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[SÉRIES] “Love”: a romantização de relacionamentos abusivos

por Athena Bastos · 6 de julho de 2016
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“Love”. O próprio nome já revela sobre o que tratará a série produzida pela Netflix: relacionamentos amorosos. E o que pretendia ser uma comédia sobre a relação entre um homem e uma mulher com passados românticos conflituosos, torna-se uma triste romantização do abuso em relacionamentos.

CONTÉM SPOILER

A série gira em torno de Mickey Love-resenha(5)(Gillian Jacobs) e Gus (Paul Rust). Mickey, uma mulher aparentemente forte, decidida e independente está presa a um relacionamento com Eric, um homem sem maturidade, que ainda depende dos pais e vive drogado. Gus por sua vez, um caricato geek cujo sonho é ser roteirista, rompe o longo relacionamento com Natalie após descobrir que era traído. Os dois se conhecem em um posto de gasolina, quando Mickey precisa de dinheiro emprestado para um café.

Love - resenha (1)Inicialmente, a relação entre os dois é de amizade, embora algum interesse da parte de Gus seja revelado. O problema é que Gus não tem coragem suficiente para chegar em Mickey, que com suas atitudes intensas, parece intimidadora. Mickey até tenta juntar Gus e Bertie, sua engraçada companheira de quarto. Porém, talvez nem todos possuam a química incrível que eles parecem possuir – ou ao menos pensam que possuem. Assim, a série mostra as relações de ambos nos âmbitos profissional, de amizade e amoroso, destrinchando os motivos pelos quais seus relacionamentos anteriores não deram certo e como podem funcionar a partir da reunião de duas pessoas tão diferentes.

A série é engraçada e as duas Love-resenha(3)personagens femininas – Bertie e Mickey – são ótimas. O interessante é que “Love” revela inúmeras facetas conflituosas de seus personagens e como eles reagem a isto em suas tentativas amorosas. O problema é que, como sempre, as características peculiares são trazidas meramente como comédia, sem haver problematização. Mickey carrega consigo o estereótipo de mulher aparentemente Love-resenha(4)bem-sucedida, que esconde em seu estilo descolado uma grande carência. Gus é o homem aparentemente malsucedido nas conquistas, que apesar de sua aparência, consegue lindas mulheres. Ótimo, não? Não, pois a série muitas vezes tratou Mickey quase como uma louca, viciada em drogas e bebidas, enquanto não destacou que a maneira arrogante e inflexível de Gus em relação às mulheres era um grande problema.

Começa com o grande clichê da televisão. Homem mediano/feio e desleixado com a aparência e mulher linda (dentro dos padrões estabelecidos socialmente – branca, loira, de olhos claros e magra) e cheia de estilo se apaixonam. Quantas vezes já não vimos este cenário, em que a mulher é merecedora de qualquer homem é a mulher em um pedestal? Depois, a obra mostra que nem mesmo as mulheres em pedestais são suficientes a um homem, o qual pode ter várias iguais a ela. E, caso ela não se adeque aos seus gostos e vontades, ele entende que não precisa mais dela. Não obstante, faz com que ela pareça errada diante de tudo. Então, o homem que sempre pareceu ser ignorado pelas pessoas rebaixa sua companheira e torna-se um homem atraente, poderoso, que pode ter tudo o que quiser. Este é o retrato do relacionamento entre Gus e Mickey. Este é o retrato de um relacionamento abusivo.

Love-resenha(2)

“Love”, embora atinja seu objetivo enquanto série engraçada na medida sobre relacionamentos amorosos, nada mais faz do que romantizar estereótipos e práticas incoerentes com aquilo por que lutamos. É certo que todos possuem características que talvez precisem melhorar. É certo que existem mulheres com inúmeros problemas. Todavia, não é certo colocar homens e mulheres em patamares diferentes, endeusando um e reduzindo o outro. “Love” fala sobre problemas amorosos, sendo o maior deles o típico relacionamento abusivo, aquele que está ali nas pequenas atitudes autoritárias e inflexíveis de um ou de outro e que muitos preferem enxergar como “agora eles estão à altura de um de outro”. “Love” talvez não pretendesse falar sobre isto, mas seu enredo acabou por revelar o grande problema da romantização do relacionamento abusivo.

A série, disponível na rede Netflix, pela qual foi produzida, tem uma segunda temporada prevista para 2017. Ignorada a problematização aqui colocada, a série é leve e possui cenas engraçadas – como mencionei antes, as duas personagens femininas nos concedem boas risadas. Enquanto não se sabe o que virá em seus episódios futuros, vale o passatempo e a reflexão acerca do que já foi mostrado.


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Athena Bastos

Mestra em Teoria e História do Direito e redatora de conteúdo jurídico. Escritora de gaveta. Feminista. Sarcástica por natureza. Crítica por educação. Amante de livros, filmes, séries e tudo o que possa ser convertido em uma grande análise e reflexão.

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