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DELIRIUM NERD
Pequenas Grandes Mentiras
LEIA MULHERES, LITERATURA

[LIVROS] Pequenas Grandes Mentiras: A violência contra a mulher sob quatro paredes

por Athena Bastos · 13 de março de 2017
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Pequenas Grandes Mentiras, publicado em 2015 pela Editora Intrínseca no Brasil, é um romance da autora australiana Liane Moriarty que foi recém adaptado à televisão pelo canal HBO. A série, produzia por Nicole Kidman, que também atua na adaptação ao lado de Reese Whiterspoon e Shailene Woodley, se baseia na história de três mães que se envolvem em um assassinato.

[Não Contém Spoiler]

Quando Jane Chapman se muda para Pirriwee com seu filho Ziggy, a vida de todas as mães da localidade se modificam. Um encontro gera uma amizade; um incidente gera uma inimizade. De um lado, a misteriosa e jovem Jane, a explosiva Madeline e a belíssima e avoada Celeste. De outro, a bem-sucedida Renata, cuja filha apresentava sinais de enforcamento. E todos concordam que as desavenças e acusações seguintes não teriam ocorrido – bem como a morte daquele evento – se Jane nunca tivesse colocado os pés naquela cidade.

Jane tem 24 anos e um filho de 5. A história que ela conta é a de que o filho é fruto de uma relação de uma noite. Porém, é visível que existe uma história oculta por trás de sua personalidade fechada e de seus medos, principalmente quando ela questiona a personalidade do próprio filho, conectando-a ao que conhece do misterioso genitor masculino. A noite em que o conheceu acarretou grandes consequências em sua vida e a modificou profundamente, tornando impossível se imaginar de outra forma. Para ela, ser como linda como Celeste, por exemplo, é algo inimaginável.

Celeste é aquela para quem todos olham com admiração. Casada com Perry, constitui uma família perfeita. Seu marido é lindo e rico, e com ele possui gêmeos encantadoramente travessos. Contudo, apenas Celeste sabe o que precisa suportar ao lado do marido. Ela não consegue dizer se a culpa é dele ou dela pelo fracasso no relacionamento – muito bem disfarçado com postagens de felicidade nas redes sociais – e sequer tem coragem de levar o problema a um profissional, quando tantas outras mulheres e encontram em situações piores. Assim, suporta a humilhação cotidiana e nutre sentimentos de vergonha que jamais seria capaz de admitir, nem mesmo para a melhor amiga, Madeline, que enfrenta problemas com a filha adolescente.

Madeline é o elo entre essas mulheres machucadas por seus relacionamentos. E embora não tenha sofrido fisicamente como as demais, teve de suportar o encargo de ser uma mulher e de ser mãe da mesma forma que suas duas amigas. Mãe aos vinte e seis anos, longe de estar na situação em que gostaria, Madeline foi abandonada pelo pai da criança, que retornou anos depois como um modelo de homem e de pai e que ofuscou todo o esforço que ela teve para criar sua filha sozinha durante 14 anos.

Ao iniciar a leitura de Pequenas Grandes Mentiras é possível que se conclua precipitadamente tratar-se de um mistério leve sobre mães fúteis que se ocupam com integralmente com a vida de seus filhos. Todavia, conforme a leitura avança, percebe-se que a autora teve a intenção de discorrer sobre o universo feminino de forma muito mais aprofundada do que a premissa apresenta. As protagonistas desta história são mulheres com as quais todas podem se identificar, e cada qual convive com problemas comuns de uma sociedade que encara a mulher como um modelo ora materno, ora sexual.

As personagens de Liane Moriarty expõem que o machismo e a violência contra a mulher encontram-se disfarçadamente dentro dos lares. Ninguém espera que, nos lugares mais belos, grandes tragédias se encontrem, desde o homem que abandona a esposa com um bebê recém-nascido e ressurge anos depois como o herói da história até homem que estupra jovens e espanca a mulher. Não obstante, desconstrói a ideia de que existe um perfil de vítima. Mulheres de todos os jeitos são vítimas cotidianas da violência. Nem sempre a vítima será uma mulher passiva, que não reage à violência e que estampa em sua face a dor que tenta esconder. Todo dia, mulheres diferentes são obrigadas a enfrentar as consequências de longa duração que as interações com homens autorizados por cultura de violência podem ocasionar.

Por meio do cenário de uma escola de jardim de infância, ainda, a autora discute os relacionamentos familiares modernos enquanto frutos desta cultura de opressão. Não somente questiona a imposição da maternidade como definição do feminino, como reflete acerca da herança que se concede a crianças criadas em lares de perpetuação da cultura machista, de forma a evidenciar a promoção da violência. Enquanto esta não for criticada arduamente e combatida, será considerada pelas gerações futuras como um hábito a ser mantido.

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Apesar de todas as reflexões sobre a cultura machista – entre violência, abuso, problemas familiares e idealização do corpo feminino -, Pequenas Grandes Mentiras é um livro consideravelmente leve. A autora equilibra as passagens de profundidade psicológica – para algumas das quais, realizou pesquisa sobre a violência doméstica – com cenas cômicas e com o um gradual desenvolvimento do mistério apresentado nas primeiras páginas.

Pequenas Grandes Mentiras é uma obra que supera as expectativas, porque apresenta um enredo mais profundo que o de um mero assassinato ocorrido em um evento escolar. Descobrir quem foi a vítima e quem foi o assassino não é a única motivação para se dar continuidade à história. Em determinado momento, o desejo de saber qual o desfecho da história dessas três protagonistas que apresentam problemáticas tão caras às mulheres e compreender sua relação com o assassinato supera o mistério motriz do livro. Ainda que o desfecho não seja tão impactante quanto o de outros romances policiais e não revele a realidade da maioria, é agradável por apresentar uma espécie justiça em um mundo de velada violência.


Pequenas Grandes Mentiras

Pequenas Grandes Mentiras

Autora: Liane Moriarty

Editora Intrínseca

400 páginas

Onde comprar: Amazon

 

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Athena Bastos

Mestra em Teoria e História do Direito e redatora de conteúdo jurídico. Escritora de gaveta. Feminista. Sarcástica por natureza. Crítica por educação. Amante de livros, filmes, séries e tudo o que possa ser convertido em uma grande análise e reflexão.

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