O primeiro quadrinho do selo Macabra chegou para servir muito as leitoras que adoram uma boa e velha história repleta de mistério, bruxas e seres míticos. Em Condado Maldito, lançamento da Darkside Books, Emmy, a protagonista, está prestes a completar 18 anos, mas não sabe que em breve seus constantes pesadelos sairão do campo do sonhos para a realidade. Mal poderíamos imaginar, no entanto, que essa leitura casaria tão bem com o novo álbum de Taylor Swift, Evermore.
A capa de Evermore traz a imagem de uma Taylor caminhando pela floresta, onde a cantora utiliza o folk para contar algumas histórias sombrias e misteriosas. A canção “No body, no crime“, em especial, retrata a vingança do assassinato de uma mulher. Já em Condado Maldito a floresta é utilizada como cenário do assassinato abominável de Hester Beck, cuja população foi responsável pelo crime. A HQ também retrata o tema da vingança. Se essa canção não é perfeita para ouvir lendo o quadrinho, desconhecemos outra que orne tão bem.
Temos aqui uma fã que vê Taylor Swift em tudo, obviamente.
O enredo e a arte de Condado Maldito
Curiosidades irrelevantes (ou não) a parte, a história do quadrinho, publicada originalmente pela Dark Horse, é ambientada no Condado de Harrow e inicia-se com o assassinato de uma mulher chamada Hester Beck, cuja população acredita ser uma bruxa poderosa. Após décadas do crime, a jovem Emmy, que desconhece o crime acobertado por seu povo, começa a ter pesadelos horripilantes, onde a floresta parece querer lhe dizer algo.
A união do roteiro brilhante de Cullen Bunn com a arte assustadora de Tyler Crook combina perfeitamente com a crítica que o quadrinho traz: o desconhecido e o diferente aos olhos da sociedade é condenado e exterminado. Neste caso, podemos pensar na figura de mulheres que detém conhecimento (ou seja, poder), e nada melhor que a bruxa como representante. Porém, Condado Maldito não é uma história qualquer de bruxas. O diferencial está na retratação dessa figura.
Cena de Condado Maldito. (divulgação)
Nas páginas finais do quadrinho, os criadores revelam a escolha de não seguir com o estereótipo da bruxa como um ser sensual, que utiliza-se da nudez e da sexualidade lasciva como elementos malignos. Tyler afirma que Hester é uma figura maligna por si só. E uma vez que temos diversos exemplos de obras que objetificam e sexualizam as bruxas, os criadores provam que as mulheres podem ser figuras poderosas e muito assustadoras sem a necessidade de utilizar os elementos mencionados.
Outro fator chamativo em Condado Maldito são os personagens secundários cativantes, com destaque para a amiga de Emmy, Bernice, e o Garoto Sem Pele, que ajuda a jovem a enfrentar as assombrações e os seres míticos pela floresta adentro. Aliás, já estamos curiosas para conhecer mais sobre tais personagens, pois os criadores nos contam ao final da obra que alguns aparecerão nos próximos volumes. A série tem um total de oito volumes e o segundo foi publicado nessa semana pela Darkside.
Bernice e Emmy em Condado Maldito. (divulgação)
A edição da Darkside Books é outro elogio a parte. O primeiro volume traz diversos extras, mostrando a criação dos primeiros esboços dos personagens, além de relatos dos criadores e artes feitas por nomes aclamados do universo da sétima arte, como Joëlle Jones (Lady Killer, Mulher-Gato) e Jeff Lemire (Sweet Tooth e Black Hammer).
Será que Condado Maldito nos entregará uma espécie de Lovecraft Country dos quadrinhos? Aguardamos as próximas edições apreensivas e torcemos para que Emmy combata outros seres míticos junto com mais personagens cativantes. Imaginem a Bernice como co-protagonista dessa série? Adoraríamos ver isso acontecer!
Esse texto foi escrito enquanto a autora apreciava Evermore, da Taylor Swift, no repeat.
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Fundadora e editora-chefe do Delirium Nerd. Revisora e Social Media. Apaixonada por gatos, café, cinema do oriente médio, quadrinhos e animações japonesas. Gosta de Harry Styles e cantoras melancólicas.