#IfAWomanDirected: mulheres deveriam contar histórias sobre mulheres

#IfAWomanDirected: mulheres deveriam contar histórias sobre mulheres

Adorei o novo filme Halloween. Para dizer a verdade, nunca assisti a um filme da franquia antes desse – filmes de terror com sangue não são meu subgênero favorito – mas eu estava muito animada para participar de um evento cultural como este. Fui surpreendida positivamente pelo filme, especialmente pela Laurie e as demais personagens femininas. Elas eram o centro do filme, ao invés de ser um filme sobre Michael esfaqueando todos que encontrava. Mas à medida que fui refletindo sobre o assunto, não pude evitar sentir que uma voz feminina por trás das câmeras era necessária para fazer o filme dar certo.

Várias pessoas tuitaram sobre o papel ingrato de Judy Greer como a filha de Laurie, Karen, que agora também é mãe. Ela tem uma cena que mostra como foi sua infância vivendo com uma mãe aterrorizada, mas a cena é interrompida por seu marido, que reclama sobre a manteiga de amendoim que caiu em seu pênis. Sua filha Allyson (Andi Matichak) é a rainha dos gritos, mas não há uma exploração real sobre como o fato de que ela é parte de uma família tão famosa e traumatizada a afeta. Existem momentos de puro girl power, mas estes poderiam ter tido mais importância.

No mesmo dia da estreia de Halloween, um dos produtores do filme, Jason Blum, se envolveu em uma séria controvérsia com basicamente todas as mulheres que dirigem, escrevem ou gostam de filmes de terror ao dizer que não havia tantas mulheres diretoras que gostam de filmes de terror.

As mulheres chamaram a atenção dele por causa desse comentário e ele se desculpou, mas a discussão havia iniciado e ninguém ia conseguir parar. Elas deveriam ter mais oportunidades de dirigir mais filmes, especialmente filmes de terror e de outros gêneros. O twitter, bondoso como sempre, iniciou uma hashtag bem bacana, #IfAWomanDirected (em português: #SeUmaMulherDirigisse), para encorajar a discussão sobre como a visão feminina poderia ter mudado alguns filmes importantes.

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Re-imagine um filme se tivesse sido dirigido por uma mulher. #ifawomandirected (#seumamulherdirigisse) ______, então _______. — FilmStruck (@FilmStruck) 22 de Outubro, 2018

#ifawomandirected (#seumamulherdirigisse) The Women*, a Mary teria terminado com o Stephen para sempre. Dr Sabina Stent (@SabinaStent) 22 Outubro, 2018

*NT: The Women (em português: As Mulheres) é um filme de 1939 no qual todo o elenco é composto por mulheres, mas foi dirigido por um homem.

Se eu dirigisse Gatinhas e Gatões, então o personagem de Long Duk Kong seria substituído por Brandon Chang, um estudante de intercâmbio lindo que acaba com o machista do Jake Ryan. A personagem principal seria uma garota americana de classe média com descendência asiática que encontra sua identidade (com a ajuda do Brandon). #ifawomandirected https://t.co/ELbZdv2wZV
— Nancy Wang Yuen (@nancywyuen) 22 de Outubro 2018

A tag #ifawomandirected (#seumamulherdirigisse) é interessante mas não mostra muitas mulheres negras diretoras. Existem algumas representações muito detalhadas de TODO MUNDO em filmes feitos por mulheres negras/mulheres de cor. Assim de imediato penso em AEON FLUX, de Karyn Kasuma — Scarolyn the swamp thing 🍃🧟‍♂️💀🌿🌱 (@CarolynsGeekOut) 22 de Outubro 2018

#ifawomandirected (#seumamulherdirigisse) filmes de ação, então as personagens femininas seriam autorizadas a usar menos decote e ter os cabelos presos nas sequências de ação. — Megan Welch (@Mrbosslady) 22 de Outubro 2018

Minha reação à tag #IfAWomanDirected é a de imediatamente mergulhar em todos os meus filmes clássicos preferidos e re-escrevê-los, para alterar aqueles finais felizes horríveis que seguiam o Hays Code*. Ou, então, pegar o gênero de filmes sobre a máfia e mostrá-lo sob o ponto de vista da masculinidade tóxica e do sonho americano, que é excludente e violento. Metade dos filmes considerados famosos hoje em dia poderiam ter se beneficiado de uma boa olhada sob o ponto de vista feminino.

*NT: Hays Code (em português: Código Hays) foi um conjunto de normas morais aplicadas aos filmes lançados nos Estados Unidos entre 1930 e 1968 pelos grandes estúdios cinematográficos. Seu nome deriva de Will H. Hays, advogado e político presbiteriano e presidente da Associação de Produtores e Distribuidores de Filmes da América (Motion Picture Producers and Distributors of America — MPPDA) de 1922 a 1945.

Mas vamos falar de alguns exemplos concretos. Já discutimos sobre Halloween, então vamos mudar de gênero. Os novos filmes da franquia Star Wars poderiam ter se beneficiado de diretoras mulheres. Com uma diretora, a personagem Jyn, de Rogue One, poderia ter sido muito mais dinâmica e raivosa, sua mãe poderia ter trocado de lugar com o pai para criar uma dinâmica mãe e filha mais interessante. Solo precisava de uma mulher na parte criativa por trás das câmeras para que as personagens femininas recebessem o mínimo tratamento justo. Os Últimos Jedi merecia uma mulher por trás das câmeras para que a Rey recebesse mais foco ao invés dos homens Skywalker.

No lado da Marvel, eu preferia que uma mulher tivesse dirigido Guardiões da Galáxia. Então é novidade que não sou fã de James Gunn, mas uma mulher poderia ter tratado o trauma de Peter com mais cuidado e poderia ter mudado o foco para que Gamora fosse tratada de forma justa: ao invés de ser uma personagem coadjuvante por quem Peter se apaixona (quer dizer, no primeiro filme nos dizem que ela é a mulher mais perigosa da galáxia, mas suas únicas ações são precisar ser salva ou lembrar o Peter de sua mãe). Uma mulher na direção teria dado ao relacionamento dela com sua irmã Nebula um pouquinho mais de peso também, fazendo com que ela fosse mais importante ainda para a narrativa para que a decisão de Gamora em Guerra Infinita tivesse maior impacto.

Quais filmes você gostaria que fossem dirigidos por mulheres? Conte-nos nos comentários ou nas redes sociais!

Tradução do artigo escrito por Kate Gardner, publicado originalmente no site The Mary Sue, no dia 22 de outubro de 2018.  Tradução por Maria Amélia Fleury Nogueira.

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Fundadora e editora do Delirium Nerd. Apaixonada por gatos, cinema do oriente médio, quadrinhos e animações japonesas.
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