• INÍCIO
  • SOBRE
    • DELIRIUM NERD NA MÍDIA
  • ANUNCIE CONOSCO!
  • COLABORE
  • CULTURA
    • ARTE
    • CINEMA E TV
    • ENTREVISTAS
    • ESTILO
    • GAMES
    • LITERATURA
      • LEIA MULHERES
    • MANGÁS/ANIMES
    • MÚSICA
    • SÉRIES
    • QUADRINHOS
      • [HQ] Lua Negra
  • PODCAST
  • PARCERIAS
  • APOIE!
DELIRIUM NERD
O Orgulho
CINEMA

[CINEMA] O Orgulho: A força das palavras e a perda da identidade cultural (crítica)

por Gabriela Savoia · 25 de julho de 2018
Compartilhe

O Orgulho, novo filme de Yvan Attal, coloca a cantora pop francesa Camélia Jordana, na pele da jovem Neila, protagonizando uma história sobre a sociedade francesa diante de uma nova realidade que assombra a Europa: a Imigração. Do mesmo diretor de “Nova Iorque”, “Eu te amo”, “Viveram felizes para sempre”, o longa-metragem está em cartaz no cinemas e teve sua estreia em 19 de julho.

O Orgulho (Le Brio, nome original em francês) apresenta um recorte na vida de Neïla Salah, uma jovem francesa de origem árabe que mora em Creteil (comuna francesa situada nos arredores de Paris), cujo seu maior sonho é ser advogada. Neila, interpretada pela iniciante e já ganhadora do prêmio César de Melhor Atriz Revelação, Camélia Jordana (cantora pop francesa) dá vida à jovem determinada e cheia de personalidade que entra para a renomada Faculdade de Direito de Paris. Neila enfrentará Pierre Mazard (vivido pelo talentoso Daniel Auteuil), professor conhecido por seu mau comportamento.

O Orgulho

A jovem vive numa comunidade árabe com sua mãe (Nozha Khouadra), onde cresceu ao lado de outros jovens e amigos de infância, também filhos de imigrantes. Por viverem numa comunidade de imigrantes, onde muitas dessas famílias além de falarem sua língua de origem mantém viva sua cultura e religião natal, muitos jovens sofrem com a língua francesa. Mesmo nascidos na França, têm dificuldade em falar corretamente o idioma francês. Isto, somado ao clima de xenofobia instaurado no país, além dos conflitos gerados pela intolerância religiosa e cultural – de ambos os lados – acaba marginalizando uma grande parcela dos filhos de imigrantes, dificultando seu ingresso no mercado de trabalho e sua adaptação à sociedade.

A partir da relação de Neïla com o professor Pierre, o filme constrói o cenário bélico e da intolerância que os filhos de imigrantes enfrentam em muitos países da Europa. O diretor usa a palavra (língua) como o elo dessa relação entre aluna e professor, ilustrando o quão importante é para as sociedades a carga cultural e de signos que uma língua-mãe tem para um povo.

O Orgulho

Desde o primeiro encontro entre Pierre e Neïla, a carga de preconceito racial e cultural do professor é destilada sem rodeios em direção à garota. Pierre faz uso de palavras bem escolhidas e usa toda a soberba e beleza da língua francesa para humilhar a jovem e deixar claro a diferença cultural entre eles, além de traçar uma linha com o objetivo de distingui-los: de um lado, a imigrante, do outro, o “legítimo francês”.

Pierre não mede esforços para agredir a nova aluna. Chama-a de “Fátima”, fazendo alusão as suas origens e cita costumes árabes de forma pejorativa, tornando a vida da jovem um inferno. Porém, parece que o professor já manifestava um comportamento inadequado com alunos pregressos, e Neïla foi a escolhida da vez. A questão que torna o assunto nevrálgico e faz do filme algo além de uma história de superação é o fato da jovem ser uma imigrante, trazendo à tona todo o preconceito dessa relação mal resolvida entre franceses, em torno da imigração. É dentro dessa ótica burguesa, conservadora e preconceituosa que Neïla e Pierre construirão uma relação de amor, amizade e aprendizado mútuo, onde as palavras são os vieses centrais.

O Orgulho

Leia também:
>> [CINEMA] Custódia: Sobre o terror silencioso da violência de gênero
>> [CINEMA] “Nossa Casa” e a fantasmagoria do cotidiano feminino
>> [CINEMA] Primavera em Casablanca: Quando o estado e a religião estão de mãos dadas

Debate sobre o filme

A Pandora Filmes, em parceria com a Caixa Belas Artes, patrocínio do Jornal Estadão e apoio da Aliança Francesa, organizou uma sessão gratuita para a exibição do filme, no dia 17 de julho (terça-feira) em São Paulo, seguida de um debate. O jornalista do Estadão, Luiz Carlos Merten, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Rodrigues, foram os convidados para conduzir o debate.

No debate que aconteceu logo após o filme, Gilberto Rodrigues direcionou nosso olhar às questões políticas e culturais que aparecem na película, mencionando a perda da identidade cultural que acomete o imigrante, o medo religioso por parte dos franceses (que sofrem com ataques terroristas), e a estranheza mútua entre povos tão diferentes culturalmente, em relação aos seus valores e às suas crenças.

O Orgulho

Debate sobre o filme “O Orgulho” com a presença de Luiz Carlos Merten e Gilberto Rodrigues. Foto: Gabriela Savóia

Vale mencionar que a “estranheza” é algo que temos diante daquilo que não conhecemos e que, por vezes, nos munimos de armas para evitarmos o contato com o desconhecido: seja por medo, ignorância, orgulho ou qualquer outro sentimento que nos dê a sensação de desconforto. Luiz Carlos Merten jogou luz à história delicada e humana que se constrói na relação entre Neïla e Pierre.

Apesar de recomendarmos o filme, esperávamos um final menos clichê e que respeitasse mais as raízes culturais da protagonista. Talvez a intenção do diretor seja mostrar que há uma possibilidade de plena convivência entre franceses e os imigrantes, e que a palavra pode ser esse elo de ligação. Mas Neïla acaba perdendo certa identidade cultural, na medida em que, ao se tornar uma advogada, passa a alisar os cabelos, usar saltos, deixando características de sua origem de lado. Não sentimos, dessa forma, uma absorção de culturas e tampouco uma aceitação, mas sim um afrancesamento da personagem – se é que essa palavra existe. Em tempos de intolerância, racismo e xenofobia, o longa-metragem seria mais interessante ainda se Neïla tivesse seu mérito reconhecido sem se curvar aos ditames franceses.

Indicamos logo abaixo um artigo bem didático sobre o tema:

>> A França, os imigrantes e a identidade nacional

árabeárabesCaixa Belas ArtesCamelia JordanaCésar de Melhor Atriz revelaçãocinemacomunidade árabecríticaculturaDaniel AuteuilestreiafilmeFrançaIdentidade Culturalimigraçãoimigrantesintolerânciaintolerância culturalintolerância religiosamulheres no cinemaNozha KhouadraO OrgulhoPandora Filmespreconceitopreconceito racialquestões culturaisracismosociedadexenofobiaYvan Attal
Compartilhar Tweet

Gabriela Savoia

Mulher, mãe, profissional e devoradora de filmes. Graduada em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo, trabalhando com Gestão de Patrocínios e Parceiras. Geniosa por natureza e determinada por opção.

Você também pode gostar...

  • CINEMA

    Filmes valiosos e escondidos no Amazon Prime Video para não errar na quarentena

  • CINEMA

    Love Story: a Manic Pixie Dream Girl que existe para morrer

  • CINEMA

    A Despedida: um olhar sobre a eutanásia

PESQUISAR

PRÉ-VENDA

Textos Populares

  • Animes com protagonistas femininas que você precisa ver!
  • Os personagens não brancos dos animes Lista com personagens negros dos animes
  • Shingeki no Kyojin A proeza humana de “Shingeki no Kyojin”
  • Quadrinhos eróticos feitos por mulheres Quadrinhos eróticos feitos por mulheres: erotismo para além dos homens
  • Koe no Katachi: Uma animação que discute bullying, suicídio e a importância da comunicação

PODCAST

ANUNCIE AQUI!

Sobre

O Delirium Nerd é um site sobre cultura, com foco no protagonismo feminino e obras feitas por mulheres.

Tags

cinema crítica Feminismo filme literatura machismo mulheres Netflix personagens femininas protagonismo feminino Quadrinhos representação feminina resenha série

Posts recentes

  • Filmes valiosos e escondidos no Amazon Prime Video para não errar na quarentena
  • [DELIRIUM CAST] #14 Consumo cultural na era pré-digital e atual
  • Love Story: a Manic Pixie Dream Girl que existe para morrer
  • A Despedida: um olhar sobre a eutanásia
  • WandaVision: primeira temporada (crítica)

CONTATO

Para contato ou parcerias: [email protected]

© 2021 Delirium Nerd. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, total ou parcial do conteúdo sem prévia autorização das editoras.