Sex and the City é uma das séries que melhor conseguiu retratar a mulher moderna – mulher branca, hétero e de classe média alta. A série que coloca em foco a vida sexual, profissional e social da mulher, desmancha alguns conceitos errados sobre amizade entre as mulheres e revela verdades sobre o machismo. A série gira em torno de Carrie e de suas três amigas em Nova York. Elas falam de sexo abertamente, dividem as experiências de suas vidas pessoais e constroem suas carreiras. É bom ressaltar que mulheres falarem de sexo abertamente era um grande salto na época para uma série de TV e felizmente esse conceito velho está sendo quebrado.
Uma das coisas que mais chama a atenção em Sex and the City são os relacionamentos amorosos da personagem principal da série, que era sempre alvo das piores tramas amorosas. Um dos namorados de Carrie que vemos desde o começo é Mr. Big. Durante toda a série ele sai e entra na vida dela, e sempre que entra é para acabar com um momento bom ao qual ela está vivenciando. Ele simplesmente é egoísta para deixar a nossa personagem seguir em frente.
Em uma pesquisa feita sobre o assunto, ficou evidente que muitas mulheres falavam com ternura de um outro relacionamento da Carrie, que era muito bonito e bom para ela. Era o relacionamento com Aidan, que tratava ela de igual para igual, como deveria ser. Ele cuidava dela e demonstrava respeito por ela, não era tóxico, como o relacionamento dela com Big. Na pesquisa acaba por se encontrar certas razões que fazem um Mr. Big ser tão interessante: “ele é o único que pode mexer com a cabeça dessa mulher e apenas ele pode fazer o coração bater mais forte.”
Por que o coração bate mais forte por causa de um Big? A resposta é fácil, porque tendo um homem que trai, que só quer um relacionamento quando está entre quatro paredes, que desperta o pior de você quando está com ele, que se acha cheio dos mistérios para com você e que demora dez anos para perceber que gosta de você, é um baita motivo para seu coração estar batendo tanto, certo?
É necessário quebrar esse conceito de que todas as mulheres irão ficar com seu Mr. Big, que devem lutar por ele, e que com ela a historia será diferente, que com jeito ela poderá mudar ele. Pare, destrua esse conceito velho. A série que retratava a mulher moderna, com todas as suas nuances, acaba por colocar a nossa heroína em um relacionamento abusivo. Porque para se estar em um relacionamento abusivo não é necessário agressão física ou verbal. As agressões muitas vezes vem em forma psicológica, aos poucos, você nem ao menos percebe – de repente você é a maluca ciumenta, é a que quer muito do relacionamento, que está pedindo muito da pessoa.
O final feliz não acontece com um Mr. Big. Não existe final feliz. Não existe esse homem ao qual você vai conseguir dar um jeito. Nem ao menos existe um meio para poder chegar no fim em um relacionamento desses, em um começo, porque isso é tóxico. É hora de dizer um basta a esses contos antigos, a essas fantasias amorosas que insistem que uma mulher deve acreditar. Isso não é amor.
Estar em um relacionamento abusivo pode ser difícil, porque você não percebe, você nem ao menos se dá conta. Por isso é o nosso dever dizer o porque Carrie não deve ficar com Mr. Big. Devemos nos impor a esses relacionamentos, mesmo que seja em uma série de TV, em um filme ou livro. Não devemos aceitar a velha historia de que o amor muda uma pessoa, de que devemos esperar pela pessoa amada, de que o amor verdadeiro é só aquele que te enlouquece, porque são mentiras de um conto de fadas que nunca existiu.
Sex and the City é uma série de mulheres fortes, mulheres atuais, mulheres que estão construindo suas vidas profissionais, enquanto vivem as loucuras do dia a dia, contudo a série acaba decepcionando no quesito de colocar a protagonista feminina em um relacionamento abusivo.