Capitão América – Guerra Civil: duas visões sobre o mesmo filme

Capitão América – Guerra Civil: duas visões sobre o mesmo filme

“Capitão América – Guerra Civil” era um dos filmes mais esperados do ano. Várias expectativas e especulações a respeito, e finalmente estreou!

Como o filme é baseado nas histórias em quadrinho da Marvel, vamos analisar o filme de duas formas: uma de quem apenas viu o filme e nunca leu os quadrinhos, e outra de quem leu e foi assistir ao filme.

Rafaela nunca leu, Marcela sim. As duas assistiram ao filme. Agora vamos para as duas análises.

Rafaela: Capitão América – Guerra Civil é um dos melhores filmes da Marvel até hoje

Fui assistir ao filme quando tava quase pra sair do cinema, tinha boas expectativas, já que todos os filmes de Steve Rogers foram de grande qualidade, principalmente o segundo. Claro, a maior expectativa era quanto a aparição do Homem Aranha, que pela primeira vez iria dar as caras em um filme da Marvel Studios, já que os direitos dos filmes de Peter Parker são da Sony.

O filme começa com ação sem parar, mal dá pra piscar e as sequências da Viúva Negra (Scarlett Johansson) são DEMAIS!

VIÚVA NEGRA

A trama do filme começa com uma ação dos Vingadores em Wakanda que termina malsucedida, e como resposta a ONU anuncia que irá preparar o Acordo de Sokovia, um painel que visa controlar e supervisionar os Vingadores. Tony Stark (Robert Downey Jr.) é a favor, Steve Rogers (Chris Evans) é contra. O time se divide em dois: os que apoiam o Capitão América e os que estão com o Homem de Ferro. Quando vão assinar o acordo em Viena acontece um atentado e a partir daí a história do filme se desenvolve.

CAPA RESENHA RAFAELA

Porém, a história não foca apenas na questão das divergências entre os membros dos Vingadores, quando o Soldado Invernal (Sebastian Stan) ressurge, vemos o filme ter uma pegada mais emotiva, não só por parte do Capitão América, questões bem íntimas da vida do Homem de Ferro são apresentadas e daí em diante notamos que a motivação da guerra entre os dois envolve mais emoção do que a divergência quanto ao Acordo de Sokovia imposto pela ONU. Tudo isso nos aproxima mais do lado humano dos personagens.

Dois grandes destaques do filme: Pantera Negra (Chadwick Boseman) foi muito bem introduzido no universo da Marvel para o cinema, mesmo lutando ao lado do Homem de Ferro, Viúva Negra, Homem Aranha, Visão e Máquina de Combate, o Pantera é mais movido pelo sentimento de vingança.

PANTERA NEGRA

Já a grande expectativa, claro, era pela aparição do Cabeça de Teia (Tom Holland) e não tem como não se empolgar assim que ele surge na tela. Senti que acertaram o tom com o Aranha, os diálogos dele são bem feitos, dinâmicos e com tiradas bem engraçadas, exatamente como vejo o personagem.

HOMEM ARANHA

As cenas de ação são incrivelmente coreografadas, um dos pontos altos do filme e é possível notar que investiram mais nesse quesito do que em grandiosos efeitos especiais o tempo todo, como vemos principalmente bastante nos filmes dos Vingadores.

Além de já terem dito que Robert Downey Jr nasceu pra fazer o Tony Stark, digo o mesmo de Chris Evans, que também estava destinado a ser o Capitão América. Mas antes de encerrar a minha parte da resenha preciso fazer um comentário: Natascha Romanoff PRECISA ganhar um filme solo!

NATASHA
Alô? Executivos da Marvel? Por favor, um filme da Viúva Negra?

“Capitão América – Guerra Civil” na minha humilde opinião, é o melhor filme da Marvel até então. “Capitão América 2: Soldado Invernal”, pra mim, segurava esse posto antes.

Valeu o ingresso.


Marcela – Guerra Civil : O filme x Os quadrinhos (Alerta de Spoilers)

Quando os quadrinhos de Guerra Civil foram lançados em 2006, o alarde em volta da notícia foi tão grande quanto o anúncio do filme, era até possível comprar nas bancas uma edição comemorativa do Clarim Diário (Jornal onde Peter Parker trabalha como fotógrafo) explicando o evento aos leitores. Mark Millar, o roteirista das sete edições centrais de Guerra Civil, traz uma trama mais realista, uma característica do próprio autor sobre a interferência de super-seres na nossa sociedade.

Tanto o filme, quanto a HQ, começam centrados em um grande acidente que leva o governo a intervir nas operações dos super-heróis. No filme, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) explode uma bomba do vilão Ossos Cruzados em um prédio comercial, matando civis que estavam no local. Nas HQs, um grupo de jovens heróis está gravando um reality show sobre suas operações e encaram um vilão poderoso chamado Nitro, cujo poder, adivinhem, é explodir coisas. Sem o apoio de uma equipe mais experiente, os jovens acabam perdendo o controle sobre Nitro, que explode um quarteirão inteiro, inclusive uma escola matando todas as crianças e jogando a opinião pública contra os heróis e super seres, estimulando a criação de um tratado que visa revelar a identidade dos heróis e regulamentar suas ações sob ordens da ONU.

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O filme também destaca a destruição causada pelos heróis nos outros filmes dos Vingadores e Capitão América: A destruição de Nova York pelo portal de Loki e a luta contra os Chitauri; a queda da nave da Shield sobre Washington e a destruição de Sokovia e os arredores pela cidade flutuante de Ultron. Embora esses sejam os eventos que estimulam a criação do Tratado de Sokovia, é a destruição da sede da ONU pelo Barão Zemo, disfarçado como Soldado Invernal, que deflagra a verdadeira guerra entre os times Stark e Rogers. Até aqui, o filme segue os eventos da HQ, embora adaptados. Até mesmo a mãe de uma das vítimas do desastre de Sokovia é uma adaptação da porta voz anti-herói nos quadrinhos, mãe de uma das crianças mortas por Nitro que convence o Homem de Ferro a apoiar o tratado. A partir desse ponto, as diferenças entre os quadrinhos e o filme se acentuam. Enquanto na obra de Millar o Capitão América se recusa a assinar o acordo, por não querer perder sua autonomia (e uma forcinha da oficial Maria Rios e sua nada simpática aproximação), nas HQs, Bucky, o Soldado Invernal, não chega a ter uma participação tão definitiva na história, já no filme tudo gira em torno de seu tempo como agente da Hydra, como mostrado em Capitão América 2: Soldado Invernal.

A origem do Pantera Negra também foi adaptada para os filmes, que mostra o rei de Wakanda T’Chaka morrendo no atentado à ONU e passando a coroa e o manto de Pantera para o filho T’Challa. Existe diferença na filiação do Pantera na Guerra Civil. No filme, ele fica do lado do Homem de Ferro na caça ao Soldado Invernal, a quem ele culpa pela morte de seu pai onde estava presente na reunião das nações para a assinatura do registro de super-seres. Já nas HQs, ele se filia aos Vingadores Secretos liderados pelo Capitão América, muito pela influência de sua esposa, uma mutante que não vê com bons olhos registros de qualquer espécie. Eu gostei muito da participação do Pantera no filme e estou ansiosa para o filme solo do herói, as breves imagens do reino do Pantera que temos no fim do filme apontam para um lugar misterioso e paradisíaco. 

A título de curiosidade, nas HQS o Pantera Negra é responsável por uma trégua na guerra entre os heróis, que cessam a briga por um tempo para comparecer ao casamento de T’Challa e Ororo (A Tempestade). Infelizmente não poderemos ver isso nos filmes, pois a Disney/Marvel não detém os direitos cinematográficos dos X-Men.

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O casamento de T’Challa e Ororo

O ponto alto do filme pra mim foi a participação do Homem-Aranha. Nas HQs, Peter, já adulto, se alia ao time do Homem de Ferro e é convencido a revelar sua identidade, algo que foi muito criticado pelos fãs na época do lançamento, já que a identidade do Homem Aranha era um segredo precioso para Peter. Sua participação na guerra também é responsável por um plot twist no final da história, que culminaria no arco de Michael  Straczynski “Spider-Man: Back in Black”. No filme, as cenas do Aranha foram na medida certa, por ter um tempo de tela limitado pelo acordo Sony-Marvel. Nada foi desperdiçado e valeu a expectativa.

O ponto fraco ao meu ver, assim como na HQ, é a falta de representatividade da população nessa “guerra civil”. A opinião pública que deflagrou a caça aos mascarados é vista apenas como pano de fundo para a treta homérica entre os maiores heróis do Universo Marvel. Mostrar a reação da população ao comportamento do Capitão América, seu maior símbolo de justiça, teria dado ao filme maior experiência de imersão. Outra pequena crítica que eu tenho é quanto ao papel de Visão e Feiticeira Escarlate na disputa. Para quem conhece os personagens na HQ, sabe que os dois desequilibrariam muito a batalha e eu cheguei a pensar que os dois acabariam deixando seus times e abandonando a batalha. Nem vou comentar o CG de Tony Stark jovem e o abismo de estranheza que ele causou.

Faço coro ao pedido de um filme solo de Natacha Romanoff, a Viúva Negra. Scarlett Johansson possui um brilho único que rouba a atenção em seu pouco tempo de tela (pra ela vai ser sempre pouco) e já está mais do que na hora de vermos uma heroína em um filme só dela.

Guerra Civil foi uma experiência muito boa e eu não deveria ter demorado tanto para assistir. O filme também acerta no tom, embora eu goste de HQs com histórias mais calcadas na realidade, o tom cínico de Millar ao trabalhar com super-heróis pode quebrar um pouco do encanto, o que não funciona muito bem como provou a baixa popularidade entre os leitores de Novos 52, da editora concorrente (DC Comics).  Todo o esmero de 10 anos das produções Marvel (que tiveram altos e baixos sim, embora os fãs se recusem a reconhecer) para culminar nesse evento singular, é visto em um roteiro bem amarrado com doses certas de ação, drama e romance. Sem dúvida valeu muito o ingresso.

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