Preparem as xícaras de café, porque após meses esperando, assistindo trailers, vendo fotos e acompanhando todo tipo de novidade, dia 25 de novembro finalmente chegou! Daqui algumas horas a Netflix vai nos levar de volta para Stars Hallow depois de longos 9 anos, com a estreia de Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar, uma temporada especial composta de 4 mini filmes que vão acompanhar um ano na vida de Rory e Lorelai Gilmore.
E enquanto tem muitas coisas que nós queremos e esperamos ver no revival, que já foram comentadas durantes esses meses de espera, decidimos listar aqui algumas coisas que nós definitivamente não queremos ver. Afinal, quando você revê a série em 2016 é possível perceber que, apesar de maravilhosa em vários pontos, ela também comete alguns erros que passaram despercebidos da primeira vez que assistimos, e que podem ficar lá em 2007:
1. Rivalidade feminina
Apesar de todas as características feministas da série, que estava bem à frente do seu tempo quando se tratava de quebrar estereótipos sobre mães solos e retratar amizades femininas, as personagens de Gilmore Girls viviam julgando e se comparando a outras mulheres. Desde as primeiras temporadas vemos uma clara distinção entre Rory – menina inteligente e um pouco tímida que nunca tinha beijado um menino até os seus 16 anos – e as outras meninas mais populares de sua sala, que ela considerava “fúteis” e de certa forma inferiores. Um episódio que retrata bem isso é aquele em que Jess, depois já ter beijado Rory no fim da segunda temporada, é visto ficando com uma menina loira que é claramente o oposto da protagonista, ou seja, uma menina fútil que serve apenas para “pegar” e depois ser descartada.
Infelizmente, essas comparações não se reduzem apenas à adolescência. Lorelai, por exemplo, apesar de ter engravidado com 16 anos, volta e meia julga a vida sexual de outras mulheres, esperando sempre que a sua filha “perfeita” seja diferente das “outras”. Um exemplo disso é quando ela ouve Paris contar para Rory que perdeu a virgindade e descobre que a filha apesar de estar namorando ainda é virgem, e por isso fica feliz dela ser a “filha boa”. Além disso, como foi descrito pelas meninas da Revista Polén, essa distinção entre as protagonistas e as “outras” mulheres fica clara quando temos personagens como Rachel, Nicole, Sherry e até mesmo April, que surgem apenas como plot devices para criar intrigas na história da série.
Esse tipo de comportamento das personagens só serve para intensificar ainda mais os estereótipos presentes na mídia de rivalidade feminina, além de ser extremamente desnecessário para o desenrolar da história em si. Afinal, Lorelai, Rory, Lane, Sookie e Paris são sempre retratadas como personagens inteligentes e independentes, mas será que elas precisavam se mostrar diferente de “outras mulheres” para isso?
2. Falta de diversidade
O elenco de Gilmore Girls é repleto de mulheres de diferentes idades e tipos físicos, entretanto quase todas elas tem algo em comum: são brancas. Tirando Lane e sua família coreana, o único outro personagem regular não-branco que aparece nas 7 temporadas é Michel. E, enquanto Lane até possui histórias próprias e desenvolvimento de personagem, apesar de ter recebido um final que não merecia, e de sempre negar a sua origem coreana, Michel continua sempre o mesmo, servindo como um personagem secundário que nunca foi realmente explorado.
Estamos em 2016, e está na hora de começarmos a questionar essa falta de representatividade, especialmente quando levamos em conta que Stars Hallow é uma cidade fictícia que poderia ter personagens bem mais diversos, que deixariam a série mais interessante. Por que Rory ou Lorelai, por exemplo, nunca namoraram um homem que não fosse branco?
3. Preconceito velado
Tanto o elitismo dos Gilmores, quanto o machismo de todos os homens da série, e até mesmo a homofobia em forma de piadas sutis, aparecem em Gilmore Girls apenas como traços dos personagens, e nunca como algo que deve ser questionado.
Richard e Emily são figuras controladoras que sempre acham que sabem o que é melhor para a vida romântica de sua filha e neta, entretanto não é difícil perceber que esse “melhor” sempre tem relação com dinheiro e status; é só comparar a forma com que eles tratam Dean e Logan, ou Luke e Christopher. E, mesmo assim, esse elitismo sempre é resumido a brigas de família, e depois que todo mundo faz as pazes, ninguém toca mais no assunto.

A mesma coisa acontece com o machismo. Assistindo Gilmore Girls em 2016, como feminista, não é difícil perceber que todos os namorados de Rory eram possessivos e ciumentos (cada um da sua forma), e como isso sempre foi retratado como algo “normal” da personalidade deles. Se Jess tratava ela mal, era porque ele era um “bad boy”; se Dean tinha crises de ciúmes, era porque ele “amava Rory de mais”; se Logan agia como um idiota “tudo bem, é só o jeito dele”. E isso tem que sim ser questionado, afinal, tem algo de muito errado quando uma personagem tão forte e independente como Rory namora meninos que volta e meia tratam ela como lixo. (#Rorymereceumboydecente)