a vida escrevendo histórias de terror para revistas Pulp. Holden Caulfield é o melhor dos seus amigos imaginários.
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